Cura do diabetes? Transplante de células-tronco inibe tipo 1 da doença
Do VivaBem
28/04/2018 14h44
O diabetes tipo 1 é uma doença autoimune que atinge mais de 1 milhão de pessoas no Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde. A condição é gerada por um conjunto de alterações metabólicas, que prejudica a produção de insulina no pâncreas e faz com que o nível de glicose no sangue fique constantemente elevado. Por isso, pessoas com a condição precisam aplicar injeções de insulina algumas vezes ao dia para manter a glicemia controlada.
Mas um transplante de células-tronco criado por cientistas brasileiros promete deixar os pacientes com diabetes tipo 1 livres das "picadas" com o medicamento. O trabalho científico foi realizado por pesquisadores do Centro de Terapia Celular (CTC) e da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, da Universidade Federal do Ceará (UFC) e da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).
Veja também
Veja também:
- Sou diabético e não tenho ereções. A culpa é dos remédios, Jairo?
- Diabetes não tem um tipo e, sim, cinco, descobre estudo
- Conheça alimentos que ajudam a manter a diabetes controlada
Na pesquisa, 24 pessoas com a condição recém-diagnosticada fizeram transplante de células-tronco e foram comparadas a 144 indivíduos que seguiram com o tratamento convencional. "Vimos que 84% dos doentes que se submeteram ao transplante ficaram livres das injeções de insulina em algum momento, enquanto nenhum paciente em tratamento convencional deixou de administrar o remédio", declarou o endocrinologista Carlos Eduardo Barra Couri ao Jornal da USP.
Além disso, o grupo transplantado não apresentou sequelas do diabetes nos olhos, rins e nervos dos pés, diferentemente de 25% do grupo com tratamento convencional. A pessoa que recebeu células-tronco com maior tempo livre de insulina até a publicação do estudo estava há oito anos sem usar o medicamento.
Segundo Couri, o transplante de células-tronco para o diabetes tipo 1 possibilita um reset imunológico. ?Os pacientes têm o sistema imunológico desligado quase completamente, com altas doses de quimioterapia, e reiniciado do zero, com infusão, pela veia, de células-tronco da medula óssea do próprio doente —que haviam sido coletadas e congeladas antes do início do procedimento", explica o pesquisador. Após o procedimento, o sistema imunológico para de agredir as células produtoras de insulina localizadas no pâncreas.
A equipe de transplante de células-tronco do Hospital das Clínicas da FMRP é pioneira mundialmente no uso de células-tronco em humanos com diabetes. O primeiro paciente foi incluído no fim de 2003 e transplantado no início de 2004. Os cientistas seguem recrutando pacientes para pesquisas na área. (com informações do Jornal da USP)