Após gravidez, ginasta vira técnica no melhor momento da modalidade no país

Em março, Gabrielle Moraes estava treinando forte para a primeira etapa da Copa do Mundo de ginástica rítmica até que descobriu que estava grávida. Aos 26 anos, Gabi esperava encerrar sua carreira após competir nas Olimpíadas de Paris, mas precisou adiantar. Agora, ela faz parte da comissão técnica da equipe que vive o melhor momento da história.

A ginástica rítmica está na vida de Gabi desde os 6 anos. Ela sabia que quando estivesse próximo dos 30, a carreira chegaria ao fim. Após realizar sonhos conquistando campeonatos e participando das Olimpíadas, ela se dedica ao desejo que sempre teve: ser mamãe.

"Eu estava treinando muito bem, com muita maturidade. Era a mais velha da equipe no terceiro ciclo de seleção brasileira. Ao mesmo tempo, eu sabia que já era o meu finalzinho, porque não daria para levar muito mais além", explicou Gabrielle ao UOL.

Gabrielle Moraes com as amigas da seleção brasileira de ginastica rítmica
Gabrielle Moraes com as amigas da seleção brasileira de ginastica rítmica Imagem: Arquivo Pessoal

"É uma bênção na minha vida. É uma vida nova, é um sonho que eu realizei. Então, eu jamais ficaria triste por ter descoberto uma gravidez e ter que parar de treinar", acrescentou.

Assim que descobriu que esperava por um bebê, o principal pensamento de Gabi foi com a equipe. Segundo ela, o conjunto estava afinado e, às vezes, quando uma ginasta sai, tudo pode desandar.

"Quando eu descobri a gravidez, eu nem pensei nos meus sonhos. A primeira coisa que veio à cabeça foi que eu poderia, de alguma forma, prejudicar a minha equipe. Faltava só uma semana pra gente começar um ano super importante, que antecede as Olimpíadas. Sabia que precisaria sair do conjunto. Mas acabou dando tudo certo", destacou Gabi.

Gabrielle ao lado da técnica Camila Ferezin (d) e a assistente técnica Bruna Martins (e)
Gabrielle ao lado da técnica Camila Ferezin (d) e a assistente técnica Bruna Martins (e) Imagem: Arquivo Pessoal

Agora, mamãe Gabi é técnica

Gabi é "cria" da técnica Camila Ferenzini. Elas se conheceram há 20 anos em um projeto social da Unopar (Universidade Norte do Paraná), em Londrina. Foi Camila que a chamou para fazer o primeiro teste na seleção brasileira em 2013. A emoção das duas com a notícia da gravidez foi enorme.

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Quando processaram a notícia, Camila e a Confederação Brasileira de Ginástica (CBG) acolheram Gabrielle instantaneamente, oferecendo as opções de seguir como atleta após a gestação ou começar uma nova carreira na comissão técnica da equipe.

"Depois de pensar bastante, eu cheguei a conclusão que era minha hora. Senti que era um sinal de Deus finalizar por aqui mesmo. Ainda mais recebendo uma oportunidade tão maravilhosa como essa. De fazer essa transição de carreira e já sentar ao lado e aprender com a quarta melhor treinadora do mundo. Em que outro momento eu teria essa oportunidade? Aceitei e estou aqui observando muito tudo que a Camila faz", destacou Gabi.

Com a Manu no ventre, Camila acompanhou, do outro lado do tapete, a campanha histórica do Brasil. O último grande desempenho foi no Mundial, realizado no mês passado: o conjunto se classificou para as Olimpíadas de Paris e, na final dos cinco arcos, as meninas ficaram com o quarto lugar e, por pouco, não levaram o bronze.

"É o melhor momento da ginástica rítmica, com certeza. É muito legal ver que a gente atingiu esse patamar. Antes, na época que eu entrei na seleção, a gente ia para participar. Se a gente alcançasse uma final, seria uma festa gigantesca", comentou Gabi.

"Hoje, o objetivo não é alcançar uma final, mas sim uma medalha de ouro, um pódio. Acompanhar isso é muito gratificante, porque a gente vê que é o resultado desse trabalho que a Camila vem fazendo com a seleção desde que ela entrou em 2011", concluiu.

Gabrielle Moraes com as amigas da seleção brasileira de ginástica rítmica
Gabrielle Moraes com as amigas da seleção brasileira de ginástica rítmica Imagem: Arquivo Pessoal

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