Lutador é condenado duas vezes à morte após protesto contra governo do Irã
Do UOL, em São Paulo
01/09/2020 11h19Atualizada em 01/09/2020 13h10
O campeão iraniano de luta livre Navid Afkari foi condenado à morte duas vezes por protestar contra o governo do seu país. Segundo o Tribunal Revolucionário do Irã, o atleta é cometeu moharebeh - travar guerra contra Deus -, crime passível de morte no país.
Além da acusação de protestar, ele e o irmão Vahid são acusados de matar um homem que a polícia apontou como um agente à paisana. Por essa acusação, o atleta pode ser punido pela lei qisas - que também tem pena de morte. Já seu irmão pode pegar até 25 anos de prisão como cúmplice.
Os dois confessaram à polícia iraniana que foram responsáveis pelo assassinato, mas negaram no tribunal. Segundo os irmãos, eles foram violentamente agredidos pelos policiais e deram a falsa declaração sob tortura.
Mesmo assim, as sentenças foram mantidas pelo tribunal e, como seu pedido de novo julgamento foi negado, Afkari corre sério risco de ser morto antes que a história seja devidamente esclarecida.
Acusações contra ele
De acordo com a organização Iran Human Rights, o processo contra o lutador aponta as seguintes acusações:
- Corrupção no país pela formação de um grupo - de quatro pessoas - que se opõe ao sistema e o dirige com a intenção de perturbar a segurança nacional;
- Atividades de propaganda contra a República Islâmica do Irã;
- Conspiração e reunião para cometer um crime contra indivíduos e propriedade privada e fazendo preparativos iniciais e conluiados para cometer um crime contra a segurança nacional;
- Seduzir e incitar as pessoas à guerra e matar uns aos outros com a intenção de perturbar a segurança nacional; e
- Insultar o líder iraniano.
Contra Vahid pesam as mesmas acusações, mas sem a sentença de morte.
Mobilização nas redes
Nas redes sociais, muitas pessoas, inclusive iranianos, estão fazendo campanha para tentar evitar a execução de Afkari.
O filho do ex-líder iraniano Mohammad Reza Pahlavi, que recebeu o nome do pai, chamou o regime iraniano de criminoso e pediu uma resposta da comunidade internacional:
A atriz Nazanin Boniadi também pediu justiça pelo lutador:
Um coletivo feminista iraniano também saiu em defesa de Afkari: