Acabou o sonho: Toyota desiste do C-HR e tem outros planos para o Brasil
Leonardo Felix
Do UOL, em São Paulo (SP)
14/12/2017 04h00
UOL Carros apurou que marca descartou de vez a ideia de importar o rival global do Honda HR-V
A expectativa era grande. Mesmo com os entraves para produção local -- proporcionados pelo uso de uma plataforma moderna e cara demais, que não vale ser inaugurada por um veículo compacto --, acreditava-se que a Toyota contornaria a situação para trazer o C-HR para o Brasil, mesmo como importado.
UOL Carros chegou a dar como certa sua vinda na cobertura do Salão de Buenos Aires. Durante o Salão de Tóquio, porém, apuramos em primeira mão junto a executivos da marca a ideia de que o modelo não serviria tão bem assim aos planos nacionais -- era o sinal amarelo. Pois é...
O sonho acabou: sinal vermelho. Nossa reportagem pode confirmar que a Toyota desistiu definitivamente de importá-lo, por um motivo simples: a conta não fechou.
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Aqui vai um resumo da ópera: o crossover foi projetado para agradar especialmente o consumidor europeu -- ele já é comercializado na Europa e também nos EUA, Japão e Austrália, primeiro mercado a recebê-lo --, e acabou ficando "apertado e caro demais" para nossos padrões. Quem disse isso não fomos nós, mas sim o próprio chefão da marca para a América Latina, Steve St. Angelo, durante o Salão de Tóquio.
"Não foi por falta de tentar", lamentou uma fonte ligada à marca. A reação de desapontamento é compreensível, pois o C-HR tem estilo e o protótipo exibido no Salão de São Paulo do ano passado teve boa receptividade entre o público. Tanto que testes de homologação já vinham sendo feitos. A ideia seria trazer somente a configuração híbrida, que poderia ser posicionada numa faixa mais elevada de preços devido à motorização diferenciada.
Só que aí veio a encruzilhada: uma etiqueta de R$ 100 mil deixaria as margens muito pequenas e criaria uma demanda que possivelmente a montadora não conseguiria suprir. Já uma de R$ 120 mil eclipsaria totalmente o Prius e não seria condizente com as dimensões acanhadas do modelo. Fim de história.
O curioso é que o martelo foi batido poucos dias depois de UOL Carros receber do leitor Vitor Marini, de São Paulo (SP), o flagra de uma unidade do C-HR rodando, despudoradamente quase sem camuflagem, em plena avenida Paulista às 21h de um dia de semana. A justificativa da marca é que a engenharia brasileira está realizando o trabalho de desenvolvimento do C-HR para outros mercados da América Latina. Na Argentina, por exemplo, ele já está confirmado.
Tem um SUV, mas não para agora
"Então quer dizer que a Toyota vai ficar de fora do segmento mais movimentado do mercado nacional?". Calma que não será assim. Há um SUV sendo planejado para o Brasil, mas nossas fontes garantem duas coisas: 1) será um projeto de caráter local, e não global. 2) não há qualquer chance de lançamento antes de 2020. Até lá a grande aposta será na família Yaris.
Teremos mesmo que esperar sentados, porque nem entre fornecedores há algum tipo de movimentação a respeito. Isso indica o quanto o projeto se encontra em caráter incipiente. E, como já mostramos no especial "Como nasce um carro", o período de desenvolvimento de um veículo leva pelo menos dois anos.
Durante o Salão de Tóquio Steve St. Angelo cantou outra bola: "há coisas interessantes no estande da Daihatsu". Nossa expectativa é que a fabricante aproveite a base do conceito DN Trec, exibido na mostra japonesa, para criar um "suvinho" que seja vendido no Brasil com o logotipo da Toyota.
Plataforma seria a DNGA, uma derivação de baixo custo da TNGA do Prius e do próprio C-HR. Gama de motores poderia contar com o propulsor híbrido flex que a Toyota desenvolve no país em parceria com a Universidade de Brasília.
Seguindo uma terceira dica dada pelo chefão da marca: aguardemos o Salão de São Paulo de 2018. Lá teremos mais algumas respostas a respeito.