A meditação pode até melhorar a empatia, mas não nos torna seres superiores
Do VivaBem, em São Paulo
08/02/2018 14h37
Existe a crença de que praticar meditação nos torna mais sociáveis, melhorando a empatia e a interação com outras pessoas. Porém, um novo estudo, publicado no periódico Scientific Reports, sugere que a prática não te torna um ser superior.
Uma equipe de cientistas examinou estudos já existentes para reunir evidências de que a meditação e o mindfulness promovem a diminuição da agressão, aumento da gentileza e da empatia, maior conexão, menos preconceito e um comportamento de maior engajamento social. Porém, os especialistas não acharam evidências científicas para nenhuma destas afirmações.
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“As práticas de meditação oferecem a esperança de um eu melhor. Apesar das grandes esperanças de praticantes e estudos antigos, nossa pesquisa descobriu que deficiências na metodologia influenciam muitos dos resultados dados anteriormente”, disse um dos autores do estudo, Miguel Farias, da Universidade Coventry, no Reino Unido, ao site Medical News Today.
Ao juntar os estudos já publicados, os cientistas notaram que as pesquisas que mostravam a melhora social entre meditadores foram criadas pelo mesmo professor de meditação. “Isso revela que os pesquisadores podem ter desviado involuntariamente os resultados”, afirmou Farias.
Os dados mostram que a prática meditativa provoca efeitos sutis na compaixão e na empatia, mas não na agressão, conexão ou preconceito. Além disso, a maioria dos resultados positivos iniciais dos estudos desaparecem quando os grupos de meditação são comparados a pessoas que não meditam.
Então é para desacreditar completamente da meditação? Não é bem assim.
Nada disso, é claro, invalida as afirmações do budismo ou de outras religiões sobre o valor moral e, eventualmente, potencial de mudança de vida de suas crenças e práticas.
A meditação provavelmente terá um efeito positivo, mas relativamente limitado, para que os indivíduos sintam ou atuem de forma mais social ou menos agressiva e prejudicada. Comparado a não fazer uma nova atividade emocionalmente envolvente, pode fazer com que se sinta moderadamente mais compassivo ou empático.
“Mas nossos achados de pesquisa estão longe de muitas reivindicações populares feitas por meditadores e alguns psicólogos”, explicou Farias.
Para entender o verdadeiro impacto da meditação sobre os sentimentos e comportamento das pessoas, precisamos primeiro abordar detalhadamente a metodologia da pesquisa, “começando por afastar as altas expectativas que os pesquisadores podem ter sobre o poder da meditação”, concluiu.
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