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Ossos de mais de 40 mil pessoas decoram igreja na República Tcheca

Marina Vergueiro

Do UOL, na República Tcheca

08/03/2013 08h15

A menos de 80 km de Praga e dos milhares de turistas que lotam as ruas da capital se encontra uma pequena cidade que abriga uma das atrações turísticas mais interessantes da República Tcheca, o Ossuário de Sedlec. Decorada com ossos de mais de 40 mil pessoas, a igreja foi construída no século 15 no meio do cemitério "De Todos os Santos", localizado num bairro afastado da cidade.

No entanto, a transformação desta simples capela gótica em um dos ossuários mais conhecidos do mundo aconteceu somente quatro séculos mais tarde, em 1870, quando a família da aristocracia tcheca Schwarzenberg contratou o entalhador Frantisek Rindt para ordenar os milhares de ossos depositados no subsolo da construção.

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“Eu pensei que me sentiria mal do estômago, mas não fiquei nem um pouco incomodada”, conta a arquiteta americana Kelly Greenfield. “[Os ossos] me deram uma maior compreensão do local e seu significado histórico, porque sem eles eu jamais saberia que essa região tinha sido tão afetada pela peste”.

Ela se refere à peste negra que assolou a Europa no século 14 e dizimou entre 50 e 75 milhões de pessoas, das quais cerca de 30 mil foram enterradas em Sedlec, já que gente de distintos lugares fazia questão de ter seus restos mortais levados a esse cemitério. A preferência pelo sepultamento em Sedlec existia desde o século 12, quando o bispo Henry Cistercian derramou sobre o local um pote de terra trazida de Jerusalém.

Pessoas de todo o centro e leste europeu traziam seus familiares para serem enterrados ali e, com a chegada da peste, a demanda foi tão grande que simplesmente não existia lugar para tantos corpos e o subsolo da igreja foi utilizado como um depósito de restos mortais em valas comuns.

De Praga a Kutná Hora

Segundo o Secretário de Turismo do país Luiz Fernando Destro, "a República Tcheca recebe anualmente cerca de sete milhões de turistas”. A capital do país é o destino de 96% desses viajantes, que literalmente abarrotam as ruas da cidade. Os brasileiros não fogem a essa regra e, em 2010, cerca de 38 mil visitaram o país e 97% deles teve como único destino a capital.

Portanto, a viagem de um dia a Kutná Hora pode ser um verdadeiro alívio após concorrer com milhares de pessoas o melhor ângulo para fotografar os belíssimos e imprescindíveis pontos turísticos de Praga, como o Relógio Astronômico,o imenso castelo, o Museu de Franz Kafka e a especialmente superpopulosa Ponte de Carlos.

A maneira mais simples e fácil de se chegar à pequena cidade que abriga o mais conhecido Ossário do mundo é uma rápida viagem de pouco mais de duas horas em trem. Com uma população que não chega a 25 mil habitantes, é possível conhecer os principais pontos turísticos da cidade apenas caminhando, claro, sempre munido de um mapa, já que a maioria das pessoas não fala inglês como na capital tcheca.

Fundada em 1142, Kutna Hora é considerada Patrimônio Mundial pela Unesco devido às construções góticas que marcaram o apogeu da cidade atingido com a mineração na idade média. A igreja de Santa Bárbara, de 1380, foi projetada por Peter Parler, o mesmo arquiteto responsável pela catedral St. Vitus, em Praga.

O Museu de Tortura e as minas de prata também são dois outros passeios que a cidade oferece aos turistas.

Serviço

Para chegar até Kutna Hora, deve-se pegar um trem nas estações Hlavní nádrazí ou Masarykovo nádrazí em Praga e descer em Kutná Hora Mesto. Os trens costumam sair de hora em hora, mas é melhor ir pela manhã. Não se esqueça de checar qual é o horário do último trem de volta a Praga.

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