Mesmo que por pouco, separar recém-nascidos das mães causa danos mentais
Do VivaBem
05/05/2018 12h20
Um estudo realizado em conjunto pelas universidades de Indiana e Purdue, ambas nos Estados Unidos, mostrou que, mesmo por um curto período, a separação de mãe e filho pode causar traumas que alteram significativamente as funções do cérebro na fase adulta.
Para chegar à conclusão da pesquisa feita com animais, camundongos recém-nascidos foram separados de suas mães durante 24 horas, quando eles tinham apenas nove dias --fase, de acordo com os cientistas, importante para o desenvolvimento do cérebro.
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Os exames revelaram que, ao contrário dos animais que não foram separados da mãe durante este período crucial, os ratos separados exibiram significativas anormalidades comportamentais, biológicas e fisiológicas na idade adulta.
"Os cérebros humanos e de ratos têm estrutura e conectividade semelhantes", disse Christopher Lapish, professor de psicologia e chefe do laboratório onde foi realizado a pesquisa. "Compreender o que acontece no cérebro de um rato jovem que é removido de sua mãe nos dá uma visão importante de como esse tipo de trauma inicial --talvez comparável ao encarceramento de uma mãe humana-- afeta o cérebro humano jovem”, compara.
Como ficaram estes animais na fase adulta?
De acordo com Sarine Janetsian-Fritz, uma das autoras, foi observado comprometimento de memória, bem como menos comunicação entre as regiões cerebrais, nos animais que foram removidos de suas mães, entre outras alterações neurológicas.
Segundo a neuropsicóloga, “essas observações dão pistas de como um evento traumático no início da vida pode aumentar o risco de uma pessoa receber, no futuro, um diagnóstico de esquizofrenia.”
Apesar de as causas da esquizofrenia ainda serem uma mistério, o comportamento dos ratos separados de suas mães no início da vida foi relacionado ao transtorno mental. Mesmo sem saber como a esquizofrenia se desenvolve, Brian F. O'Donnell, co-autor do estudo e também professor de psicologia, diz que crianças expostas a estresse ou privação na primeira infância correm maior risco de desenvolver doenças mentais, como esquizofrenia, e alguns vícios na vida adulta.
"Identificamos mudanças duradouras no cérebro e no comportamento destes roedores e que resultam de um tipo de estresse. Esses tipos de alterações cerebrais podem desencadear em eventos adversos na vida das crianças. Assim, políticas ou intervenções que atenuam o estresse de crianças poderiam reduzir a vulnerabilidade a transtornos emocionais na idade adulta", completa.