Basquete do Fla 'abafa' crise no futebol e brilha com jacaré e clone de boleiro
Pedro Ivo Almeida
Do UOL, no Rio de Janeiro
25/05/2012 11h00
Mesmo sem paciência com o time de futebol e diante de inúmeras crises nos bastidores do time de Ronaldinho, Vagner Love e cia., a torcida do Flamengo não abandonou as arquibancadas. No entanto, o apoio dos rubro-negros foi direcionado à equipe de basquete, que brilha no Novo Basquete Brasil (NBB) e briga por uma vaga na final da competição. Com uma boa campanha, o grupo que conta com um "jacaré" em quadra e tem até clone de boleiro no elenco conquistou o carinho dos torcedores e minimizou o momento conturbado do clube da Gávea.
Peça importante do time e responsável por boa parte do carisma da equipe das quadras, o pivô Federico Kammerichs não tem um nome dos mais fáceis para ter o nome gritado nas arquibancadas, mas a alcunha de jacaré facilitou a ligação com a torcida. Com o tradicional sorriso no rosto, o medalhista olímpico pela seleção argentina explicou a origem do curioso apelido.
"Na época de menino, fui disputar um torneio em Buenos Aires e o locutor do ginásio achou meu nome era complicado e disse que eu precisava de um apelido. Quando disse que vinha da província de Corrientes, ele imediatamente me chamou de jacaré, que é um animal típico daquela região. A coisa pegou e me chamam assim até hoje", disse o jogador, lembrando dos primeiros gritos que ouviu da torcida rubro-negra.
"No início, muitos aqui achavam que jacaré era sobrenome. Nos primeiros jogos, a torcida chegou a gritar "jacaré, jacaré". Foi até engraçado. Hoje tenho muitos amigos aqui que só me chamam assim. Estou acostumado com o apelido e até gosto, porque lembra muito a minha cidade", aprovou Kammerichs.
Outro destaque do time que disputa a semifinal do NBB, o armador titular Hélio se destaca não só pelas boas atuações em quadra, mas também em função da semelhança com o volante Maldonado, do time de futebol. Apresentado ao jogador chileno, o basqueteiro revelou algumas brincadeiras com o boleiro e disse que já foi confundido nos corredores da Gávea.
"Certa vez, vi um pessoal conversando e olhando para mim, questionando seu eu era o Maldonado. Apesar da diferença de altura, me confundiram", disse o armador de 1,90m. "Depois, quando encontrei com ele aqui no clube, rimos bastante e disse que ele devia ser muito elogiado nas ruas, já que era um cara tão bonito quanto eu [risos]", brincou o jogador de basquete.
Um dos mais antigos do elenco, Hélio admitiu que a má fase nos campos acaba "empurrando" a torcida para os ginásios. No entanto, a situação não o agrada por completo. Seu sonho é ver um dia a torcida de bem com a vida no basquete e no futebol.
"Em jogos da fase de classificação, quando o futebol está fazendo boa campanha, temos pouco público. A coisa só melhora em épocas de jogos finais ou quando o time dos campos não agrada. Eles acabam abraçando o basquete e comparecem em peso. Mas o meu sonho é ver a torcida lotando ginásio e futebol, comemorando dois títulos simultâneos", disse.
OS CONTRASTES ENTRE OS ESPORTES
Futebol | Basquete |
Ainda não tem um patrocinador master | BMG estampa a parte nobre do uniforme |
Atraso no pagamento dos direitos de imagem | Todos os vencimentos pagos em dia |
Clima pesado entre elenco diretoria e com. técnica | Clima harmonioso entre as três partes |
Eliminado no Carioca e na Libertadores; disputa o BR | Semifinalista do NBB e atual Campeão Carioca |
Ronaldinho Gaúcho fora de Londres | Dois jogadores na seleção que vai às Olimpíadas |
Contrastes
Além das figuras curiosas de Federico "Jacaré" Kammerichs e Hélio "Maldonado", o basquete do Flamengo também tem figuras conhecidas. O ala Marcelinho, ídolo dos rubro-negros, e o pivô Caio Torres brilham nas quadras e estarão representando o Brasil nos Jogos Olímpicos de Londres.
A situação contrasta com o futebol, onde o time da Gávea não deverá ter nenhum representante nas olimpíadas da capital inglesa, já que Ronaldinho foi praticamente descartado por Mano Menezes. E as diferenças não param. Além de um patrocinador master na parte frontal da camisa, o que o time dos gramados não tem, os representantes da quadra não têm sofrido com problemas de salários e nem com contratempos no relacionamento entre elenco, técnico e diretoria.
No próximo sábado, o time de futebol volta aos gramados em partida contra o Internacional, no Engenhão, pelo Campeonato Brasileiro. Mas antes disso, nesta sexta, às 21h, as atenções estarão voltadas para a quadra do Tijuca Tênis Clube. Com promessa de casa cheia, o Flamengo encara o São José na quarta partida do playoff semifinal do NBB. O rubro-negro precisa vencer para forçar o quinto jogo e sonhar com a vaga na decisão.