Movimento incentiva produção de máscaras de pano: elas funcionam?
Gustavo Frank
De Nossa
24/03/2020 04h00
O movimento EcoEra deu início a uma campanha para a produção de máscaras feitas a partir de tecidos, a fim de reaproveitar a sobra e os estoques antigos desses materiais e como uma medida para evitar o contágio do coronavírus.
"A ideia é criarmos uma rede de empresas, profissionais e pequenos empreendedores que possam colaborar entre si na produção de máscaras de tecido. Sabemos que as empresas de moda possuem uma quantidade enorme de sobras e os estoques antigos muitas vezes ocupam espaços desnecessários", declaram os responsáveis pela iniciativa.
Com a pandemia, o Ministério da Saúde orientou a população a utilizar o pano, em vez do acessório descartável, para evitar que farmácias e outros estabelecimentos de comércio hospitalar fiquem sem estoque para vender a quem, de fato, estiver doente e obrigatoriamente precise utilizá-las.
Dessa forma, as pessoas que estiverem com sintomas iniciais, sem a confirmação da doença, podem confeccionar suas próprias máscaras para evitar o possível contágio. Vale lembrar que, ainda assim, é necessário lavar frequentemente as mãos com água e sabão ou higienização com álcool em gel.
Máscaras de tecido são efetivas?
De acordo com o virologista Eduardo Flores da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), o tecido diminui as chances do vírus se espalhar quando há tosse ou espirro.
"Provavelmente, o vírus fica retido na máscara feita com esse material", aponta o cientista em entrevista ao Nossa, detalhando ainda outros cuidados. "É importante também que o acessório seja colocado dentro de casa, antes de sair, e não seja manuseado ao longo do dia, só na hora que voltar para a residência, colocando diretamente para lavar com água e sabão. Depois disso, lavar as mãos imediatamente, com os mesmos produtos, após retirá-la".
Vale ressaltar ainda que as máscaras de tecido não substituem as hospitalares nos casos de pacientes com casos de Covid-19, que são comprovadamente efetivas para evitar o contágio de outras pessoas. Elas não são recomendadas para quem estiver com coronavírus, apenas sintomas iniciais de gripe comum.
Além disso, é importante ter em mente que ambas não têm ação preventiva contra a doença. Na verdade, o uso delas apenas evita que o paciente espalhe o vírus. Ou seja, usar a máscara evita contagiar outras pessoas e a lavagem frequente das mãos previne a própria contaminação, já que "as levamos até o rosto aproximadamente 30 vezes ao longo do dia", como alerta o virologista Eduardo Flores.
Qual tecido devo usar?
A recomendação é utilizar o tecido tricoline para a confecção dessas máscaras, por ser mais leve e não prejudicar a respiração durante o uso.
Aos adeptos, é importante que seja usada duas camadas do pano para aumentar a proteção e evitar que o vírus seja espalhado por meio da tosse ou espirro.
O comprimento de corte do tecido deve ser grande o suficiente para tampar o nariz e a boca e ter espaço lateral reservado para a fixação do elástico para prender no rosto, medindo sempre a ponto de não sufocar as vias respiratórias, mas também não tão largo com a possibilidade do vírus ser espalhado por meio do espaço aberto.
Como fazer?
De acordo com a EcoEra, para fazer a própria máscara são necessários três materiais: tecido, linha de costura ou cola específica para o material e elásticos. Veja o passo a passo:
- Pegue um pedaço de tecido.
- Faça um molde em papel de forma que o tamanho da máscara cubra a boca e nariz.
- Faça a máscara usando duplo tecido.
- Prenda ou costure na extremidade da máscara elástico ou amarras.