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'O cafona de ontem pode ser o indispensável de amanhã', diz Luanda Vieira

Imagem: Arquivo pessoal

Juliana Vaz

Colaboração para Nossa

24/04/2023 04h00

Luanda Vieira

QUEM É

Jornalista, criadora de conteúdo e consultora de diversidade. Foi editora das revistas Glamour e Vogue e fez parte da 1ª turma do Comitê Global de Diversidade e Inclusão da Condé Nast, ao lado de 19 pessoas ao redor do mundo.

Para você moda e estilo são construções pessoais. Como foi a sua?

Eu sempre olhei muito para as ruas de Nova York, provavelmente porque lá sempre existiu uma cena muito forte de comunidade negra e moda de rua. Me sentia representada sem nem saber o que isso significava. Sempre vi a moda como comportamento e, principalmente, uma forma de me expressar.

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Nunca me enquadrei nesse padrão feminino de roupas justas, decotadas e por aí vai. E desde que entendi que estava tudo bem não gostar do padrão, com uns 18 anos, passei a conhecer marcas e pessoas que também fugiam daquilo.

Hoje consigo ver que o meu primeiro propósito na moda era mostrar que dava para continuar sendo feminina apostando em peças oversized.

Imagem: Arquivo pessoal

Depois fui aprendendo a treinar o meu olhar nas passarelas. Nem sempre vou querer usar exatamente a roupa que está ali, mas fui me acostumando a adaptar ao meu estilo. Essa minha construção vem dos livros e revistas que me guiam até hoje, lugares que passei a frequentar, pessoas que conheci e muita observação na moda de rua.

Você sempre gostou de moda e quis trabalhar nessa área?
Sempre! Mas sempre soube que gostaria de ser jornalista, então uni o útil ao agradável. O gosto pela moda surgiu dentro de casa, com a minha mãe. Ela sempre gostou de usar tudo combinando, camisa com o sapato e brinco; e fazia isso comigo também.

Aos poucos, fui me vendo interessada em fazer as minhas próprias combinações e pesquisar sobre o assunto.

Imagem: Arquivo pessoal

Sempre fui muito apaixonada por revistas femininas e colecionava todas que existiam no mercado nos anos 90/00, tanto para entender a escrita de cada uma delas, como para ver os editoriais e sugestões de tendências.

Então passei a ir em exposições, sempre que existiam (nunca me esqueço quando a do Karl Lagerfeld veio ao Brasil) e também a frequentar feiras de antiguidades para garimpar brincos. Fui entendendo um estilo dos anos 50, 60 e 70 que me interessam muito quando o assunto é o acessório.

Como você definiria o estilo da Luanda de 7 anos atrás com a de hoje? O que mudou?
Acho que o que mudou foi o autoconhecimento. Com 27 anos eu ainda achava que precisava, de alguma forma, seguir um padrão e não tinha segurança para "bancar" o tipo de roupa que eu realmente gostava de usar; aos 34 não faço mais isso.

Tenho um estilo muito bem definido com algumas marcas registradas, como bolsa pendurada no pescoço como colar, conjuntos largos, macacão, tênis, brincos exuberantes e sapatos estruturados.

Imagem: Arquivo pessoal

E isso fica cada dia mais claro quando recebo de algum seguidor indicação de alguma marca que, quando vou ver, é realmente a minha cara.

Há 7 anos eu tinha esse mesmo estilo, mas acredito que definiria ele como recatado; hoje defino como livre.

Tem alguma peça ou acessório que você adorava e agora não usa mais?
Cinto. Nos anos 2000 eu amava aqueles cintos grossos, hoje não tenho nenhum no armário. Quer dizer, tenho um que uso de colar. É engraçado, mas nunca consegui me adaptar aos cintos. Quem sabe agora que prestei atenção nisso, dou um jeito.

Imagem: André Ligeiro

Com qual marca nacional mais se identifica e por quê?
Martins, com certeza. Eu conheci há uns quatro anos e quando vi as roupas eu me senti acolhida. A sensação foi muito boa porque eu nunca tinha visto, até então, uma marca que fazia peças oversized com a pegada streetwear exatamente como eu gosto.

As roupas dele também viraram minha marca registrada. Todo desfile alguém vem no final e diz "é tudo a sua cara". Além disso, também me sinto alinhada com o propósito da marca de vestir todes. Foi o meu maior encontro na moda.

Imagem: Arquivo pessoal

Quais trends que acompanhou nos últimos desfiles e você seguiria?
Por incrível que pareça não tenho visto muitas novidades nas últimas temporadas. Nos últimos cinco anos as grifes têm feito uma releitura do que é visto nas ruas.

E o street style nas semanas de moda sempre foi o que mais me interessou, então levar isso para a passarela não é uma novidade para mim.

Mas algo que gosto muito e já aderi é o uso de duas bolsas, tanto do mesmo tamanho como de tamanhos diferentes. Acredito que a sobreposição, seja ela qual for, sempre traz uma informação de moda legal para o visual.

Imagem: Arquivo pessoal

Qual tendência você viu em passarelas que acabou incluindo no seu estilo?
Usar vestido com calça. Foi uma tendência que voltou muito forte em 2017 e desde então nunca mais parei de usar.

O que não entra de jeito nenhum no seu armário? Tem algo que você cafona e não usaria?
Eu nunca defino nada como cafona, mas isso fui aprendendo com o tempo, porque entendi que a gente muda e os nossos gostos também.

Então o dito cafona de ontem pode ser o indispensável de amanhã

Mas uma coisa que não entra no meu armário, e que está definido desde os meus 18 anos, é salto fino. Na verdade, saltos em geral. Em ocasiões que exigem trajes específicos, me garanto com sapatos mais estruturados, como o mocassim.

Imagem: Arquivo pessoal

Você tem um ícone na moda?
Eu gosto muito da Rihanna, mas a minha inspiração também vem muito do que vejo na rua, tanto no meu dia a dia, quanto quando viajo. Amo misturar referências e transformar no meu estilo.

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