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Boleiros se tornam mais assíduos em lives durante a pandemia do coronavírus

Vasco tem promovido lives com jogadores, jornalistas, músicos e artistas durante a pandemia Imagem: Reprodução / Vasco TV

Thiago Fernandes

Do UOL, em Belo Horizonte

29/05/2020 12h00

O período sem jogos no futebol brasileiro fez com que as ferramentas sociais ganhassem uma importância ainda mais significativa entre os jogadores durante esta quarentena. Seja por meio de entrevistas, realizações em lives ou participação em shows virtuais de famosos, a verdade é que este ambiente vem sendo uma importante fonte de informação e até entretenimento para o mundo digital.

De acordo com o estudo "Futebol durante a quarentena", divulgado em conjunto pelas agências Redtorch e 90/24 Media, jogadores de futebol pelo mundo obtiveram um crescimento de 6% no número de seguidores durante a paralisação dos jogos, taxa maior do que as dos clubes, ligas e marcas.

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Além disso, os atletas são os que possuem maior taxa de engajamento, tendo produzido cerca de 15% mais vídeos neste período, o que resultou em um aumento de 82% na audiência.

"Há alguns anos, ainda era difícil convencer os atletas a fazerem coisas básicas, como registrarem a sua vida fora do futebol. Hoje, eles se conscientizaram mais. Se engajam, produzem conteúdo e fazem tudo espontaneamente. É possível ver um salto significativo em relação a quatro, cinco anos. O caso do BBB, por exemplo, que uniu diversos jogadores nas torcidas pelo Prior e pelo Babu é uma grande prova disso", aponta Thiago Barros, gerente de conteúdo da Feng Brasil, empresa especializada em programas de sócios e engajamento de torcedores, e que gerencia as redes sociais do Campeonato Brasileiro e Maracanã.

O fato citado acima pelo especialista é só um exemplo do que aconteceu em posts no Twitter. Nas lives de cantores de sertanejo e sambistas, vários atletas consagrados enviarem vídeos ou tiveram participação para doações milionárias. Neymar, Gabriel Jesus, Renato Augusto, Philippe Coutinho, Vinicius Jr, Everton Cebolinha, Bruno Henrique, entre tantos outros, são alguns casos que contribuíram no apoio financeiro por arrecadação de alimentos.

Outra forma de comunicação que os atletas e comissões técnicas vem tendo são com entrevistas e uma mensagem mais direta por meio de bate-papo virtual. O fato de conseguirem se comunicar por meio de suas próprias plataformas é algo que se tornará recorrente, aponta outro especialista.

"Eles se tornaram os grandes produtores de conteúdo neste período fora do clube. Vários abriram suas intimidades pessoais, ou seus treinamentos, participaram de lives, entraram em correntes divertidas que fizeram sucesso - como as dancinhas do Lewandovski no TikTok. E isso, sem dúvidas, é uma tendência que vai virar prática recorrente. Os atletas vão entender cada vez mais a força que tem como geradores de conteúdos e o poder que isso tem de mobilização e também de geração de receita", explica Bruno Maia, ex-vice-presidente de Marketing do Vasco da Gama, CEO da 14, agência de conteúdos estratégicos e digital, e especialista em negócios e novas tecnologias no esporte.

O crescimento apontado pela pesquisa acima comprova a tendência de que as relações digitais por meio das redes sociais são diretas, não precisam de intermediários. O fã segue aquilo ou aquele que ele se identifica, por isso é natural que o ídolo vá prevalecer neste cenario.

"Ele segue o seu time de coração, mas não necessariamente os seus idolos jogam nesse time, e ele quer se engajar e se relacionar com o seu ídolo. E em alguns casos os jogadores possuem até mais familiaridade nessa relação com os fãs do que os próprios times, pois construíram diretamente essa relação há mais tempo, além do fato de não possuírem tantas amarras "editoriais" em sua produção de conteúdo - a entidade quando cria e posta um conteúdo tem mais restrições do que um atleta, por mais cuidadoso que seja esse atleta", observa aponta Gustavo Herbetta, fundador e diretor de criação da agência de marketing esportivo da Lmid, e que já foi superintendente de marketing do Corinthians entre os anos de 2015 e 2017.

Júnior Chávare, diretor da base do Atlético-MG, fala sobre a mudança em relação às lives: "É uma alternativa inteligente e interessante dos clubes movimentarem por meio de entrevistas e conteúdos próprios seus canais, e falando por experiência própria, o departamento de comunicação do Atlético-MG tem sido muito eficiente neste sentido".

"Eu já participei de muitas lives nesses mais de dois meses de quarentena, algumas delas pelo canal oficial do clube, que foi sensacional, e outras com blogs e comunidades de torcedores atleticanos. Gostei bastante. Teve uma live que durou quase duas horas. Temos muito tema para debater, pois o departamento de base tem feito um trabalho muito legal e as pessoas tem curiosidade em saber como funciona. E é bem prazeroso você poder interagir com o torcedor, que é a essência dos clubes de futebol", acrescentou.

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