Oito lugares para curtir um bom samba em São Paulo
Mariana Belley
Colaboração para o Urban Taste, em São Paulo
01/08/2018 04h00
Os primeiros acordes do violão de Dorival Caymmi dão o tom: "O samba da minha terra deixa a gente mole. Quando se canta todo mundo bole". E você duvida? Alguns anos mais tarde, o também baiano Caetano Veloso escreveu que "o samba é o pai do prazer. O samba é o filho da dor. O grande poder transformador". Eis que Alcione cantou: "Não deixe o samba morrer. Não deixe o samba acabar". E os milhares de sambistas, intérpretes e rodas de samba espalhadas Brasil afora cumprem essa missão com louvor. Prova disso são esses endereços paulistanos, indicados abaixo, inteiramente dedicados a preservar, enaltecer e disseminar esse ritmo.
De norte a sul da cidade, há grupos que oferecem o melhor do samba clássico, partido-alto, de raiz, daqueles que com certeza você sabe de cor e gingado no pé. Se não a letra toda, o refrão, certamente. São rodas de rua, em espaços fechados, uns gratuitos, outros cobram couvert, alguns durante o dia, outros preferem a noite. Mas todos têm um objetivo em comum: não deixar o samba morrer.
Grupo Madeira de Lei
Imagem: Divulgação Samba da Treze
O grupo Madeira de Lei é quem comanda a roda que acontece há quase 10 anos no Bixiga. Firmes no pandeiro e no tamborim, o show atrai moradores e turistas, é gratuito e acontece todas as sextas. Por lá, samba-se ao som de Cartola, Clara Nunes, Paulinho da Viola, Martinho da Vila, João Nogueira, além de hinos de exaltação ao bairro. Fundado em 1974, o Madeira de Lei também atende por Samba do Namur, que é o líder do grupo.
Há 20 anos, a Comunidade da Santa Cecília enaltece os sambas de raiz e embala as noites de sexta-feira de moradores e turistas. No repertório estão canções de Adoniran Barbosa, Clara Nunes, Candeia, Zeca Pagodinho, Paulinho da Viola e outros grandes nomes do samba. "Não tocamos modinha", enfatiza Luis Alberto da Silva, fundador da roda. Do sucesso nasceu um bloco de carnaval, o Filhos da Santa, que desfila pelas ruas do bairro há nove anos.
Vai lá: Largo Santa Cecília, Vila Buarque. Sexta, das 20h às 22h. Grátis.
Toca da Capivara
Há quase 3 anos, na Bela Vista, a Toca da Capivara valoriza o resgate de músicas tradicionais brasileiras em seu pequeno e aconchegante espaço na Rua Major Diogo. O samba, claro, é o carro-chefe da casa, que recebe variadas rodas de quinta a sábado. Às segundas, porém, é a vez do chorinho ditar o ritmo e, às quartas, é no embalo do forró que a Toca vai.
Vai lá: Rua Major Diogo, 865, Bela Vista.. Segunda a sábado, das 18h às 0h (a música acontece das 19h30 até 23h30). Couvert artístico: R$9. Telefone: (11) 4329-9998
Imagem: Divulgação Traço de União
Foi em janeiro de 2003, após o fechamento do bar Canto Brasileiro, reduto tradicional de samba paulista, que três frequentadores assíduos da casa decidiram não deixar o samba acabar. Para isso, se instalaram em um estacionamento na rua Joaquim Floriano, no Itaim Bibi, e levaram a roda para lá. No primeiro sábado, sem expectativa, Beth Carvalho e Luiz Carlos da Vila apareceram no espaço e, em menos uma hora, mais de 500 pessoas lotaram o lugar. Nascia, assim, o Traço de União. Seis meses depois, os shows deixaram o bairro e se instalaram no Largo da Batata, endereço em que estão até hoje. Pelo seu palco já passaram sambistas como Almir Guineto, Dona Ivone Lara, Moacyr Luz, Jorge Aragão e Fundo de Quintal, entre outros gigantes.
Vai lá: Rua Cláudio Soares, 73, Pinheiros. Sexta, das 18h às 2h (entrada: R$ 15 a R$ 25). Sábado, das 13h às 0h (entrada de R$ 20 a R$ 35). Domingo, das 15h às 22h (grátis). Telefone: (11) 3031-8065
Pau Brasil
Tudo começou em 2003 na escola de samba Imperador do Ipiranga, em Heliópolis, com movimentos que trabalhavam para preservar e perpetuar o samba de raiz. Em 2004, a roda mudou para São Caetano onde oficialmente nasceu o Pau Brasil Bar e, em 2006, se instalou de vez no atual endereço, na Vila Madalena. E é lá que se aprecia o ritmo nacional em um espaço intimista, de luz âmbar, com caricaturas de nomes importantes da cena desenhadas pelas paredes.
Vai lá: Rua Inácio Pereira da Rocha, 54, Vila Madalena. Terça e quarta, das 21h às 2h. Quinta e domingo, das 21h às 3h. Sexta e sábado, das 21h às 4h. De R$ 7 a R$ 12. Telefone: (11) 3816-1494
Imagem: Divulgação Vila do Samba
Localizado na Casa Verde, a Vila organiza uma programação voltada à exaltação dos sambas de raiz com artistas, compositores, cantores e mestres de bateria das escolas cantando em seu palco. Além disso, tem vizinhos ilustres: as quadras das escolas de samba Rosas de Ouro, Camisa Verde e Branco, Unidos do Peruche e Império da Casa Verde.
Vai lá: Rua João Rudge, 340, Casa Verde. Terça, das 20h às 3h (R$ 20 a R$ 30). Sexta, das 21h às 3h (R$ 10 a R$ 30). Sábado, das 14h às 23h (R$ 10 a R$ 30). Domingo, das 17h às 24h (R$ 10 a R$ 30). Telefone: (11) 3858-6641
Samba da Vela
Uma turma de quatro sambistas foi a responsável por dar vida a essa roda rica em rituais: o samba, que acontece todas as segundas-feiras na Casa de Cultura de Santo Amaro, dura o tempo que queima uma vela, cerca de três horas. A ideia foi uma saída dos amigos para delimitar o tempo de apresentação do grupo. Quando acesa, é o momento de todo mundo cantar em coro "Acendeu a Vela", samba autoral que marca o início da apresentação. Além de funcionar como um relógio, a vela, que fica localizada no centro da roda, ganha as cores rosa, azul e branco, e cada uma delas entrega o tipo de samba que será executado. A rosa significa canções totalmente inéditas, criadas pelos fundadores e por pessoas da comunidade. A azul é usada para que todos memorizem os sambas apresentados durante a vela rosa. Quando as músicas são escolhidas, é a vez da branca. O espaço fica cheio de pessoas, que se sentam em volta da roda e cantam com os sambistas.
Vai lá: Praça Francisco Ferreira Lopes, 434, Santo Amaro. Segunda, a partir das 20h30. R$ 5 (a contribuição é voluntária) Telefone: (11) 5522-8897
Imagem: Divulgação Ó do Borogodó
Quem entra na pequenina casa do coração de Pinheiros já sabe o que encontrará: momentos dedicados às levadas partido-alto, samba de raiz, clássicos da MPB e pitadas de chorinhos clássicos. As mesas e cadeiras de madeira convidam a sentar e a petiscar, mas quem quiser levantar e sambar junto ao grupo está mais do que convidado.
Vai lá: Rua Horácio Lane, 21, Pinheiros. Segunda, das 20h às 23h. Terça, das 21h às 2h. Quarta a sábado, das 22h às 3h. Domingo, das 19h às 0h30. R$15 a R$20. Telefone: (11) 3814-4087
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