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Inspiração pra fazer da atividade física um hábito


Paraplégico após acidente aéreo, ele joga basquete para afastar a depressão

Miguel é apaixonado por esportes e a atividade física foi muito importante para sua recuperação Imagem: Arquivo pessoal

Elcio Padovez

Colaboração para o VivaBem

15/09/2019 04h00

O ex-inspetor de voo Miguel Adriano Rossi, 43 anos, se apegou ainda mais ao amor pelos esportes após um acidente de helicóptero que o deixou paraplégico e sem sensibilidade dos mamilos para baixo. A seguir ele conta como se tornou atleta de basquete adaptado e a importância da atividade física em sua recuperação:

"Sempre fui apaixonado por exercício físico e na infância pratiquei basquete, ciclismo e skate. Nessa época, já tinha um pequeno contato com esportes adaptados, mas nunca imaginei que um dia precisaria deles para superar um grave acidente que sofri no fim de 2017.

Imagem: Arquivo pessoal
Eu trabalhava como inspetor de voo e, durante um teste de uma aeronave mais antiga, o helicóptero caiu ao levantar voo na região de Curitiba. Havia mais três pessoas comigo e que desmaiaram com o impacto. Eu não desmaiei e ali no chão mesmo tive consciência do que tinha acontecido.

Perdi a sensibilidade dos mamilos para baixo e passei cinco dias na UTI (Unidade de Tratamento Intensivo). Nesse período na cama do hospital, ao mesmo tempo em que absorvia a notícia de que havia ficado paraplégico e precisaria usar uma cadeira de rodas para sempre, pensava em como poderia praticar esportes nesta nova situação.

Quando saí da UTI e soube que na capital do Paraná não havia tratamento aliado à prática esportiva de pessoas na minha situação, solicitei a transferência para um centro em Belo Horizonte (MG), onde poderia voltar a jogar basquete, desta vez, adaptado. Passei um mês por lá e depois a empresa pela qual sofri o acidente começou a me auxiliar com medicamentos, transporte, moradia e alimentação, o que permitiu que eu seguisse treinando em Curitiba, minha cidade natal.

Miguel (com a bola) sonha um dia defender o Brasil nas Paraolimpíadas Imagem: Arquivo pessoal

Para entrar em quadra, sou amarrado na cadeira de rodas pelo tronco, e como mantive parte dos movimentos dos braços, consigo me movimentar e jogar. Pratico basquete três vezes por semana, à noite, e preencho o resto do dia com muitas atividades, pois não aceito a ideia de a depressão e a tristeza entrarem em minha vida.

De manhã, eu me dedico aos outros e sou voluntário na ADFP (Associação dos Deficientes Físicos do Paraná). Gosto de praticar outros esportes adaptados lá e ajudo no que for preciso dentro da associação. À tarde, cuido da minha saúde e recuperação no Centro de Excelência em Reabilitação Neurológia (CERNE), com sessões de fisioterapia e acompanhamento psicológico.

Meu contrato com a empresa segue ativo, e apesar de alguns pedidos para voltar ao trabalho, não tenho vontade. Com o acidente, descobri outras vocações, como a filantropia, e quero desenvolvê-las.

Desde o dia da queda do helicóptero, não consegui mais entrar em casa pois ela não está adaptada a deficientes, assim como minha rua, cheia de buracos e desníveis

Na rua da minha casa fica a Associação de Cegos e o pessoal que frequenta o local sofre para chegar até lá. Moro em um flat e tenho acompanhamento 24 horas de um enfermeiro. O lugar também não possui todos os pontos de acessibilidade, mas após alguns pedidos meus, fizeram melhorias.

O amor ao esporte ajudou a me recuperar e a seguir em frente. Viajo com a equipe de basquete adaptado para competições regionais e no momento, treinamos para disputar o Campeonato Catarinense. Penso ser um sonho possível disputar uma edição dos Jogos Parapan-Americanos ou das Paraolimpíadas. Quem sabe eu não esteja lá em Santiago em 2023 (próxima cidade-sede do Pan) ou em Paris (onde vai ser realizada a Paraolimpíada de 2024).

Errata: este conteúdo foi atualizado
O texto informou incorretamente que Darlan, vizinho de infância de Miguel, era deficiente físico. Darlan é técnico de uma equipe de bocha paraolímpica e ajudou a criar o time de basquete que Miguel defende.
Diferentemente do informado, Miguel trabalhava como inspetor de voo e não piloto.

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