Majur aponta transfobia em app que troca gênero: 'Meu corpo não é diversão'
De Universa, em São Paulo
17/06/2020 08h40
A cantora Majur utilizou seu perfil no Instagram ontem para fazer um desabafo e apontar atitudes transfóbicas na brincadeira de troca de gênero que viralizou com o FaceApp.
O aplicativo viralizou recentemente nas redes sociais porque oferece filtros de troca de gênero, com diferentes idades, e transformações estéticas — como barba, cortes de cabelo e maquiagem.
Voz de músicas como "Naufrágio" e "AmarELO" (esta em conjunto com Emicida e Pabllo Vittar), a baiana criticou o uso do aplicativo e pediu que seus seguidores parem de usá-lo. "Quando vocês vão entender que atitudes como essas só fortalecem o discurso transfóbico e machista?", escreveu.
"Meu corpo não é diversão! Não é brincadeira, nem modinha", declarou a cantora para, logo em seguida, criticar os esteriótipos de gêneros. Majur se identifica como trans não-binária e, portanto, sente que permeia os dois gêneros e performa o feminino e o masculino.
"Meu feminino não é rosto afilado e cabelo liso. O masculino não é ter barba e ser malhado", explicou. "Estereotipar um corpo feminino e masculino é definir padrão, quando vivemos em diversidade."
Para Majur, o aplicativo brinca com a mudança de gênero enquanto a população trans, que vivencia isso, sofre. "A nossa vivência enquanto corpo é um processo doloroso, que é alvo desde o princípio, do preconceito e as diversas fobias externas", relatou.
"Não nos permitem ser, quando somos", disse. "Nos matam porque não nos aceitam, quando a ninguém é solicitado aceitação, e sim respeito. O Brasil é o país que mais mata pessoas trans no mundo e ninguém se responsabiliza."
Ela reclamou ainda do fato de o FaceApp ter viralizado justando no Mês do Orgulho LGBTQ+. "Se manquem", concluiu.
Confira o relato completo: