Em fevereiro do ano passado, quando postou o primeiro vídeo da Blogueirinha do Fim do Mundo, Maria Bopp tinha 39 mil seguidores no Instagram. Um ano e oito meses depois, o número ultrapassa 1,1 milhão, graças ao sucesso da personagem criada e interpretada pela atriz e roteirista paulistana que, por meio de ironia fina, faz críticas ácidas ao governo de Jair Bolsonaro.
"Ai, gente do céu, tô cheia de espinha. Parece que alguém aqui gastou 40 mil com chocolate da Kopenhagen", diz a influencer em seu tutorial de maquiagem com toques de sarcasmo. "Espalha [o corretivo] com o dedo assim, como espalha fake news no WhatsApp da família", ensina. "Cadê espinha? Cadê Queiroz? Cadê mancha? Sumiu tudo", acrescenta no vídeo de três minutos e meio que viralizou.
Críticas à elite negacionista que aglomera em festas, às blogueiras fitness e suas fórmulas de projeto verão e às celebridades que topam tudo por likes também foram temas de vídeos da influencer apocalíptica, que provocaram uma guinada na carreira da atriz até então conhecida por encarnar Bruna Surfistinha.
De 2016 a 2020, Maria interpretou a célebre garota de programa nas quatro temporadas da série "Me Chama de Bruna", exibida inicialmente no canal Fox Premium, depois no Globoplay e atualmente disponível no Amazon Prime.
Com a novidade da digital influencer especialista em deboche, a atriz, de 30 anos, virou queridinha de políticos e artistas de esquerda, ganhou um quadro no programa "Saia Justa", do GNT, e foi convidada para ser a protagonista da série "As Seguidoras", produzida pelo Porta dos Fundos para a plataforma de streaming Paramount+.
Na nova série de humor e suspense, ainda sem data de estreia, Maria interpreta Liv, uma influenciadora digital que leva sua obsessão por ganhar seguidores às últimas consequências e se transforma numa serial killer.
A Blogueirinha me colocou em outro lugar. As pessoas começaram a me enxergar não só como a menina que fazia a Bruna Surfistinha e, portanto, uma mulher sexy. Ela me deu o tom da comédia e ganhei um alcance muito maior.
O perfil do público também mudou. Antes da Blogueirinha, 75% de seus seguidores nas redes sociais eram homens e 25%, mulheres. Hoje a proporção se inverteu: as mulheres são maioria.