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Sucessores do VW Gol GTI? Kadett e outros esportivos nacionais inflacionam

Modelo conversível ano 1993 atingiu preço considerável em leilão; contudo, carro deverá ficar atrás do Gol GTI em termo de valorização no mercado Imagem: Picelli Leilões/reprodução

Rodrigo Lara

Colaboração para o UOL, em São Paulo

19/05/2021 04h00

Quanto você pagaria para estacionar um Chevrolet Kadett GSi na sua garagem? Se a ideia é achar uma unidade em excelente estado e origial, prepare-se para desembolsar por volta de R$ 70 mil.

Esse foi o valor - mais precisamente, R$ 71.888 - de uma unidade conversível ano 1993 na cor azul, vendida no final de semana passado em um leilão online. Nós já falamos aqui sobre o alto preço cobrado por esportivos nacionais da virada dos anos 1980 para a década de 1990 e a tendência é que os valores elevados se mantenham ou subam ainda mais.

"São carros que eram sonhos de consumo de quem tem entre 40 e 50 anos de idade hoje, então há uma valorização natural", explica o colecionador de carros e empresário Alexandre Badolato.

Modelo tinha produção cara devido ao mecanismo da capota; exemplar leiloado está em excelente estado Imagem: Picelli Leilões/reprodução

É importante ressaltar que, aqui, falamos de modelos que estão em perfeitas condições. É possível encontrar unidades de Volkswagen Gol GTI, Ford Escort XR3 e até do Kadett GSi por preços bastante razoáveis, mas que vão acabar demandando um investimento considerável para ficarem em bom estado.

"No fim, paga-se pouco pelo carro em si, mas o valor gasto com peças de reposição e outros itens faz com que o investimento fique próximo do feito por quem compra o carro pronto", ressalta Badolato.

Kadett GSi em alta, mas Gol GTI é imbatível

Lançado em 1992, o Kadett GSi tinha como grande novidade a adoção de injeção eletrônica em seu motor 2.0 - o Kadett GS, lançado em 1989, ainda contava com carburador.

Além disso, o carro também passava a contar com uma versão conversível, cuja produção era absurdamente complexa: a estrutura do modelo era feita no Brasil e, após isso, o carro ia para o Estúdio Bertone, na Itália, para ser finalizado e enviado de volta ao Brasil.

Passados 30 anos, essa versão conversível é a mais valorizada. Mas mesmo a configuração fechada deu um salto recentemente. "Há dois anos, o Kadett não estava nessa faixa de preço. Considerando o modelo fechado, um GSi em bom estado era encontrado por cerca de R$ 20 mil há um ano e meio ou dois. Agora, é comum encontrar o carro com preços em torno de R$ 40 mil", explica o leiloeiro Joel Picelli, um dos responsáveis pelo arremate do último fim de semana.

Para Picelli, enquanto os Gol GTI e GTS explodiram por volta de 2013, agora é a vez de outros carros da época, que não eram muito notados ou queridos, estarem em uma crescente de preço.

Valorizado, VW Gol GTI deve continuar como destaque entre os esportivos de sua época Imagem: Divulgação/Picelli Leilões

Isso indica que o esportivo da Chevrolet poderá tomar o lugar do Gol GTI em termos de valorização no mercado de clássicos?

"Não vejo a possibilidade de outros carros da época chegarem no patamar de preço do Gol GTI. Isso porque o carro ficou em linha, ainda que com carrocerias diferentes, por mais tempo. Além disso, a sigla GTI nos Volkswagen acabou ocupando um espaço mais valioso, como objeto de desejo, e foi usada em outros modelos da marca alemã", argumenta Picelli.

Importados no caminho

Há boas chances de que a trinca formada por GTI, GSi e XR3 seja a última de carros antigos nacionais a ganharem status de estrelas dos leilões.

O motivo para isso foi a abertura do mercado brasileiro às importações, em 9 de maio de 1990. Nessa onda, pouco a pouco os esportivos nacionais foram dando lugar como objetos de desejo aos modelos importados, que iam de esportivos, como o Mitsubishi Eclipse, até modelos mais luxuosos de marcas como BMW, Mercedes-Benz e Audi.

"Alguns carros, como o Vectra GSi, eram espetaculares, mas acabaram eclipsados por modelos importados, especialmente logo após o Plano Real. Isso acabou pulverizando muito os sonhos de consumo. Eu acredito que a próxima onda de interesse para colecionadores e a consequente valorização será de carros importados dessa época, que fizeram a cabeça de quem a viveu", diz Badolato.

O empresário justifica essa expectativa ao trazer uma análise de como tem funcionado o mercado para colecionadores de carros antigos ao citar que esses momentos de valorização ocorrem entre 30 e 40 anos após o auge de um modelo.

Importados "queridinhos" dos anos 1990, como o Eclipse, também já enfrentam onda de valorização Imagem: Renato Bellote

Daqui poucos anos, portanto, essa "janela para o passado" vai apontar na metade dos anos 1990. "É um período que o Brasil já passava por uma desindustrialização e esses sonhos de consumo vinham de fora, ao invés de serem carros fabricados aqui", complementa.

Picelli concorda com o argumento e vai além. "Isso já está acontecendo. Esportivos importados da época já estão nessa fase de colecionáveis e têm tido uma alta de preço", diz.

O maior entrave aqui, no entanto, é que modelos que chegavam via importação já traziam muita eletrônica embarcada. Com o tempo, manter esses carros vira uma tarefa mais complicada e cara, o que pode fazer com que as atenções de colecionadores ainda se mantenham voltadas aos carros nacionais - via de regra mais simples -, por mais tempo.

Anos 1970: os mais valorizados

Por mais que os esportivos nacionais da virada dos anos 1980 para a década de 1990 tenham se valorizado nos últimos tempos, dificilmente eles alcançarão o status de outros modelos feitos por aqui: os esportivos da década de 1970.

"A trinca Opala SS6, Maverick GT V8 e Charger R/T hoje é vendida por preços em torno de R$ 250 mil. Duvido muito que os preços de esportivos nacionais mais recentes cheguem próximos disso", diz Badolato.

Modelos dos anos 1970, como o Opala SS, tendem a continuar com campeões de preço entre esportivos nacionais Imagem: Divulgação

Há vários motivos para isso, mas um dos principais é a raridade: encontrar unidades desses modelos em bom estado é uma tarefa complicada e, geralmente, são carros que já passaram por algum tipo de restauro ou tratamento estético. Ou seja: que já receberam uma boa dose de investimento e, até mesmo por isso, são vendidos por preços mais altos.

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