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Debatendo a DPOC

Especialistas discutem sintomas e tratamentos da doença, que já atinge 6 milhões de brasileiros

oferecido por Selo Publieditorial

DPOC: Nunca ouviu falar?

É impressionante como uma doença tão comum ainda seja desconhecida, piorando sem ser notada até ameaçar a vida

Ela não surge da noite para o dia. Aliás, o estopim pode ser na juventude, quando se acende o primeiro cigarro. Sim, são gases tóxicos como os da queima do tabaco que vão irritando todo o trajeto do ar até os pulmões. E, dentro neles, provocam danos que, para complicar, impedem a absorção adequada do oxigênio. Sem ele, que é o combustível para tudo o que acontece em nosso organismo, fica difícil viver. Literalmente.

Esse mal, descoberto na maioria das vezes quando já é tarde demais, isto é, quando falta disposição física para tocar o dia a dia ou quando as hospitalizações se tornam frequentes, se chama Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica. Ou, se preferir a sigla, DPOC.

O diagnóstico, infelizmente, leva 10 anos ou mais para acontecer. Em parte, porque as pessoas não valorizam os sintomas. Atribuem ao estresse, as noites mal dormidas. Aprendem a conviver com o cansaço que nunca vai embora. O chiado e a tosse? Elas acabam considerando normais. Mas o mais triste é que, enquanto isso, o fôlego vai sumindo aos poucos. Nos primeiros anos, de forma quase imperceptível.

E veja: nada menos do que 6 milhões de brasileiros têm DPOC. Uma situação muito comum para ninguém falar dela.

Se chega ao ponto de alguém notar, é porque o estrago nas vias aéreas e nos pulmões está avançado.

Irma de Godoy, Pneumologista e Professora da Faculdade de Medicina da Unesp de Botucatu, interior paulista.

Diagnóstico precoce é fundamental

No começo, parece que falta o ar na hora de subir uma ladeira, pegar algo mais pesado, fazer uma faxina?Se a pessoa se dá conta e procura o médico, ela pode ser orientada a tratar apenas o excesso de peso ou a hipertensão - para citar dois problemas que, de fato, também são comuns e que podem diminuir o fôlego.

Quando falta o ar, a investigação clínica precisa sempre considerar a suspeita de existir algo de errado com os pulmões.

Rafael Stelmach, Pneumologista e Presidente da Fundação ProAr, criada para expandir o diagnóstico e o acesso ao tratamento de doenças respiratórias crônicas.

Ou seja, o médico de outra especialidade deve encaminhar o paciente ao pneumologista ou pedir, ele próprio, um exame para checar as condições dos pulmões. Ciente da possibilidade de ser uma DPOC, esse exame capaz de flagrá-la seria a espirometria.

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O cigarro acende a suspeita

Cerca de 85% dos portadores de DPOC são fumantes. "O tabagismo é, de longe, a sua principal causa", reforça a professora Irma de Godoy. E quanto mais cigarros a pessoa fumou por dia ou quanto mais longo o período em que foi tabagista, pior.

Especialmente no caso de quem começou a fumar cedo, a DPOC dá seus primeiros sinais lá pela quarta década de vida, entre os 40 e os 50 anos de idade, quando muitos estão no auge da carreira ou ainda com filhos pequenos.

Progressiva, a doença vai, mais do que encurtando a expectativa de vida, diminuindo drasticamente a qualidade do dia a dia, até esse indivíduo chegar à terceira idade dependendo, em boa parte dos casos, de um cuidador.

Oliver Nascimento, Médico, especialista interno da GSK e coordenador do programa de pós-graduação em Pneumologia da Universidade Federal de São Paulo.

Cerca de 25% dos pacientes necessitam, vez ou outra, ser internados, o que tem um elevado custo financeiro e emocional. Isso pode acontecer nas chamadas exacerbações, crises nas quais a respiração piora de uma hora para outra por diferentes motivos, desde estresse até mudança de clima e substâncias irritantes no ar.

Muitas vezes, a exacerbação é contornada com remédios em casa. Noutras, porém, não tem jeito: é preciso mesmo correr para o hospital. E, sim, a falta de oxigenação pode ser tamanha que o paciente corre o risco de morrer. Lamentamos informar: daqui a apenas uma década, em 2030, a DPOC já será a terceira maior causa de mortes entre nós, segundo a Organização Mundial da Saúde.

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Qual o tratamento então?

Fique claro que os estragos acumulados pela DPOC nos pulmões não têm volta. Daí ser fundamental falar mais do assunto, desconfiar dos sintomas para, então, conversar com o médico sobre a saúde dos pulmões. Por isso, aliás, está se sendo lançada a campanha DPOC - Informação Inspira, realizada pela farmacêutica GSK.

Afinal, o tratamento correto impede a DPOC de continuar avançando. Ele consiste, no mínimo, em três frentes:

  1. Largar o cigarro de vez. Não adianta tratar de um lado, se essa fumaça continuar irritando os pulmões.
  2. Usar remédios inaláveis específicos. Eles são cada vez mais eficientes e muito seguros.
  3. Zelar pelo estilo de vida equilibrado. Isto é, fazer atividade física orientada, sem colocar a DPOC como desculpa para ser sedentário, e caprichar em uma alimentação saudável.

O médico poderá, eventualmente, indicar outros remédios — por exemplo, para debelar depressa eventuais infecções respiratórias que possam piorar o estado dos pulmões de vez. Aliás, por isso mesmo a vacina de gripe é mais do que obrigatória.

Pode ser uma boa, ainda, buscar ajuda psicológica para lidar com a realidade de ser portador de uma doença crônica. Ela, afinal, irá exigir cuidados diários pelo resto da vida. Mas, fazendo tudo direito e sem perda de tempo, haverá fôlego para aproveitá-la por muito tempo.

Gustavo San Martin, Presidente da associação de pacientes Crônicos do Dia a Dia.

Entenda os sintomas

  • Falta de ar

    Já que ele custa para entrar e pode custar ainda mais para sair dos pulmões, o organismo não consegue ajustar o fôlego para fazer um esforço, como subir uma escada. O triste é que, sem tratamento, a DPOC progride e, aí, a sensação de falta de ar pode aparecer até em tarefas corriqueiras como tomar banho.

  • Tosse

    Ela é a estratégia do organismo para tentar se livrar do excesso de muco e desobstruir o trajeto do ar.

  • Chiado

    Se a passagem do ar é muito estreita, ele sempre assobia, como acontece quando sopra por uma fresta. Em outras palavras, o chiado é a prova sonora do estreitamento das vias aéreas.

  • Dificuldade para dormir

    O muco pode se acumular mais à noite, provocando tosse na madrugada. A própria respiração prejudicada não permite um bom repouso.

  • Cansaço sem fim

    Qualquer movimento cansa mais quando a pessoa tem DPOC e não se trata. Além disso, a falta de um sono reparador é sentida no dia seguinte, afetando até mesmo a capacidade de concentração.

A DPOC em números

  • No mundo

    64 milhões de pacientes. Até 2030 será 3.ª maior causa de mortes.

  • No Brasil

    6 milhões de pacientes. 4 em cada 5 portadores não sabem que têm a doença. 25% já foram hospitalizados por falta de ar.

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