Mar revolto

Os reflexos da pandemia nas viagens marítimas e o futuro dos cruzeiros na visão do empresário Ricardo Amaral

Adriana Setti Colaboração para Nossa Divulgação

Em 14 de março, três dias após a Organização Mundial de Saúde decretar a pandemia de coronavírus, o CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças) dos Estados Unidos emitiu uma ordem suspendendo todas as operações de cruzeiros no país, devido ao "elevado risco de propagação de doenças infecciosas de pessoa para pessoa" em embarcações desse tipo.

As companhias paralisaram sua atividade global, congelando um mercado que faz girar US$ 45 bilhões ao ano, levando a bordo 20 milhões de passageiros. No Brasil, 460 mil pessoas embarcaram em itinerários nacionais na temporada 2018/2019, movimentando R$ 2 bilhões.

Para singrar o novo normal no gradual processo de reabertura, a indústria não só está revendo os protocolos de segurança sanitária em toda a sua operação (do check-in às excursões em terra), como terá que reconquistar a confiança do viajante, que guarda na memória a imagem de navios em quarentena, com centenas de passageiros contagiados a bordo — como o Diamond Princess, que atracou na costa do Japão em fevereiro com mais de 700 passageiros e tripulantes infectados.

Segundo um levantamento feito pelo jornal Miami Herald, 3346 casos de coronavírus foram vinculados a cruzeiros, causando 96 mortes e envolvendo 72 navios (28% da frota mundial). Como reverter essa imagem na retomada das temporadas pós-pandemia? O futuro dos cruzeiros é o tema desta entrevista especial com Ricardo Amaral, um dos principal especialistas do setor no Brasil.

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NOVOS PROTOCOLOS

Ricardo Amaral soma mais de 25 anos na indústria dos grandes transatlânticos, 17 deles como executivo da Royal Caribbean, companhia da qual chegou a ser vice-presidente regional para América Latina e Caribe e que, atualmente, representa com exclusividade no Brasil, à frente da R11 Travel.

Entre 2009 e 2016, o empresário foi presidente e membro do conselho da Clia Brasil (Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos), participando ativamente da estruturação da temporada brasileira de cruzeiros.

O futuro dos cruzeiros está ameaçado pela pandemia?
Não tenho dúvida de que os cruzeiros vão continuar. Só que serão diferentes, assim como aconteceu com as viagens de avião depois dos atentados de 11 de setembro. Naquela época, muita gente ficou com medo de voar, pelo risco de sequestro. Daí os protocolos mudaram para prover mais segurança. A indústria vai se preparar para lidar com a contaminação potencial que pode acontecer com o coronavírus.

O que está sendo feito para que seja seguro viajar de navio?
Todas as operações de cruzeiros do mundo cessaram até que as empresas conseguissem entender qual protocolo a ser seguido para garantir a segurança dos hóspedes e da tripulação. No caso do grupo Royal Caribbean Cruise Lines, que inclui as companhias Royal Caribbean, Celebrity Cruises, Azamara Club Cruises e Silversea, foi montado um painel de experts para estabelecer como a operação podia ser melhorada em cada uma das "horas da verdade", que são quando acontecem as interações entre pessoas.

Isso inclui o momento da reserva, o embarque, a chegada na cabine e assim por diante. Esse grupo de trabalho, liderado por um ex-secretário de Saúde dos Estados Unidos e formado por médicos, infectologistas e sanitaristas vinculados ao CDC, além de especialistas em cruzeiros, detalharam um novo protocolo a ser seguido.

E quanto à indústria dos cruzeiros como um todo?
Nenhuma companhia está interessada em competir para ver qual é a mais segura. Em termos de saúde e segurança, todas precisam seguir o mesmo padrão. O Adam Goldstein, presidente da CLIA (Associação Internacional de Linhas de Cruzeiros), que é uma das pessoas mais sérias e responsáveis que eu conheço, está extremamente envolvido em unificar a os padrões da indústria, o que é algo bem complexo.

Um hotel, por exemplo, tem que cumprir a lei do país no qual está. Já as companhias de cruzeiros, que viajam pelo mundo inteiro, precisam elevar os padrões ao máximo de exigência possível. Dentro desse cenário, ainda teremos que ver quais destinos estarão prontos para receber turistas e quais vão querer recebê-los.

A questão da pandemia tem um viés político gigantesco. Muita gente está fazendo um discurso político que não está necessariamente alinhado à questão científica e técnica, onde, diga-se de passagem, também não há consenso. Então teremos países que, com prejuízo de sua economia e do desenvolvimento do turismo local, vão segurar os navios por desconhecimento. Por isso, a missão da CLIA é apresentar um protocolo muito claro para dizer: "olha, estou levando 5 mil turistas saudáveis para visitar o seu país".

E o caminho inverso? Como as companhias vão escolher destinos seguros?
A indústria dos cruzeiros já está habituada a mudar seus itinerários conforme as questões de segurança. Quando a Tunísia sofreu um atentado, por exemplo, foi retirada das rotas. Com a Turquia, foi a mesma coisa. A partir de agora, essas alterações serão feitas do ponto de vista da saúde. É uma via de mão dupla. Tanto o destino só vai deixar a companhia que for segura aportar, como a companhia só vai para um lugar que seja seguro.

Este é um dos ângulos fundamentais, porque não adianta nada levar um navio saudável e com protocolo para visitar um local que não siga o mesmo padrão, ou a um país no qual haja um descontrole da pandemia. Há vários destinos no Caribe que não têm mais casos de covid-19 e isso é muito promissor. Uma vez lá, as excursões do próprio navio serão as opções mais seguras, porque é onde haverá um maior controle dos protocolos, já que são operadas por provedores selecionados e aprovados pela companhia, extremamente cobrados com relação à segurança.

As companhias tiveram um baque financeiro muito grande este ano, mas captaram recursos para atravessar este "inverno" e retomar no ano que vem, fazendo ajustes. O desejo de viajar não terminou, está apenas reprimido. Na primeira chance, todo mundo vai voltar a viajar.

Ricardo Amaral

ESTIGMA NA PANDEMIA

Uma reportagem do jornal britânico Financial Times, publicada em junho, diz que as reservas de cruzeiros para 2021 estão praticamente nos mesmos níveis de anos anteriores. Isso também está acontecendo no Brasil?
Sim. Em 2021 teremos um fenômeno interessante, porque todo mundo que comprou em 2020 e não pôde viajar ficou com crédito para o ano que vem. O que tenho visto é tanto gente que já está fazendo reserva para utilização desse crédito, como gente que não vai poder viajar este ano e está comprando para o ano que vem.

Ao mesmo tempo, haverá menos navios disponíveis, porque as companhias devem reduzir as suas capacidades em torno de 10%. Então, a minha expectativa é que a demanda para cruzeiros seja muito alta. Algumas pessoas acreditam piamente que o navio deve ser a modalidade de viagem mais segura porque, a partir do momento que você embarca, a companhia cuida de você em todos os aspectos.

Durante a pandemia, vimos casos de hotéis que fecharam e deixaram pessoas que não tinham como voltar para casa na rua. As companhias de cruzeiros nunca fizeram isso. Pelo contrário. Muitas mantiveram as pessoas dentro do navio por mais tempo até que houvesse um porto de desembarque permitido.

Também precisaram lidar com a repatriação da tripulação, um problema sério, porque muitos países não aceitavam seus próprios cidadãos. Foi tudo muito difícil, mas as empresas conseguiram se sair bem da situação e demonstraram uma postura correta.

Por que os portos baniram os cruzeiros antes que as fronteiras aéreas entre os países fossem fechadas?
Se você for parar para pensar, em um cruzeiro que parte de Barcelona, haverá brasileiros, americanos, italianos e turistas de vários países que vão até a Espanha de avião para fazer o cruzeiro e voltar. Não existe diferença, do ponto de vista do risco de contágio, entre quem chega de navio e quem chega de avião.

Se um aeroporto estiver aberto para voos, seja de negócios ou de turismo, não há motivo para que o porto não esteja aberto, até porque o período de permanência do turista de navio é, no máximo, um ou dois dias. A missão dos cruzeiros agora é combater esse desconhecimento.

No início da pandemia, muita gente acompanhou o caso de uma embarcação [Diamond Princess] que ficou parada no Japão, onde os passageiros foram impedidos de desembarcar pelas autoridades do país. Muita gente se contaminou nesse navio e ele apareceu nos meios de comunicação do mundo inteiro por vários dias. Essa repercussão foi muito negativa. Principalmente quem nunca fez um cruzeiro pode ter sido levado a acreditar que o risco de contaminação no navio é maior do que em um hotel ou no supermercado. Mas isso não é verdade.

Justamente pela grande interação e convívio social que acontecem nos cruzeiros, eles já tinham protocolos de saúde e segurança mais elevados do que qualquer outro empreendimento turístico. Mesmo antes do coronavírus, havia pias nas entradas dos bufês para lavagem de mãos e álcool gel na porta dos restaurantes. Todo o processo de higienização e limpeza também já era muito mais intenso do que em hotéis, com cabines arrumadas duas ou três vezes ao dia.

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Então, como tantas pessoas pegaram coronavírus nos navios?

Dentro de um navio não há uma maior chance de contaminação, mas, sim, uma grande possibilidade de identificar o contágio, já que, em geral, você passa sete dias lá. Se você é infectado nos primeiros dias, pode ter os sintomas antes do fim da viagem. Quando você vai comer em um restaurante, seja em São Paulo ou em Paris, e pega uma gripe ou o que quer que seja, não pode afirmar de forma determinante que pegou lá. Já no navio, a chance de fazer isso é maior.

Esse tipo de situação aconteceu anteriormente com o norovírus que, durante muito tempo, foi um estigma dos cruzeiros. A pessoa ia a bordo, tinha problemas gastrointestinais e achava que a comida estava estragada. Só que, na verdade, a "culpa" era de um vírus bem comum no verão, na região do Rio de Janeiro e do litoral paulista, onde acontecem os embarques. O navio, portanto, coexistia com esse problema e já tinha uma preocupação muito grande com segurança.

Todos os navios têm, obrigatoriamente, um médico e um enfermeiro a bordo e serviço de atendimento 24 horas.

Esses profissionais têm que reportar qualquer tipo de doença, através de um formulário que é entregue às autoridades de saúde pública do país em questão — no caso do Brasil, a Anvisa. Se há um crescimento da curva de contágio, contamos com protocolos mundiais para pará-la.

PRÓXIMO DESTINO: O PRÓPRIO NAVIO

Como são os primeiros cruzeiros depois da pandemia?
Numa etapa inicial, as companhias vão começar a fazer cruzeiros só de navegação, controlando todo mundo que está entrando para garantir que não haja contaminação. Essas pessoas vão navegar, jantar, se divertir, viajar e voltar. A tripulação também tem uma situação interessante para esse momento, porque vive no navio, ao contrário dos funcionários de um hotel, que vão e vêm do trabalho de transporte público todos os dias.

Os navios serão promovidos como destinos turísticos em si?
Muita gente já consome o navio como um destino turístico hoje em dia. Uma boa parte dos viajantes não desce nas paradas. É justamente por isso que a Royal Caribbean vem investindo pesado em destinos privativos. Só CocoCay, nas Bahamas, custou 250 milhões de dólares. É uma ilha privada, com a maior piscina de água natural do Caribe, o balão que voa mais alto na região, bangalôs com mordomos e assim por diante.

No primeiro ano, foi avaliada pelos hóspedes como o melhor destino do mundo nas rotas da companhia. Já tínhamos lançado viagens só para CocoCay e, com certeza, será um destino mais explorado a partir de agora. A empresa também terá seus próprios beach clubs no Caribe e pretende fazer um destino privativo em Vanuatu, no Pacífico Sul.

Boa parte de uma viagem de cruzeiro acontece em espaços fechados. O coronavírus deve transformar a arquitetura dos navios daqui para frente, no sentido de priorizar espaços abertos?
Com certeza. Mas isso é uma coisa que já vem acontecendo nos últimos 10 anos, devido à demanda dos consumidores por espaços abertos. A série Oasis of The Seas, da Royal Caribbean, formada pelos maiores navios do mundo, foi construída com um conceito de "bairros" e tem um "Central Park" no meio, que é uma área aberta, com plantas, lojas e restaurantes.

Esses navios também têm um calçadão com teatro aquático e anfiteatro ao ar livre. A evolução da construção dos grandes transatlânticos também vem acontecendo na direção de conceber espaços alternativos.

Antigamente, tínhamos um mega teatro por navio. Eles continuam existindo, mas também há vários outros espaços menores, que vão de ringue para shows de patinação a jazz club. Na Celebrity Cruises, por exemplo, há uma área exclusiva para as suítes, com bar, jacuzzi e piscina só para os hóspedes desse setor.

Algumas pessoas que desconhecem o universo dos cruzeiros tendem a achar que os navios menores poderão voltar antes a navegar, pela quantidade reduzida de gente que carregam. Mas a proporção de espaço por pessoa nos maiores navios do mundo também é maior, o que faz com que, pelo fluxo de pessoas, você não tenha a sensação de estar em um barco tão enorme.

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Os navios gigantes alimentam o overturismo?

Ao mesmo tempo em que a Royal Caribbean se empenha em ter sempre o maior do mundo, nos últimos anos, cidades como Veneza, Barcelona e Dubrovnik estabeleceram políticas que visam barrar o turismo de massa. Agora, entra em cena a necessidade do distanciamento social. Com tudo isso, a empresa deve rever essa aposta?
O conceito do maior não está relacionado simplesmente com o tamanho. Para ter o melhor dentro, é preciso ter uma escala que comporte isso.

Mas eles também comportam mais gente...
Sim. Não dá pra ter teatro aquático, ringue de patinação no gelo e duas piscinas de onda dentro de um navio se ele não comportar muita gente. Você pode até viajar em um barco só para 100 pessoas e defini-lo como de luxo. Mas ele certamente não terá um monte de atrações que cabem em um navio maior.

A questão do overtourism não está diretamente ligada ao cruzeiro marítimo. O cruzeiro marítimo apenas evidencia isso. O maior navio do mundo é incrível, mas também assusta, é intimidador.

Certos destinos do Caribe, como Grand Cayman, ficam literalmente vazios quando não há navios. A vida da ilha some. Em Saint Martin ou San Juan, em Porto Rico, a chegada do navio dá uma injeção de vida, energia e dinheiro. Já em Veneza, quando você vê a Piazza San Marco tão lotada que não cabem nem os pombos, isso machuca.

Mas, se você tirar o navio da equação, diminui o número de turistas? Não necessariamente. Se vai proibir o navio, por que não proibir o avião? É, igualmente, gente chegando e saindo o tempo todo. O que falta é uma compreensão do tipo de turista que se quer em cada lugar.

Fernando de Noronha, por exemplo, impôs uma restrição por razões de preservação. E tudo bem. O que me preocupa é quando, por trás disso, há uma motivação política e infundada. Se você tirar o turismo de Veneza, causará um problema significativo na economia local. A ausência do navio ainda priva as pessoas de conhecerem esse lugar na forma que eu chamo de degustação, passando o dia lá, fazendo excursões, consumindo produtos locais.

O navio é um hotel que vem e vai sem precisar usar a capacidade de saneamento e esgoto. Para trazer a mesma quantidade de público a uma cidade construindo a infraestrutura, a chance de destruição numa escala muito maior é considerável. Para controlar o overtourism, basta estabelecer quantas pessoas podem entrar naquela cidade e dividir quotas entre ônibus, carro ou navio.

OS DESAFIOS DO BRASIL

Como a tecnologia vai ajudar a definir o futuro dos cruzeiros?
Sem dúvida, os navios mais novos e mais modernos têm muito mais recursos para prover o distanciamento social. Mesmo antes da pandemia, a Royal Caribbean já fazia o controle de embarque com reconhecimento facial e trabalhava com o conceito "da calçada à cabine" em 15 minutos, com um mínimo de contato.

As grandes companhias de cruzeiros lançam navios quase anualmente. Como isso está sendo afetado pela crise do coronavírus? Qual a perspectiva de novos lançamentos a curto prazo?
Os dois navios do grupo Royal Caribbean previstos para inaugurar este ano só começarão a navegar comercialmente em 2021. É um efeito cascata, já que os estaleiros do mundo inteiro também paralisaram a produção por alguns meses devido à pandemia. Todas as entregas vão ser reprogramadas mas, pelo menos a Royal Caribbean, deve continuar a investir em novos navios.

Anos atrás, o Brasil viveu um boom de cruzeiros nacionais. Mas, com o tempo, a temporada brasileira foi minguando e grandes companhias reduziram ou cancelaram sua presença por aqui, como é o caso da Royal Caribbean. Por que isso aconteceu? O que Brasil precisaria fazer para retomar o crescimento do setor?
As companhias querem explorar novos destinos e incluir em seus itinerários lugares com apelo global. Parar no Rio de Janeiro, por exemplo, é algo incrível. Só que o destino tem que querer esse fluxo. Existe uma briga mundial por atrair os navios de cruzeiro e mantê-los durante o ano inteiro, devido ao impacto de bilhões que geram, com reflexos na cadeia de abastecimento, nos voos, na hotelaria e nas excursões. Então muitos países investem nisso.

A China investiu muito em terminais de cruzeiros para o público chinês e internacional, assim como Hong Kong, Cingapura e Japão. No Brasil, tivemos um grande desenvolvimento do mercado de cruzeiros, mas depois a concorrência mundial falou mais alto. Alguns fatores alijam a nossa competitividade.

Não estou falando da beleza natural e da receptividade, que são indiscutíveis, mas da burocracia, dos custos e das questões tributária e trabalhista, que precisariam ser alinhadas com destinos globais. Também necessitaríamos um desenvolvimento muito grande em infraestrutura.

Investimentos aconteceram anos atrás mas, na área portuária, alguns foram muito errados, como no caso do porto [Terminal Marítimo de Natal] aonde nenhum navio conseguiu chegar porque a altura de uma ponte impedia o acesso. O Brasil deve voltar a ser um grande destino, porque tem essa vocação. Mas, enquanto isso, vamos perdendo turistas para outros países.

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