É Ludmilla na cidade: cantora assume de vez o samba e comanda Beija-Flor
Colaboração para o UOL, de São Paulo
20/02/2023 18h30
Na segunda noite de desfiles das escolas do Grupo Especial no Rio de Janeiro, a Marquês da Sapucaí recebe uma enorme leva de famosos. Entre elas está Ludmilla, que cantará no carro de som da Beija-Flor na madrugada como segunda intérprete da escola, ao lado de Neguinho.
Essa é mais uma ação da guinada de Ludmilla para o mundo do samba. Tudo começou em 2020 com o Numanice, que teve uma segunda versão no ano seguinte.
Foi a segunda edição do projeto que levou Ludmilla a conquistar o Grammy Latino como melhor álbum de samba/pagode.
O desfile, marcado para iniciar entre 2h e 2h40, é o penúltimo da noite e trará Giovanna Lancellotti como primeiro destaque, no abre-alas. Vice-campeã em 2022, a Beija-Flor homenageia os "excluídos da independência do Brasil" neste ano.
Giovanna Lancellotti será destaque do abre-alas da Beija-Flor
Antes dela, se apresentam outras quatro escolas: Paraíso do Tuiuti, Portela, Vila Isabel e Imperatriz Leopoldinense. O tempo de cada desfile será de, no mínimo, 60 minutos e, no máximo, 70, com risco de penalização na soma de pontos caso se antecipem ou atrasem.
Em seguida, a Portela comemora seus cem anos de existência com o enredo "O Azul Que Vem do Infinito", que conta a sua própria história. O desfile contará com participação de Zeca Pagodinho no carro abre-alas, Glória Pires, Marisa Monte, Paulinho da Viola e rainhas de baterias de outros carnavais, como Adriane Galisteu, Luiza Brunet e Sheron Menezes.
Já a Unidos de Vila Isabel, terceira a se apresentar, traz novamente Sabrina Sato como rainha de bateria, além de Paula Bergamin como musa e Gabi Martins como musa da bateria. Com o enredo "Nessa Festa, Eu Levo Fé!", a escola segue o conceito de que a religiosidade serve como impulso para as comemorações no mundo todo —dos festejos aos deuses da mitologia grega à saudação à morte no México.
Depois, a Imperatriz Leopoldinense, detentora de oito títulos de campeã, tem Janja como madrinha da velha guarda, embora a primeira-dama não vá comparecer ao desfile. A jovem da comunidade Maria Mariá assume o posto de rainha da bateria e desfila sob enredo baseado em histórias de cordel, que destaca a cultura sertaneja: "O aperreio do cabra que o Excomungado tratou com má-querença e o Santíssimo não deu guarida".
"As escolas estão investindo em pesquisa e criatividade; querem causar um grande impacto na avenida. Pelos enredos divulgados, sabemos que será muito diversificado. Será um desfile muito equilibrado, com muita disputa e sem poder arriscar um favorito", contou Jorge Perlingeiro, locutor oficial das apurações na Sapucaí e diretor social da Liesa (liga das escolas de samba do Rio) ao UOL.
Fecha a noite (e a leva do Grupo Especial de 2023) a escola Unidos do Viradouro, campeã de 2020, que traz Erika Januza como rainha de bateria pelo segundo ano consecutivo. O tema, "Rosa Maria Egipcíaca", homenageia a autora do mais antigo livro escrito por uma mulher negra no Brasil. "Tenho a certeza de que vou chorar este ano igual ao ano passado. Chorei até nos ensaios", disse Januza.