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Dormir mal afeta emoções e traz riscos à saúde mental a longo prazo

Em São Paulo, dados do Episono (Estudo Epidemiológico do Sono) mostram que 45% da população queixa-se de insônia. Imagem: iStock

Gabriela Cupani

Da Agência Einstein

24/01/2024 09h34

Um megaestudo revisou as pesquisas feitas nos últimos 50 anos e mostrou evidências sólidas de que dormir mal influencia o funcionamento emocional, trazendo consequências para a saúde mental a longo prazo.

A pesquisa, feita por cientistas da Universidade de Montana, nos Estados Unidos, mostrou que a falta de sono foi associada a menos emoções positivas, como alegria e contentamento, e aumento dos sintomas de ansiedade.

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Além disso, o trabalho mostra que esses efeitos negativos ocorrem mesmo quando a pessoa tem pequenas reduções no período de descanso, como deitar uma ou duas horas além do usual.

A longo prazo, isso aumenta o risco de transtornos do humor, como depressão, ansiedade e transtorno do estresse pós-traumático.

Maíra Honorato, a especialista em medicina do sono do Hospital Israelita Albert Einstein

Os autores buscaram os estudos existentes sobre todo tipo de privação de sono e seu impacto no estado emocional. Para isso, analisaram 154 artigos de 28 países, totalizando 5.715 participantes.

Nos trabalhos incluídos, os cientistas induziram os voluntários a simular tanto a privação aguda - em que eles ficavam longos períodos sem pregar os olhos - quanto a crônica, em que tinham que dormir menos horas do que o usual.

Também foi avaliado o efeito do chamado sono fragmentado, quando ele é interrompido várias vezes.

O impacto emocional foi mensurado por meio de questionários com respostas a estímulos emocionais e testes para medir sintomas de ansiedade e depressão. Todos os dados eram comparados a um grupo controle.

Diferente dos afetos positivos, as emoções negativas como medo, raiva, desgosto e estresse, foram menos consistentes.

Para os autores, há uma explicação evolutiva para esse fenômeno: esses sentimentos têm função imediata diante de uma ameaça. "O fato de eles serem menos afetados pela falta de sono seria melhor para nossa própria proteção", explica a especialista.

Outros estudos sugerem que cerca de 30% dos adultos não dormem o suficiente.

Um artigo brasileiro aponta que fatores como tabagismo, consumo de álcool, sedentarismo e excesso de peso também estão associados a problemas para dormir. Em São Paulo, dados do Episono (Estudo Epidemiológico do Sono) mostram que 45% da população queixa-se de insônia.

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