'Brigador', Calleri é importante ao SPFC mesmo sem gols. E ele faz muitos
A torcida do São Paulo se acostumou a repetir a frase "toca no Calleri que é gol". Mas não tem sido apenas com bolas na rede que o argentino tem ajudado o Tricolor. A disposição na marcação e as disputas com os zagueiros adversários transformaram o camisa 9 em um elemento importante no esquema de Rogério Ceni.
Em entrevista coletiva depois da vitória por 3 a 1 sobre o Palmeiras, na primeira partida da final do Paulistão, o treinador afirmou que não há espaço em seu time para jogadores que não se empenham também defensivamente. E Calleri é uma prova da importância de marcação na saída de bola.
O argentino ganhou três dos oito duelos pelo chão e cinco dos sete pelo alto. Ele vinha sendo importante para a equipe antes mesmo de balançar as redes duas vezes. Quando o Palmeiras estava com a bola, o São Paulo se fechava em duas linhas e deixava o camisa 9 mais avançado para apertar a saída dos defensores alviverdes.
"Eu faço o que o time precisa. Se ele precisa de briga na frente, segurar a bola e ser o primeiro defensor... Estou aqui para isso. Esse jogo e contra o Corinthians foram os dois melhores desde que voltei ao São Paulo. Diante de zagueiros como [Gustavo Gómez] e Murilo, que já ganharam Libertadores, fiz uma boa partida", disse o argentino, depois da vitória de quarta-feira (30).
A intensidade durante os 90 minutos é um reflexo da pré-temporada. Desde que deixou o São Paulo pela primeira vez, o argentino não teve um período de preparação adequado nos clubes que passou. Com seus direitos presos a um grupo de empresários, foi emprestado para cinco times em cinco anos.
A volta para o São Paulo no ano passado permitiu essa preparação na virada do ano. A equipe de Rogério Ceni teve um período de pré-temporada de 15 dias e entrou em um rodízio ao longo do Campeonato Paulista para evitar o surto de lesões do ano passado e chegar no auge físico no mata-mata.
"Falei quando o São Paulo não ganhava que ainda não estávamos bem fisicamente. Acho que agora é o melhor time fisicamente do Brasil", disse Calleri.
A preparação adequada é aliada à rotina calma do atacante fora de campo. Quem o acompanha de perto diz que o perfil explosivo e intenso das partidas some fora dele. Calleri tem um estilo mais caseiro, com respeito aos horários de sono e poucas saídas.
Uma mudança tática em comparação ao ano passado também ajudou o argentino. Rogério Ceni passou a escalar a equipe com Éder e Calleri no ataque. A parceria permite um revezamento de quem atuará por dentro e quem ajudará pelas pontas. Contra o Palmeiras, o camisa 9 chegou a ficar boa parte do primeiro tempo atuando do meio para a direita.
A dupla alia estilos que agradam a Ceni. "O Calleri é um fazer de gols. O que ele tem de melhor é o último toque dentro da área, a finalização, a briga, um jogo aéreo relativamente bom. A técnica quem reúne é o Éder, que é um jogador muito técnico, entre os 9 com diferentes características", disse o treinador certa vez.
A disposição tática é importante, mas dificilmente seria notada se não fossem os gols. E Calleri tem feito muitos. O argentino fez oito gols em 14 partidas, uma média de 0,6 gol por jogo, o dobro dos números de Róger Guedes (Corinthians), Rony (Palmeiras) e Marcos Leonardo (Santos), todos com 0,3 gol por partida.
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