Depressão deve ser prevenida a partir da infância, dizem especialistas
Da Agência Fapesp
15/11/2018 09h57
Considerada o mal do século pela Organização Mundial de Saúde (OMS), a depressão já desponta como a terceira maior doença entre adolescentes e é a segunda principal causa de morte de jovens entre 15 e 25 anos no mundo.
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De acordo com Guilherme Vanoni Polanczyk, professor do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), a maioria dos casos de depressão e de outros transtornos mentais começa na puberdade, provavelmente por influência dos hormônios sexuais. Segundo ele, nessa fase da vida, o número de casos de depressão aumenta substancialmente, principalmente entre meninas.
“Essa diferença de casos de depressão entre os sexos se mantém ao longo da vida. Já em crianças, a prevalência de depressão está em torno de 1%”, comparou Polanczyk, que coordena o Núcleo de Pesquisa em Neurodesenvolvimento e Saúde Mental da USP e é chefe da Unidade de Internação do Serviço de Psiquiatria da Infância e Adolescência do Instituto de Psiquiatria da mesma universidade.
Em adolescentes, os sintomas de depressão mais comuns são alteração de humor, caracterizada por predomínio de tristeza, melancolia e irritabilidade, juntamente com a perda de entusiasmo por atividades que despertavam interesse e prazer, além de mudanças nos padrões de sono e de apetite, maior sensação de cansaço e a persistência de pensamentos negativos sobre si e em relação ao futuro.
A existência desses sintomas por um período maior do que duas semanas e referências à morte e ao suicídio são sinais de alerta do desenvolvimento de uma quadro de depressão, que pode ocorrer uma única vez ou se repetir ao longo do tempo e resultar em um transtorno depressivo, explicaram os especialistas.
“Esse conjunto de sintomas não necessariamente implica um quadro de depressão, mas é um sinal de alerta”, ponderou Polanczyk.
O desconhecimento sobre saúde mental, a fantasia de que adolescência e juventude são períodos excelentes da vida e, portanto, não é possível estar deprimido nelas, além da opinião deturpada de que a depressão é sinônimo de fraqueza, dificultam o diagnóstico e, consequentemente, o tratamento da doença, apontaram os participantes.
“A depressão é uma vulnerabilidade que algumas pessoas apresentam em razão de um desequilíbrio neuroquímico e que precisa ser identificada e tratada. Quanto menor o tempo em que isso for feito, melhor para o paciente, que terá menos complicações ao longo da vida”, disse Sandra Scivoletto, professora de Psiquiatria da Infância e Adolescência no Departamento de Psiquiatria da FMUSP.