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Do nu ao vestido: a mudança no conceito da Globeleza

Ane Cristina

Do UOL, em São Paulo

21/04/2022 04h00Atualizada em 21/04/2022 13h06

Após quase 30 anos, esse é o primeiro Carnaval — ainda que fora de época — em que a Rede Globo não utiliza a imagem da Globeleza em sua vinheta de Carnaval. A personagem ganhou o título em 1993, ainda que o "Samba da Globo" já tocasse na emissora há dois Carnavais.

Também neste ano, é a primeira vez que uma mulher canta a música da vinheta.

Ao longo dos anos, a personagem "Mulata Globeleza" recebeu críticas por contribuir para a sexualização da mulher negra.

O UOL questionou a Globo sobre a mudança, que respondeu: "Esse ano não temos uma pessoa que personifique o Carnaval Globeleza. Optamos por gravar a música, pela primeira vez, com uma voz feminina, potente como a de Teresa Cristina. A vinheta dos próximos anos ainda não foi definida".

As Globelezas

A primeira Globeleza foi Valéria Valenssa, que ocupou o posto de 1993 a 2005. Ela foi escolhida para o papel após participar do concurso Garota de Ipanema. Impressionou Hans Donner — com quem se casou — e Boni, mas não passou na competição.

O mago das vinhetas, como Hans Donner é conhecido, foi atrás dela quando precisou de um rosto para representar o Carnaval da Globo. Em entrevista ao UOL em outubro do ano passado, o designer contou como foi a busca pela jovem.

Valéria Valenssa Globeleza - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

"Procurei mulheres no país inteiro [para ser a Globeleza] e não consegui achar. Ela [Valéria Valenssa] já estava desiludida, havia virado vendedora da C&A. Procurei por dois anos e não achei. A minha produção foi atrás e a encontrou vendendo roupa para criança na loja em Madureira [na zona norte do Rio de Janeiro]", disse.

Em suas vinhetas, Valéria apareceu quase sempre com os seios à mostra, coberta apenas por pinturas corporais coloridas.

Ela foi demitida do cargo em 2005. Em algumas entrevistas, contou que entrou em depressão e teve até pensamentos suicidas.

"Tive os piores dias da minha vida e, graças a Deus, estou curada e feliz", disse em entrevista ao UOL em 2020.

Giane Carvalho

Giane Carvalho foi a Globeleza no ano de 2005. Na vinheta, inclusive, Valéria passa o posto para a novata, escolhida através de um concurso no programa do antigo "Domingão do Faustão" (TV Globo).

Sem grandes explicações, ela foi substituída já no seguinte e hoje leva uma vida longe dos holofotes.

Aline Prado

Aline Prado - Globo - Globo
Aline Prado
Imagem: Globo

Na sequência, Aline Prado ocupou o posto entre 2006 e 2013. Assim como Valéria e Giane, Aline aparecia sambando ao centro de suas vinhetas, que contavam com bastante nudez, pinturas e adereços corporais coloridos.

Deixou o cargo após 7 anos, quando a Globo anunciou um concurso para escolher uma nova Globeleza.

Nayara Justino

Nayara foi escolhida para ser a Globeleza em um concurso por voto popular no "Fantástico" (TV Globo). Assim como Giane, ela só ficou um ano no cargo. Nayara foi a primeira Globeleza a relatar ter recebido ataques racistas.

Nayara Justino - TV Globo - TV Globo
Nayara Justino
Imagem: TV Globo

"Eu sofri muitos ataques pela internet. Muita gente fazia comparações com personagens que não eram legais. Me chamavam de macaco, Zé Pequeno, e por aí vai. Eu já tinha sofrido isso, mas não nessa proporção. Eu não tinha como me defender", desabafou Nayara em entrevista ao "Programa do Gugu" (TV Record), em 2016.

"Eu não queria sair, não queria falar com as pessoas, chorava muito. Até hoje eu choro. Foi uma coisa que me marcou muito".

Ela disse ainda ter se sentido usada. "Quando eu apareci, eu meio que dei uma levantada no título (de Globoleza), e depois me tiraram do posto. Não tenho revolta por terem me tirado, mas o problema é que eu não pude me defender das ofensas que recebi", contou.

Erika Moura

Erika Moura - Globo - Globo
Erika Moura
Imagem: Globo

Erika Moura foi a representante do posto de 2015 até 2020, ano do último Carnaval com vinheta na Globo. Ela foi a Globeleza que viveu a mudança no conceito da personagem.

Desde 2017, a emissora "passou a explorar diversidade e a riqueza do carnaval brasileiro", como publicado no site Memória Globo.

Com a mudança, Erika deixou de ser o foco das vinhetas, que contam com mais pessoas e novos elementos que representaram, até então, o frevo, o maracatu, o axé, o bumba meu boi e as festas tradicionais, além do carnaval tradicional de avenida. Por fim, a Globeleza também deixou de aparecer nua.

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