Relação com diretoria, promessa, política e multa seguram Mano no Cruzeiro
Thiago Fernandes
Do UOL, em Belo Horizonte
05/07/2017 04h00
A campanha do Cruzeiro sob a batuta de Mano Menezes passou a ser questionada por parte da torcida e até do conselho após o revés para o Atlético-MG. O treinador, contudo, ainda conta com fatores que o mantêm na Toca da Raposa II.
Alguns aspectos fazem com que o trabalho de Mano no Cruzeiro seja posto em xeque. O vice-campeonato mineiro para o maior oponente, a queda precoce na Copa Sul-Americana e o aproveitamento no Campeonato Brasileiro - 13º colocado com 14 pontos - elevam a pressão sobre o trabalho do comandante. Há quem sonhe até com a volta de Marcelo Oliveira nos bastidores.
O UOL Esporte, contudo, apurou que há uma série de fatores que impede a saída do treinador de forma imediata. O relacionamento com a diretoria, a palavra do técnico ao presidente Gilvan de Pinho Tavares, a multa rescisória e a situação política são aspectos que impossibilitam uma rescisão contratual.
Relação com a diretoria
A primeira passagem pelo clube de Belo Horizonte, entre setembro e dezembro de 2015, fez com que o técnico se tornasse amigo de dirigentes que estão à frente do esporte na Toca da Raposa.
O mandatário Gilvan de Pinho Tavares e o vice-presidente de futebol Bruno Vicintin têm ótima relação com o gaúcho. A aproximação do trio se deve ao bom trabalho do treinador há dois anos e também ao fato de ambos facilitarem a saída do comandante para o Shandong Luneng, da China.
A dupla que rege o futebol do Cruzeiro facilitou as condições para que Mano pudesse assinar o contrato com o clube asiático. Ambos entendiam que o técnico deveria aceitar a oferta por se tratar de um salário muito vantajoso - cerca de R$ 1 milhão mensal à época.
Tanto Gilvan quanto Vicintin consideram que o treinador é um dos melhores para o cargo no Brasil atualmente. As conversas sobre o esporte são cruciais para este pensamento.
A palavra de Mano
O curioso é que, seis meses após o início do contrato no futebol chinês, Mano Menezes acabou demitido. A queda do gaúcho no Shandong Luneng despertou o interesse da Raposa, que contava com Paulo Bento à frente do time na ocasião. Logo que assinou o novo vínculo com os mineiros, o treinador fez uma promessa a Gilvan de Pinho: cumpriria o contrato, com vencimento em dezembro de 2017.
A palavra dada à cúpula é um dos pontos que influencia diretamente na sequência do técnico em Belo Horizonte. O clube quer que ele permaneça no cargo até o fim da atual temporada.
Situação política
As eleições presidenciais do Cruzeiro ocorrem em outubro de 2017. O mandato de Gilvan de Pinho Tavares, contudo, se encerra em dezembro. Como não pode ser reeleito e não tem um candidato para a situação, o dirigente não pretende buscar um técnico que fique na Toca da Raposa II somente nos últimos seis meses do ano. A maioria também não costuma aprovar acordos nestes moldes.
Atualmente, há pelo menos quatro conselheiros interessados em assumir o cargo de mandatário do clube. Como pode haver divergência, o fato propicia a manutenção de Mano Menezes na equipe.
Multa rescisória
A intenção de manter a saúde financeira do Cruzeiro é um ponto que também faz com que o treinador permaneça na Toca da Raposa II. Mano Menezes tem multa rescisória avaliada em R$ 5 milhões, o que é considerado elevado pela cúpula. Os homens do futebol descartam tirá-lo do cargo desembolsando todo este valor.