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10 perguntas sobre D.A.

Especialista esclarece as principais dúvidas sobre a doença

oferecido por Selo Publieditorial

Dermatologista pela Sociedade Brasileira de Dermatologia e alergista pela Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia, o Prof. Dr. Mario Cezar Pires detalha a dermatite atópica e reforça: quanto mais as pessoas conhecerem a doença, maior a chance de controlá-la e de conviver bem com ela.

Quanto mais as pessoas conhecerem a doença, maior a chance de controlá-la e de conviver bem com ela.

Prof. Dr. Mario Cezar Pires, Dermatologista pela Sociedade Brasileira de Dermatologia e alergista pela Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia

1. A dermatite atópica (D.A.) é uma doença inflamatória, crônica e multifatorial. O que isso significa?

Significa que se trata de uma inflamação da pele, crônica por persistir (de forma contínua ou recorrente) e multifatorial por poder ser desencadeada por vários fatores. A D.A. afeta ambos os sexos e costuma ter sua primeira manifestação antes do primeiro ano de vida. Em 60% a 70% dos casos apresenta melhora na adolescência (1). Na vida adulta, há tendência de estabilizar e, em muitos casos até desaparecer (mas nem sempre...)!

2. Por que a D.A. é confundida com outras alergias?

Porque as pessoas confundem a doença em si com o fato de ela poder ter nas alergias um dos componentes desencadeantes.

3. Como e em qual fase da vida a D.A. se manifesta?

A manifestação clássica acontece por volta dos 3 meses de idade, mas a D.A. pode surgir em qualquer momento da vida. O quadro clínico muda conforme a fase da doença e pode ser dividido em três estágios: fase infantil (3 meses a 2 anos de idade), fase pré-puberal (2 a 12 anos de idade) e fase adulta (a partir dos 12 anos de idade). Em bebês, as lesões de eczema (pequenas bolhas e feridas) costumam aparecer no rosto, podendo se espalhar para pescoço, couro cabeludo, mãos, braços, pés e pernas. Já nas crianças mais crescidas e adultos, as lesões costumam aparecer recorrentemente em certas regiões do corpo, sobretudo na parte da frente do pescoço, nas dobras dos braços e pernas.

4. Quais as diferenças entre as fases aguda, subaguda e crônica da D.A.?

A aguda é mais comum em bebês, acontece de uma hora para outra e apresenta lesões úmidas e secretivas.

A subaguda é mais comum em crianças de 2 a 12 anos e provoca lesões de pele mais secas e descamativas (sobretudo nas dobras).

A crônica é mais comum em adultos, causa lesões espessas (de tanta coçadura) e pode se manifestar em qualquer parte do corpo, mas costuma se concentrar na face, mãos e dobras do corpo.

Todas podem ser intermitentes ou contínuas e têm como sintoma predominante a coceira.

5. Como a doença evolui de uma forma leve para uma manifestação grave?

Na maioria das vezes, o agravamento se dá por conta dos fatores desencadeantes, que podem ser ambientais, emocionais, infecções (tanto da pele quanto internas) e tratamentos inadequados. A questão emocional é muito, muito importante - tanto para crianças quanto para adultos. Atendi recentemente uma menina de 10 anos numa crise e ela disse: "Descobri meu problema: é a prova de matemática!". E era! Sempre que tinha de fazer teste dessa matéria, ela tinha uma crise.

6. Qual o impacto da D.A. na vida do paciente, seja na infância ou na vida adulta?

A qualidade de vida fica muito prejudicada. Em uma pesquisa recentemente realizada com pacientes portadores de dermatite atópica acima dos 14 anos, 96% relataram ansiedade e 75%, depressão. E 90% citaram piora da qualidade de vida (2). Pudera: imagine conviver com a coceira 24 horas por dia. A criança não dorme (crescimento afetado) nem consegue se concentrar (rendimento escolar comprometido) e, muitas vezes, se isola por constrangimento. O adulto mergulha em um profundo estresse, com dificuldades para trabalhar, socializar, namorar... O aspecto dos eczemas atópicos leva a pessoa a se retrair, andar cheia de roupas num calor de 30 graus, que a faz suar e agrava ainda mais o quadro.

7. Como e por qual especialista é feito o diagnóstico?

Não existe um exame laboratorial que feche o diagnóstico. Ele é feito, portanto, com base em observação clínica, na qual o médico (pediatra, dermatologista ou alergista) avalia:

Presença de coceira.

Presença de lesões na pele (no rosto do bebê, nas dobras das crianças maiores e nas dobras e qualquer outro lugar na fase adulta).

Histórico pessoal ou familiar de doenças atópicas (rinite, asma e a própria D.A.). Para se ter ideia, 80% dos casos de D.A. têm quadro respiratório associado (rinite alérgica ou asma) e apenas 20% envolvem apenas a questão da pele (3)

8. Qual o tratamento e prevenção?

O tratamento envolve três pilares: cuidados com a pele (veja quadro no fim da entrevista), de forma a recuperar a barreira cutânea, tratamento dos fatores desencadeantes (testes laboratoriais ou na pele para detectar hipersensibilidades e análises comportamentais para descobrir os principais fatores que desencadeiam as crises) e tratamento da inflamação em si (com tratamentos tópicos e sistêmicos tradicionais, tratamentos com medicamentos tópicos e novas terapias sistêmicas avançadas). Já a prevenção acontece de duas formas: primária e secundária (veja quadro no fim da matéria). A primária envolve o uso de hidratante tópico desde a gestação (para mães atópicas ou com fortes antecedentes familiares atópicos) e, a partir do 7º mês da gravidez, o uso de probióticos (quando a criança nasce, usa a critério do pediatra a partir da introdução de sucos até os 5 anos de idade).

9. Existe cura?

Não, mas há formas de controlar a doença.

10. O diagnóstico precoce aumenta a chance de controlar o problema?

Sem dúvida! Quanto mais precoce o diagnóstico e tratamento, maior a chance de controle. Num Congresso recente, por exemplo, uma enfermeira demonstrou técnicas de massagens com hidratantes que estimulariam a circulação e proporcionariam saúde emocional ao bebês, melhorando os quadros. Quanto mais cedo a pessoa/família entende a doença, melhor lida com ela. Estudo feito na Finlândia e Alemanha, acompanhou dois grupos de famílias de atópicos recebendo os mesmos medicamentos - só que um grupo recebia aulas mensais sobre DA e o outro não. Resultado: as famílias que recebiam aulas tiveram melhora significativamente superior (4).

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