VW quer nova fonte de energia para bateria de elétricos; cobalto vira opção
Tom Wilson e Christoph Rauwald<br>Colaboração de Mark Burton
28/11/2017 04h00
Marca intensifica busca por metais por ofertas a longo prazo para as baterias que alimentam seus carros elétricos
Atual maior fabricante de automóveis do mundo, a Volkswagen chamou nesta semana produtores e comerciantes de cobalto, um dos metais de melhor desempenho dos últimos meses, para conversar em sua sede, garantem fontes ligadas à marca.
A compra desse componente (fundamental para as baterias), porém, pode não ser tão simples quanto se pensava. Isso porque depois de apresentar uma proposta aos vendedores em setembro, a Volks flexibilizou as exigências das ofertas a preços fixos com desconto, avisam os informantes de Bloomberg.
Consultada, a Volkswagen afirma que "mantém intensas negociações com produtoras de materiais para carros elétricos", acrescentando que as discussões também têm relação com a transparência adotada pela marca desde o episódio do Dieselgate.
Por que o cobalto?
Por sua capacidade de condução de eletricidade, o metal normalmente usado para endurecer o aço se tornou parte essencial das baterias recarregáveis. Por essa busca, vendedores e negociantes dizem que ficou difícil garantir a oferta.
Só que a garantia de compra a longo prazo seria crucial para a Volks, afinal a empresa já afirmou que planeja investir mais de 34 bilhões de euros (US$ 40 bilhões, ou cerca de R$ 135 bilhões) nos próximos cinco anos em tecnologias para veículos eletrificados e sistemas de direção autônoma.
Com o "boom" dos carros elétricos que tanto são notícia nos últimos meses, a demanda pelo cobalto pode multiplicar por até 47 vezes até 2030, diz pesquisa da Bloomberg New Energy Finance. O metal acumula alta de 86% neste ano e a tonelada tem sido encontrada por US$ 61 mil na Bolsa de Metais de Londres.
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Preço maior
É verdade que os preços elevados e as restrições de oferta levam algumas fabricantes de veículos a investir em novas tecnologias de baterias menos dependentes do cobalto. Ainda assim, o metal deverá ser negociado acima do pico de 2008, de US$ 107 mil (quase R$ 340 mil), por um "período sustentado", apesar de as mineradoras estarem buscando novas fontes.
Entre as maiores produtoras mundiais do metal estão marcas como Glencore, Eurasian Natural Resources e China Molybdenum.
No ano passado, a Glencore despachou 24.500 toneladas da mina Mutanda, no Congo, quase um quarto da produção global. As minas de níquel, como as administradas pela Sherritt International em Madagascar e pela Vale na Nova Caledônia, também produzem cobalto, mas em volumes muito menores que do Congo.
O país africano, aliás, responde por cerca de dois terços da produção global do material. A maior parte vem de minas administradas por Glencore e China Molybdenum, mas cerca de 10% a 20% provêm de escavações informais que, segundo organizações -como a Anistia Internacional-, poderiam até usar trabalho infantil.
A dependência do Congo e o risco de um metal extraído em condições perigosas entrar na cadeia de abastecimento global aumenta ainda mais a necessidade de os usuários garantirem fontes confiáveis e transparentes.