Tesla culpa motorista por acidente fatal com Model X na Califórnia
Do UOL, em São Paulo (SP)
12/04/2018 16h58
"Tesla está querendo culpar a vítima pelo acidente", respondem os familiares da vítima
A Tesla afirmou que o acidente fatal ocorrido com um Model X no mês passado ocorreu por culpa do motorista. Walter Huang morreu após o SUV bater contra uma barreira divisória em uma estrada na Califórnia. O sistema de condução semi-autônoma estava ativado na hora do acidente, levantando suspeitas sobre a segurança do recurso.
"Estamos profundamente tristes pela perda da família, mas, segundo eles, Huang tinha plena consciência de que o sistema 'Autopilot' não funcionava de forma totalmente confiável no local do acidente e, mesmo assim, ele decidiu ligá-lo. A batida aconteceu em um dia ensolarado e com uma visibilidade de muitos metros adiante, e isso significa que este acidente só poderia ter ocorrido se o Sr. Huang não estivesse prestando atenção ao trânsito, mesmo depois dos inúmeros alertas emitidos pelo veículo para reassumir a direção", afirmou a Tesla.
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Obviamente, a família de Huang não concordou com a alegação da empresa. "Aparentemente a Tesla está querendo culpar a vítima pelo acidente", afirmou o advogado contratado para processar a empresa de Elon Musk.
Fora do padrão
A resposta da empresa, aliás, foge dos padrões normalmente adotados pelas montadoras nestes casos, nos quais a fabricante costuma lamentar o episódio e se colocar à disposição para colaborar com as investigações, sem, no entanto, assumir qualquer culpa.
Embora comprar briga com a família de Huang não pareça ser uma atitude aconselhável, a Tesla se defende dizendo que o "Autopilot" realmente salva vidas e teme que uma impressão equivocada a respeito do sistema pode inibir as pessoas a usar o sistema.
A empresa comandada por Elon Musk propaga o argumento se apoiando em um estudo realizado pelo órgão responsável pela segurança viária nos Estados Unidos (NHTSA), no qual foi apontado que o índice de acidentes com veículos da Tesla caiu 40% após a ativação da tecnologia "Autopilot".
O levantamento, no entanto, não especifica a gravidade das colisões ocorridas com clientes, e nem aponta qual funcionalidade do sistema teria contribuído para esta redução. Assim, há a possibilidade de que o "Autopilot" realmente tenha evitado incidentes leves, mas não possa ser tão eficaz para impedir colisões mais graves e até fatais -- como a que tirou a vida de Huang.