Diabetes tipo 2: abacate contém composto que diminui resistência à insulina
Do VivaBem, em São Paulo
10/11/2019 11h59
Um composto presente no abacate diminui a resistência à insulina, relacionada ao diabetes tipo 2, de acordo com um estudo publicado no periódico Molecular Nutrition & Food Research em outubro.
Naturalmente, o corpo controla as taxas de açúcar no sangue com a ajuda do hormônio pancreático insulina. Mas nas pessoas com diabetes tipo 2, o corpo não produz esse hormônio ou cria resistência a ele. A explicação para essa resistência, segundo os autores do estudo, é que partes das células não conseguem queimar gorduras por oxidação suficiente.
O AvoB, ou avocatina B, presente no abacate, entretanto, garante a oxidação completa das gorduras, levando a uma melhor tolerância e utilização da glicose, o que melhora a sensibilidade à insulina.
Como o estudo foi feito
- Os cientistas alimentaram camundongos com uma dieta rica em gordura por oito semanas. Assim, eles deixaram os animais obesos e resistentes ao hormônio pancreático. Então, a equipe adicionou o AvoB à dieta de metade dos ratos pelas próximas cinco semanas.
No final das 13 semanas, os camundongos que ingeriram AvoB ganharam peso a uma taxa mais lenta do que seus colegas e a sensibilidade à insulina aumentou.
Em outro estudo clínico, os pesquisadores investigaram os efeitos de um suplemento AvoB em humanos, associado a uma dieta balanceada por 60 dias. As dosagens foram de 50 ou 200 mg.
Os resultados mostraram que os participantes haviam tolerado bem o composto. A equipe não encontrou efeitos negativos no fígado, músculos ou rins e nenhuma indicação de toxicidade dependente da dose. Entretanto, em humanos, a perda de peso foi insignificante.
Testes em humanos
A equipe de cientistas, da Universidade de Guelph, no Canadá, já tem autorização do país para vender o AvoB em forma de pó e comprimido no ano que vem. De acordo com Paul Spagnuolo, que liderou a pesquisa, simplesmente comer abacates não fornecerá AvoB suficiente para uma pessoa obter seu benefício potencial.
Segundo ele, a quantidade do composto varia de fruto para fruto. Além disso, eles ainda não sabem como o corpo o extrai dos abacates.
Os resultados, no entanto, fortalecem a tese de que o composto pode funcionar. "Defendemos uma alimentação saudável e exercícios como soluções para o diabetes tipo 2, mas isso é difícil para algumas pessoas. Sabemos disso há décadas, e a obesidade e o diabetes ainda são um problema de saúde significativo", diz Nawaz Ahmed, principal autor do artigo. Talvez o AvoB possa complementar o tratamento tradicional.
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