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Há 50 anos, Brasil ganhava status de potência do basquete com bi mundial

Daniel Neves

Do UOL, em São Paulo

25/05/2013 06h00

O basquete brasileiro comemora 50 anos do maior feito de sua história. No dia 25 de maio de 1963, uma seleção formada por nomes que marcariam época com a camisa verde-amarela conquistavam o mundo pela segunda vez e consolidavam o país no topo da modalidade.

O torneio disputado no Brasil e com fase final no Rio de Janeiro eternizou uma geração incrível de craques da bola laranja. Wlamir Marques, Amaury Pasos, Rosa Branca e Ubiratan formaram a base de um time que brigava de igual para igual com Estados Unidos e União Soviética pelos títulos das principais competições.

"Não fomos ao Rio para disputar o campeonato, fomos como favoritos. Brasil, União Soviética e Estados Unidos eram os fortes candidatos ao título e nós sabíamos disso", comentou Wlamir Marques. "Na época a gente nem tinha muito a noção do que era enfrentar aquelas seleções. Entrávamos para jogar de igual para igual e ganhar. E os jogos sempre foram equilibrados, hora eles ganhavam, hora nós ganhávamos".

Campeão em 1959, o Brasil chegou ao Mundial seguinte ‘mordido’ com duas decepções contra seus ‘arquirrivais’. Nas Olimpíadas de Roma-1960, derrotas para soviéticos (por dois pontos) e norte-americanos deixaram o time com a medalha de bronze. Já no Pan-Americano de São Paulo-1963, dias antes do torneio no Rio, prata após revés para os Estados Unidos.

Para evitar uma nova frustração, o técnico Togo Renan Soares, o Kanela, intensificou o regime de ‘quartel’ que já imperava na seleção brasileira. Com o time automaticamente classificado para a fase final, trancou os jogadores em um hotel no Rio de Janeiro enquanto as demais equipes disputavam a primeira fase em outras cidades.

“O Kanela se diferenciava nessas coisas, porque isolava mesmo. Não queria que o time tivesse qualquer outro pensamento a não ser o jogo”, contou Jathyr. “Não tinha moleza, não podia sair de lá. A tática de treinamento dele deu certo no Mundial. Mas no Pan Americano, 30 dias antes, deu errado. Não podemos dizer que essa tática dele era infalível”.

“Praia era só para os adversários, que ficaram concentrados em Copacabana”, disse Sucar. “Nós ficamos isolados no hotel das Paineiras, que era longe de tudo. Tanto que, para irmos treinar no ginásio do Tijuca, vinha um caminhãozinho aberto da polícia nos buscar”.

A maneira rígida de Kanela comandar a equipe chegou a gerar insatisfação dentro do elenco e causou a ausência de um importante nome daquela geração no Mundial de 1963. Em atrito com o treinador, Edson Bispo se apresentou após o restante do elenco e acabou cortado da delegação.

"Houve algum problema pessoal dele com o Kanela. E esse negócio já vinha de mais tempo. O Kanela criou um antagonismo com ele quando o Edson resolveu deixar o Rio de Janeiro para jogar em São Paulo. Aí ele viu que o Ubiratan estava em melhor condição física, que o Menon estava muito bem e pôde se vingar do Edson", comentou Jathyr.

A ausência de Bispo, porém, foi bem suprida por seus companheiros em uma campanha incrível. Porto Rico, Itália e França foram superados com tranquilidade. Nos confrontos diante das demais potências do esporte, vitória contundente sobre a Iugoslávia e a tão esperada vingança contra União Soviética e Estados Unidos.

"Na Olimpíada de Roma-1960, só perdemos a medalha de prata para a União Soviética por um erro de arbitragem", reclamou Wlamir. "Faltavam 15s quando eles perderam a bola no ataque e o Amaury passou para mim. Ia para a bandeja sozinho, não ia errar nunca. Mas o juiz parou o lance e inverteu a posse de bola. Eles fizeram dois pontos e acabou o jogo".

"Os jogos contra Iugoslávia, União Soviética e Estados Unidos foram especiais. Eram sempre jogos muito parelhos e vivíamos nos enfrentando nas principais competições. Vencer esses países top era sempre motivo de alegria", afirmou Amaury.

A geração dourada do basquete brasileiro ainda levaria a medalha de bronze na Olimpíada de Tóquio-1964 e a prata no Mundial de 1970. Mas a conquista no Rio de Janeiro, diante de 20 mil torcedores no Maracanãzinho, ficou marcada como a mais especial para um elenco que mantém um vínculo de amizade até hoje.

"Depois que recebi o troféu, me deixaram só de sunga e tênis. Depois me roubaram os tênis também, quase acabaram com a gente na comemoração", diverte-se Wlamir. "Foi a maior emoção que senti na minha carreira. A torcida do Rio de Janeiro era espetacular, lotava o ginásio todas as noites. Era incrível a idolatria que tinham por nós".

"Foi uma geração fantástica, a mais vitoriosa do basquete brasileiro. Os cariocas lotaram o Maracanãzinho para ver o jogo contra os Estados Unidos e esse apoio foi fundamental. A festa que eles fizeram naquele dia foi uma coisa inesquecível", disse Amaury.

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