Inversão de papéis na cama pode esquentar relações heterossexuais
Heloísa Noronha
Do UOL, em São Paulo
25/04/2013 12h48
Acessório erótico geralmente associado ao sexo entre lésbicas, a cinta peniana permite que o corpo feminino proporcione o prazer provocado pela penetração e vem sendo adotada também por casais heterossexuais que buscam sensações diferentes na cama.
De formatos, texturas, dimensões e tecnologias variadas –algumas contam com vibrador–, a cinta traz um pênis artificial acoplado e serve basicamente para que homens e mulheres possam trocar de papéis na transa.
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A brincadeira não interfere na sexualidade e nos papéis de cada um no cotidiano familiar, social ou profissional, e pode incrementar a intimidade e o relacionamento. No entanto, algumas questões merecem ser analisadas antes de tentar a prática.
Para muitas pessoas, entretanto, seguir os papéis que a sociedade impõe tem um custo emocional alto. Por isso, em algumas situações elas buscam exercer o papel oposto ao exigido, o que se denomina inversão de papéis. "Isso leva alguns casais a usarem as cintas penianas nas atividades sexuais", explica o psicólogo. Os homens podem se deixar conduzir, enquanto as mulheres se sentem mais poderosas, masculinizadas, no comando da situação.
Há, evidentemente, o aspecto físico: vários homens sentem prazer com a estimulação anal, sem que isso inclua desejos homossexuais. O tesão é pela parceira, e é ela quem deve realizar a penetração.
A terapeuta sexual Arlete Girello Gavranic, coordenadora do curso de pós-graduação em Educação e Terapia Sexual do Isexp (Instituto Brasileiro Interdisciplinar de Sexologia e Medicina Psicossomática), conta que nem todos os homens conseguem experimentar essa vivência facilmente.
"Alguns evitam até fantasiar a situação, pois têm receio de que isso signifique um desejo homossexual. Muitos homens nem permitem carícias na região do períneo ou do ânus com medo de sentir excitação", diz. Uma pena, segundo ela, porque a região é rica em terminações nervosas e, portanto, muito sensível do ponto de vista erógeno.
"O fato de ser penetrado não significa que um homem é menos ou mais viril. É apenas uma forma diferente de sentir prazer", completa a psicóloga e terapeuta sexual Carla Cecarello, presidente da ABS (Associação Brasileira de Sexualidade).
Uma questão crucial antes de investir no acessório é se o uso recorrente da cinta peniana pode atrapalhar a vida sexual do casal. Se ela for satisfatória para os dois, não há problema nenhum. Como sempre, a resposta está em usar o bom senso. "Essa é uma prática que apimenta a relação e, portanto, o ideal é que seja eventual. Se passa a ser frequente, a espontaneidade para outras formas de obtenção de prazer fica comprometida e corre-se o risco de o casal entrar em conflitos por conta disso", fala Carla Cecarello.
"Muitas coisas devem ficar apenas na fantasia do casal. E não basta imaginar que será prazeroso. É necessário reconhecer os limites individuais e discutir como não transpô-los e evitar danos um ao outro, além de levantar as possíveis consequências e o que farão com elas", afirma o especialista.