Mulheres contam como a episiotomia prejudicou (ou arruinou) a vida sexual
Thais Carvalho Diniz
Do UOL, em São Paulo
25/10/2017 04h00
No começo deste ano, a apresentadora Bela Gil falou em seu canal no YouTube sobre como a episiotomia arruinou a sua vida sexual. Embora a OMS (Organização Mundial da Saúde) afirme que o procedimento é crucial somente entre 10% a 15% dos partos normais, o corte é feito no Brasil em cerca de 53% dos casos, segundo o “Nascer no Brasil - Inquérito Nacional Sobre Parto e Nascimento”,realizado pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz). De acordo com este documento, a conduta é apontada como desnecessária na maioria das vezes desde a década de 1970.
A episiotomia é um corte feito para ampliar a passagem do bebê no momento do parto normal, de forma lateralizada, da vagina para o ânus. O procedimento é adotado diante de algumas circunstâncias, como o tamanho do bebê ou a necessidade do uso de fórceps. Entretanto, também pode acontecer sem necessidade e caracterizar violência obstétrica.
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A fisioterapeuta Laíse Veloso, especialista em sexualidade feminina, diz que mesmo quando a episiotomia é indicada pode causar problemas para a vida sexual da mulher. Segundo ela, é frequente a queixa de dor durante a relação sexual após esse tipo de intervenção.
"Quando existe um corte, forma-se uma cicatriz e o tecido cicatricial não se alonga mais, torna-se fibroso, duro. Por isso, a mulher não consegue mais relaxar para receber a penetração e, quando ela acontece, vem a dor. O grande problema é que vira um ciclo vicioso e a dor só aumenta", explica.
Laíse, que faz parte do Projeto Afrodite, do departamento de ginecologia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), diz que quando é esse o motivo que leva a paciente ao consultório, uma das etapas é avaliar a cicatriz. "É algo que interfere na qualidade de vida das mulheres porque a saúde sexual faz parte do todo".
A seguir, ouvimos a história de duas mulheres, que tiveram seus direitos violados e enfrentam problemas até hoje, mais de um ano depois do nascimento dos filhos.