Chefão da Ford reduz empolgação sobre carro autônomo
Keith Naughton
12/04/2019 07h00
Muita badalação se acumulou sobre a rapidez com que os carros autônomos podem ganhar as ruas, mas eles acabarão mudando o mundo, disse o presidente-executivo da Ford, Jim Hackett. Em algum momento.
"Nós superestimamos a chegada de veículos autônomos", disse Hackett na terça-feira em um evento do "Detroit Economic Club". Enquanto o primeiro carro autônomo da Ford ainda está para chegar, em 2021, "suas aplicações serão limitadas, o que chamamos de geo-fenced [uso específico em algumas áreas, como em shoppings ou condomínios fechados], porque a questão é muito complexa".
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Hackett, de 63 anos, está planejando uma reforma de US$ 11 bilhões da Ford, que envolve o fechamento de fábricas, o corte de milhares de empregos assalariados e a "aposentadoria" de sedãs tradicionais para se concentrar em SUVs e picapes de alto lucro.
Além de aumentar a rentabilidade, as medidas drásticas são sustentadas pelas fabricantes de carros de forma a garantir que elas mantêm o domínio da tecnologia de veículos autônomos diante de concorrentes dentro e fora da indústria automotiva.
"Quando chegarmos [à entrega de carros autônomos], isso vai mudar até a forma como o creme dental é entregue", disse Hackett no Ford Field, o estádio de futebol dos Detroit Lions, pertencente à família do presidente executivo Bill Ford. "As estruturas de logística e passeio e as cidades serão redesenhadas. Eu não vou estar no comando da Ford quando isso acontecer, mas eu vejo claramente".
A Ford recentemente ganhou elogios do presidente Donald Trump por investir US$ 900 milhões para construir carros elétricos e autônomos em Michigan e US$ 1 bilhão em duas fábricas em Chicago para construir SUVs Explorer. Hackett também está em conversações com a Volkswagen para desenvolver conjuntamente veículos elétricos e carros sem motorista. As duas montadoras já uniram forças para construir vans comerciais e caminhões.
"Quando trouxermos essa coisa para o mercado, ela será realmente poderosa", disse Hackett. "Provavelmente, haverá parceiros da aliança que ainda não anunciamos, que garantirão que não assumiremos todos os riscos financeiramente.