"O centro pulsa e existe", diz palestrante do Festival Path sobre São Paulo
Giacomo Vicenzo
Colaboração para o TAB, em São Paulo
01/06/2019 14h31
A palestra "A arte como propulsora da inovação no Centro de São Paulo" propôs caminhos para ocupar a capital por meio da arte, além de debater como a cultura é uma via importante para inspirar o coletivismo.
A mesa de debates faz parte do Festival Path, maior evento de inovação e criatividade do país, que acontece neste fim de semana na região da Avenida Paulista, em São Paulo. Neste ano, o evento é apresentado pelo TAB.
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A gestora cultural Laura Maringoni traduziu de forma expressiva em sua fala a importância da arte para um sentimento de pertencimento na cidade. "O Projeto Escadaria, realizado na ocupação 9 de julho, ilustra os andares do prédio e fez os moradores tirarem quadros de casa e colocarem do lado de fora, para fazer parte da obra. Recebi uma foto disso hoje pela manhã e chorei de emoção", afirma.
Maringoni é ativista na ocupação desde 2017 e também é responsável pela criação de uma cozinha no local que tem como objetivo atrair olhares afetivos para as ocupações na cidade, que de acordo com ela é sempre visto de uma maneira delicada, "Como lar de pessoas sujas e drogadas. Há crianças e famílias. É preciso criar um cordão afetivo", diz.
Ela dividiu o painel com Raul Barreto, palhaço, ator e produtor do grupo teatral Parlapatões e com Vera Santana, produtora especializada em projetos e políticas culturais há uma década. A mediação da mesa ficou por conta de Rosenildo Ferreira, jornalista e empreendedor social.
"Vivemos um momento em que o desprezo pelas artes é um projeto do governo federal. Na cidade de São Paulo o teatro ainda é um gueto", afirmou Raul sobre a falta de formação de público. Mas foi enfático ao dizer que é preciso criar um teatro que não seja chato, para que as pessoas deixem o preconceito com essa arte de lado.
Vera Santana surpreendeu o público com fatos históricos sobre a cidade. "Eu descobri por meio de geógrafos que estudam a zona leste de São Paulo que o marco zero original da cidade era a Praça do Forró, em São Miguel Paulista. Lá, o registro das primeiras atividades na cidade com a fundação de uma igreja", afirmou.
Santana foi enfática ao questionar o projeto de revitalização do centro promovido pela Prefeitura de São Paulo. "O centro da cidade existe e é pulsante. Há pessoas que moram e criam seus filhos. E criam um projeto como se esse local não existisse", disse.