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'Relatos do Mundo' era faroeste que faltava para Tom Hanks

Divulgação
Imagem: Divulgação

Osmar Portilho

De Splash, em São Paulo

19/02/2021 04h00

Já vimos Tom Hanks como criança, conversando com uma bola de vôlei, namorado de uma sereia, pilotando vários tipos de embarcações e em todas as fardas militares possíveis. E um faroeste?

E "Relatos do Mundo" era justamente o western que faltava nesta filmografia tão conhecida de Hollywood.

Relatos do Mundo

Lançamento: 2020 Duração: 118min Pais: Estados Unidos Status: Netflix Direção: Paul Greengrass Roteiro: Paul Greengrass e Luke Davies (baseado em romance de Paulette Jiles)
splash
3,8 /5
USUÁRIOS
4,8 /5
ENTENDA AS NOTAS DA REDAÇÃO

Fizemos uma análise geral de cenário, figurino, direção de arte e fotografia

A diversão é uma nota na qual propomos, que independente das notas técnicas, a produção vale ser vista

Pontos Positivos

  • Um faroeste OK!
  • Fotografia clássica que presta homenagem aos clássicos do western
  • Tom Hanks em grande interpretação (como sempre!)
  • Pitadas políticas, mas sem ser didático e chato

Pontos Negativos

  • Faltou um grande clímax ou um antagonista
  • A história é inofensiva

Veredito

Dificilmente "Relatos do Mundo" entrará nas listas de melhores faroestes da história, mas vale a diversão para fãs de um gênero tão esquecido. Tom Hanks prova mais uma vez sua capacidade de se adaptar aos papéis e assume absolutamente a figura de Captian Kidd. Embora não exista um grande antagonista ou um confronto de tirar o fôlego, o longa faz um recorte interessante e mostra que é possível contar antigas histórias do velho oeste com um olhar de 2021.

A história de um ex-soldado da Guerra Civil lidando com os conflitos internos dos Estados Unidos não é nova. A narrativa de um caubói determinado a ajudar alguém quando todos viram as costas também não.

Seria difícil mesmo que "Relatos do Mundo" trouxesse novidade para um gênero tão batido quanto o faroeste, mas, de certa forma, o filme de Paul Greengrass conseguiu soprar fôlego ao western.

No longa disponível na Netflix, acompanhamos Captain Kidd (Tom Hanks), um ex-combatente da Guerra Civil, e hoje um leitor de notícias que viaja de cidade em cidade lendo jornais para a população. Em um desses caminhos, ele cruza com uma menina perdida: Johanna. "Órfã duas vezes", ela teve os pais mortos e acabou criada por nativos norte-americanos.

Kidd já passou de seus cinquenta anos. Já não tem a mesma vitalidade que seu passado conta, mas embarca nesta missão de encontrar a família da garota. Para fãs do gênero, é inevitável ver um velho caubói nestes moldes e não se lembrar de William Munny, eternizado por Clint Eastwood em "Os Imperdoáveis" (1992).

De qualquer maneira, "Relatos do Mundo" tem o trunfo de mostrar um recorte da história sem grandes pretensões, sem sermões e sem palestras. O filme mostra como a situação do pós-guerra elevou as tensões entre americanos, negros, nativos e estrangeiros. Todas essa tensões pairam pelo filme, mas sem serem escancarados com grandes discursos ou frases de efeito. A lição, no fim do dia, fica só pela relação paternalista e empática —que também não é novidade no faroeste— entre Kidd e Johanna.