A tendência no mercado de esporte é a pulverização de distribuição de conteúdo em diversas plataformas. No Brasil, a Liga Nacional de Basquete (LNB) foi pioneira neste movimento, rompendo com o Grupo Globo para a temporada 2018/2019. Quatro anos depois, a minha sensação é de que o movimento não foi bom para o basquete. E aí entra uma comparação óbvia com o vôlei, que foi no caminho contrário. Se entregou de corpo e alma para o Grupo Globo, mesmo perdendo a transmissão das finais da Superliga na TV aberta, o que foi parcialmente recuperado nesta temporada. Basta ver a repercussão: se fala muito, muito mais dos playoffs da Superliga do que da fase de mata-mata do NBB. O NBB nasceu em 2008, com forte apoio da Globo, que defendia um campeonato brasileiro de basquete atrativo e confiável. O torneio foi promovido pela emissora por uma década, até decidir voar sozinho. A pulverização parecia uma boa saída. Na temporada 2018/2019, o torneio teve jogos na Band, na ESPN, no BandSports e na Fox Sports. E ainda partidas exclusivas no Twitter e no Facebook. Um portfólio e tanto, depois reforçado pelo DAZN, que comprou os jogos que não tinham transmissão. Mas Fox e ESPN viraram uma coisa só, o DAZN praticamente encerrou sua operação no Brasil e a Band pulou fora em meio à pandemia. O NBB acabou escondido. Na atual temporada, vários jogos simplesmente não tiveram transmissão em vídeo, enquanto outros só foram vistos em canais locais como Rede Família e Rede Ita. As páginas de Corinthians e Flamengo até passaram algumas partidas dos clubes, nem todas. Agora que o campeonato começou a pegar fogo, nas quartas de final, todos os jogos têm transmissão na Cultura (um por semana, aos sábados), na ESPN e, principalmente, no Youtube, na página do próprio NBB. Na TV aberta, o jogão entre São Paulo e Franca, há duas semanas, deu 0,3 pontos de audiência em São Paulo. São Paulo x Bauru, pelo jogo 1 da série de quartas de final, teve 28 mil visualizações no Youtube. Particularmente, gosto muito mais do modelo do vôlei, que tem metade dos jogos da fase de classificação da Superliga exibidos no SporTV e a outra metade no pay-per-view. O fã de vôlei sabe que, se ligar a TV na quarta, quinta, sexta ou sábado à noite no SporTV 2, vai ver um jogo da Superliga, seja qual for. É o que funcionou por anos para a NBA também. Fim de noite, sem saber o que assistir na TV? Era só colocar na ESPN que ia ter um jogo da NBA. Isso fideliza o fã da modalidade, que assiste não apenas aos jogos do time para o qual torce. Consome-se o produto, seja a Superliga ou o NBA, e quem quer ter a possibilidade de ver todas as partidas do seu clube recorre ao pay-per-view. No NBB, hoje, isso é impossível. Como exemplo, a série entre São Paulo e Bauru: o jogo 1 passou no Youtube, o 2 na ESPN e o 3 será no Youtube de novo, o que dificulta a promoção das partidas e acaba atraindo só o torcedor iniciado. É preciso ter a proatividade de entrar no site do NBB para saber quando é o próximo jogo e onde vai passar. E nem dá para se programar muito: o jogo 3 é amanhã, a série está 2 a 0 para o São Paulo, e se o Bauru vencer não há na tabela onde será o jogo 4, nem onde vai passar. |