Esqueça tema gay! Colorido de voluntários em Sochi quer mostrar nova Rússia
Peço informação para chegar a um extremo do Parque Olímpico de Sochi onde nunca tinha estado, e o voluntário da Olimpíada se dispõe a me acompanhar, sem intimidar-se com a promessa de longa caminhada. Logo fica claro que tudo não passa de um pretexto do jovem para interagir com um estrangeiro e externar tudo o que pensa que a Rússia atual significa.
Ivan Matveyev é um estudante de Moscou com inglês impecável, uma exceção na totalidade de 45 mil voluntários dos Jogos de Sochi. Em comum com os colegas, no entanto, o desejo de transmitir aos visitantes uma cara jovem e inesperada do país, em esforço que começa pelo multicolorido traje que veste.
Para quem tem paciência de olhar por muito tempo, dá para encontrar todas as espécies e variações de cores na roupa dos voluntários de Sochi. Desenhado pela marca esportiva local Bosco di Ciliegi, o uniforme tem como conceito apresentar uma Rússia unida, através de referências de cultura e folclore das diversas regiões do país [estão ali também símbolos de regiões consideradas separatistas no Cáucaso].
O azul é predominante na roupa, mas ali também estão amarelo, vermelho, roxo, laranja, verde, rosa e mais o que se possa imaginar. Além dos voluntários, essa identidade visual decora uma série de elementos dos Jogos, como transporte, sinalização de trânsito, quiosques e hotéis oficiais. Os mosaicos estão em toda a parte da sede, e é realmente de cansar a vista.
Segundo Mikhail Kusnirovich, proprietário da Bosco, o festival de cores nada tem a ver com o arco-íris que simboliza a causa gay, em tema que agitou a organização da Olimpíada. O empresário argumenta que o estudo visual para as roupas aconteceu bem antes da polêmica, meses atrás. A finalidade era pintar para o mundo uma Rússia distante do rótulo de "país de cores escuras, de cinza e preto", em imagem comumente associada aos anos do extinto regime comunista soviético.
"Pessoalmente eu não gosto muito de todas essas cores juntas. Mas faz sentido para o país hoje", afirma o voluntário Ivan, responsável por ajudar fotógrafos credenciados em tudo que eles precisam.
O espírito solícito de Ivan se repete na maioria dos demais jovens voluntários. Muitos perguntam de onde o visitante vem e o que está achando da Rússia até agora. "Para a gente é muito importante saber o que vocês pensam", arremata o ajudante de fotógrafos.
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