Testamos: novo Mercedes GLC vira diesel para rodar na terra com ostentação
Fernando Miragaya
Especial para o UOL, em Amparo (SP)*
23/10/2019 18h00
Resumo da notícia
- SUV médio da marca alemã tem visual renovado e nova motorização
- Interior refinado agora traz central multimídia com tela de dez polegadas
- Tração integral e suspensões altas o credenciam para a terra
- Preços sugeridos começam em R$ 294,9 mil
Muito se fala em experiências. Seja em gastronomia, moda ou hospedagem, a onda é fazer com que a pessoa tenha uma percepção diferenciada do que come, veste ou onde dorme. Os automóveis seguem o mesmo caminho, ainda mais quando se fala de utilitários esportivos - sempre eles. O primeiro contato com o renovado Mercedes-Benz GLC proporciona essa experiência, sem, na prática, ser muito diferente do que se espera de um SUV da marca alemã.
Percorri mais de 200 km em um bate e volta entre São Paulo e a cidade de Amparo, no interior do Estado, a bordo da versão topo de linha Enduro, que tem preço sugerido de R$ 329,9 mil e traz o novo motor 2.0 turbodiesel de quatro cilindros, que gera 194 cv e torque de quase 39 kgfm entre 1.600 e 2.800 rpm. O gerenciamento é feito pela transmissão automática de nove marchas.
Também há a opção 220d Off-Road, por R$ 294,9 mil, com mesma motorização.
Ao entrar na cabine do SUV médio da Mercedes, já se tem uma sensação de bem-estar. Requinte e sofisticação nos materiais do painel saltam aos olhos - a despeito da estampa controversa do revestimento das portas e da imitação de alumínio nas maçanetas.
Diesel silencioso
Os bancos recebem muito bem os passageiros. Os assentos da frente, assim como a coluna de direção, oferecem ajustes elétricos. O novo volante, a propósito, tem boa pegada. Ao apertar o botão de partida, o motor a diesel desperta e? Espera! "Cadê" o barulho? É preciso sair da cabine para se perceber, muito sutilmente, o tilintar do propulsor.
O GLC é um SUV com conforto no rodar quase impecável para um modelo a diesel.
Dentro, não só o silêncio impera. Nem mesmo a 120 km/h permitidos na Rodovia dos Bandeirantes se ouve o barulho do conjunto mecânico ou de vento.
O nível de vibração do novo motor 220d 4Matic também é quase nulo. Fruto de um ótimo acerto da engenharia para este motor compacto, com bloco de alumínio e coxins plásticos.
O desempenho também segue a proposta de conforto. O câmbio 9G-Tronic de nove velocidades faz passagens suaves, e contribui para se ter relações bem longas nas marchas mais altas. Naqueles 120 km/h que falamos, o conta-giros passa muito pouco da marca de 1.500 rpm.
Mas a performance também pouco empolga. O GLC SUV não é um jipe de respostas rápidas e brutas. As acelerações têm aquela tradicional e discreta "letargia" nas respostas ao pedal dos Mercedes civis. E não espere trancos em uma retomada: o utilitário tem força em baixos giros, mas tudo é feito de forma suave.
Nem mesmo ao colocar no modo de condução Sport se tem uma mudança drástica desse comportamento. Ok, o motor e câmbio passam a atuar em giros mais altos, as reações do propulsor ficam ligeiramente mais espertas... Mas a experiência fica aí.
A direção agrada pela precisão e respostas diretas. Você mexe no volante e o SUV obedece quase que imediatamente. O GLC também aponta bem nas curvas, porém, é possível perceber uma rolagem algo acentuada da carroceria nas curvas.
É bom lembrar que esse SUV é 1,8 cm mais alto que a derivação Coupé do GLC, que ainda será lançada por R$ 362,9 mil, equipada com motor 2.0 turbo de quatro cilindros, capaz de render 258 cv e 36 kgfm a partir das 1.600 rotações. Essa configuração também virá com câmbio automático de nove velocidades.
Também vale ressaltar que o modelo avaliado usa rodas com aros de 19 polegadas. Os pneus 235/55, inclusive, ajudam no apoio ao grandão nas curvas.
Vai na terra
No percurso capital-interior, o GLC enfrentou asfalto e terra. Nos buracos urbanos, a cabine do SUV sacolejou esquisita em alguns momentos. Já na estradinha de terra que nos levou ao Lake Villas Charm Hotel & Spa - outro lugar de experiências, em Amparo -, o GLC deu conta do recado, e levantou poeira de forma estável.
Fruto do conjunto de tração que distribui a força automaticamente de acordo com o tipo de terreno. O sistema é o suficiente para a proposta do GLC: de te levar até o sítio sem estrada pavimentada no fim de semana. Ou você acha que alguém vai colocar esse sofisticado Mercedes de R$ 329.900 em pirambeiras? Experiência radical não é a proposta desse carro.
De volta a São Paulo, hora do rush na Marginal Pinheiros. No anda e para do trânsito caótico das 17h, momento bom para prestar atenção nos dispositivos tecnológicos do renovado GLC. O quadro de instrumentos configurável é bacana, algo intuitivo, porém tem design pouco empolgante.
Ainda mais com um globo terrestre que aparece em determinada configuração que parece vindo de um Nintendo dos anos 1990. Tudo bem que é um tapa na cara dos terraplanistas, mas o Active Display da Audi é mais moderno e arrojado.
No tráfego pesado, o controle de cruzeiro adaptativo alerta para a aproximação em relação ao carro da frente. Já o sensor de ponto cego fica louco com o enxame de motocicletas que passam no corredor.
Quando outros carros ou motos ficam próximos demais, a câmera 360 graus surge na tela da central multimídia. Esta, a propósito, é um espetáculo à parte, com largura de 26 cm, dez polegadas, comandos de voz com inteligência artificial e visualização limpa. Impressiona também a qualidade do som Burmester, exclusivo desta versão Enduro.
São as tais experiências a bordo que os carros têm buscado exaustivamente. O SUV médio da Mercedes não ficou para trás e se atualizou nesse quesito. Pode não ser uma experiência única, daquelas inesquecíveis. Mas que faz jus ao preço e à marca da estrela de três pontas que carrega.
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*Viagem a convite da Mercedes-Benz