Volvo, aquela da segurança total, terá só motor pequeno (e econômico)
Eugênio Augusto Brito
Do UOL, em Calafell (Espanha)
03/03/2015 12h52
Quem é fã da Volvo sabe que a história da montadora sueca sempre esteve atrelada a pelo menos duas características: o design marcante de seus modelos e a preocupação com segurança. Muitos apontarão também um terceiro fator de reconhecimento: o uso de belas soluções de motorização, como as opções de 5-cilindros e 6-cilindros em linha existentes em modelos atuais, além de V6 e V8, em alternativa ao tradicional 4-cilindros.
Inventora do cinto de segurança como item de série, em 1959, a Volvo do século 21 tem a "visão" (repetida quase como mantra em eventos e lançamentos) de que nenhuma pessoa morrerá ou ficará gravemente ferida a bordo de um de seus carros a partir de 2020 -- o mesmo ano em que promete colocar um modelo autônomo nas lojas.
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Mas há um segundo movimento ganhando força: a marca quer ter o menor índice de consumo de combustível e de emissão de poluentes entre as concorrentes do segmento premium. Para isso, promete tomar uma decisão radical: abolir seus motores grandes, conforme UOL Carros apurou.
Vai trabalhar apenas com os 4-cilindros em configurações a gasolina com sobrealimentação (turbina e/ou compressão) e injeção direta, turbodiesel e híbrida (a gasolina sobrealimentado aliado a motor elétrico), que atualmente têm potência inicial de 120 cavalos (caso do T2, vendido apenas na Europa -- no Brasil, a linha atual se inicia com o T5, de 248 cv). Há até a possibilidade do uso de motores 3-cilindros, que detratores chamam de "motorzinho de dentista".
MÃOZINHA CHINESA
Esse mudança de "hábitos alimentares" da Volvo já começou: a apresentação no último Salão de Paris, em outubro, do SUV grande XC90 marcou o início de operação da plataforma SPA (Scalable Product Architeture, ou arquitetura de produto modulável), a primeira base de produção independente da Ford (antiga controladora da marca), que permite construir carros de passeio grandes, além de SUVs médios e grandes.
Além da nova geração do XC90, a SPA permitirá fazer um novo sedã nos moldes do antigo S90, que também será um dos modelos autônomos da marca -- sendo que o próprio XC90 foi escolhido como carro-chefe da tecnologia de carros que dispensam o condutor. Novos V70 e XC70 também estão previstos.
Todos já serão equipados apenas com motores de quatro cilindros, com potência variando entre 248 e 405 cv.
Salto maior, porém, virá com a apresentação dos primeiros modelos da nova plataforma CMA (Compact Modular Architeture), a segunda pós-Ford e a primeira em parceria com a chinesa Geely (nova controladora da marca sueca de carros). Programados para surgirem em três anos, a partir de 2018, os novos modelos serão de porte médio (compacto na Europa) e substituirão a atual geração de V40 (hatch) e XC60 (SUV).
Há ainda planos para ressuscitar o cupê C30 e criar um novo SUV pequeno, algo como um XC40, para competir com Audi Q3, Land Rover Evoque e similares. Do lado de lá, os chineses da Geely fariam carro médios sem o rótulo premium, mas usando a mesma tecnologia.
Nova plataforma, novos carros... novos motores: além das variantes de quatro cilindros, a Volvo deverá usar uma inédita família de motores com apenas três cilindros, mas também dotados de injeção direta e sobrealimentação, que eventualmente poderá adotar o nome de T1.
Espera-se também por novos preços, também pequenos e mais atrativos para consumidores jovens de mercados europeus, dos EUA e da China, principal território da Volvo fora da Suécia.