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O que você pode fazer na "entressafra amorosa"

Aproveitar para sair com os amigos o máximo que puder é uma boa dica, além de ser um "remédio" contra o isolamento Imagem: Getty Images

GISELA RAO <BR>Colaboração para o UOL

11/06/2010 23h35

Sim, entendemos que passear no shopping center na véspera do Dia dos Namorados, para muita gente que está sozinha, é tão aterrorizante quanto assistir à transformação da “Monga, a Mulher Gorila” quando se tem 5 anos. Algumas pessoas levam tão a sério esse dia que o CVV (Centro de Valorização da Vida) chega a receber, no Dia dos Namorados, mais ligações que as suas 80 chamadas diárias. Segundo Carlos M., voluntário há 12 anos, a solidão é o ponto de partida para todas as pessoas que telefonam para o Centro, mas neste dia, em especial, parece que ela aperta mais. “O CVV não dá conselhos. Apenas pergunta para a pessoa como ela está se sentindo naquele momento. Esta pergunta mexe na veia e ajuda. Queremos que a pessoa tenha uma visão de si mesma e perceba sua capacidade de aguentar as pressões, a solidão. Todo mundo é capaz de superar a crise, de se acalmar e refletir”, afirma.

Mas será que não está na hora de rever esse conceito do “eu-não-tenho-namorado-e-todo-mundo-tem-logo-sou-um-ET-e-não-tenho-valor?” A resposta é: sim! Para começar, você não está sozinha! Segundo as pesquisas, 25% das mulheres brasileiras não têm um homem para chamar de seu. E vamos mais além: a psicóloga junguiana Neiva Bohnenberger desconstrói o mito do “estou sozinha, logo estou só”. “Este nome - entressafra amorosa - é muito pertinente porque é mesmo um momento em que nada é abundante, o alimento falta. Por isso, é um tempo em que você pode se conhecer melhor, se descobrir, se autonutrir e entender qual o medo de ficar sozinha que a leva a buscar relacionamentos muitas vezes não produtivos e saudáveis. É somente depois de uma “entressafra” profunda que conseguimos ter relações maduras, em que compreendemos melhor os limites do que aceitamos e do que não aceitamos”, diz Neiva. Para a psicóloga, é neste período, assim como na pausa da música, que está a revelação de quem você é.

O que dizem as mulheres que levam a “entressafra amorosa” numa boa

“Em minha opinião, a ‘entressafra do amor’ é dividida em algumas fases. Na primeira delas, eu fico com um tremendo bode do meu ex-relacionamento, logo quero férias dos homens. Quando a minha autoestima começa a melhorar e o tempo esfria, começo a ter saudades daqueles peitos largos, mãos grandes e pescoços cheirosos. Então, corro atrás – e cedo – a todos que tenho vontade. Sem miséria, porém, sem apego. Acho que a ‘entressafra’ é o melhor período para você se descobrir e curtir a certeza de que você pode ser feliz sozinha. Até aparecer um ‘desgraçado’ (risos) – ou um ‘santo’ – que sambe com afinco em cima dessa teoria."
S.M.R., advogada, 21 anos

”Eu tive duas ‘entressafras’, uma sem filha e a outra com filha, vou relatar, porque tem diferença:

- Sem filha: ia à academia de forma mais disciplinada e por mais tempo, saía com minhas amigas todos os finais de semana para barzinhos ou baladas (mas sem a intenção de procurar alguém, só para curtir mesmo) ou ficava o fim de semana em casa, vendo filmes ou lendo (nessa época reli alguns clássicos da literatura). Aproveitei para treinar fotografia e praticar corrida.

- Com filha: Todo meu tempo livre era passado com a Manuela: passeando na praia, no parque ou no shopping. Aproveitei para aprender a cozinhar (já que morava sozinha) e gostava muito de dançar naquele estilo ‘como se ninguém estivesse olhando’ na sala de casa (foi bom porque emagreci bastante). Voltei a ler meus livros em inglês e os lia em voz alta para melhorar no idioma. Dessa vez preferi curtir minha realidade, minha rotina e respeitar minhas vontades.”
Michelle Vargas, 31, editora

“Indo direto ao ponto: eu transo muito na ‘entressafra’! Aproveito que não há ninguém especial na área e experimento homens diferentes, de idades diferentes, corpos diferentes, profissões diferentes, mentalidades diferentes. Quando uma pessoa especial aparece (e às vezes aparece justamente entre esses homens) eu estou mais experiente, safada e com a pele ótima! (risos).”
R.B., 41 anos, escritora

E quando você é casada e vive uma “entressafra amorosa”?

Na opinião de Mariangela Russi Blois, 44 anos, casada há dez anos, a “entressafra” em qualquer relacionamento duradouro é normal e esperada. Cada um se volta um pouco mais para si mesmo, seus interesses, seu momento de vida e o companheirismo continuam existindo, mas a paixão dá uma trégua. “De repente, o marido resolve jogar futebol aos domingos e a mulher dá graças a Deus porque pode aproveitar o domingo para se jogar na cama e ler um livro sossegada. Quem espera, numa relação longa, receber flores todos os dias durante anos, ter orgasmo em todas as relações, sentir o coração disparado e as mãos frias quando o outro de aproxima, está numa vida irreal. E é essa “entressafra” o grande combustível para a volta da paixão, afinal este afastamento abre a chance de sentir saudade, sentir falta, reparar no outro”, completa Mariangela.

Dicas infalíveis para curtir a “entressafra amorosa”:

- “Quando não estou namorando treino sempre que posso!”
Marília Gabriela, jornalista e apresentadora

- “Neste período é bom sair com os amigos o máximo que puder porque geralmente muitas mulheres acabam se isolando. Isto é ruim para elas e também para arrumar um novo companheiro. Faça atividades em grupo, aproveitando para enfrentar o desafio da convivência mesmo que seja com uma amiga, numa festa, com amigos homens. A pessoa solitária tende a dar palpite sobre tudo porque não quer enfrentar os desafios dos seus próprios relacionamentos.”
Roberto Shinyashiki, escritor

- “Sugiro quatro “Rs”: Resolva-se sozinha. Repense os ex-namorados. Reze e peça a Deus que essa fase passe logo (risos). Resolva fazer coisas que nunca fez para conseguir algo que nunca teve.”
Joyce Cavalcanti, escritora

- “Faça mais esporte, viaje sozinha e sem culpa, não se depile (a não ser que você viaje para a praia), pinte e corte o cabelo como quiser, veja o filme que desejar sem precisar tirar no palitinho entre o George Clooney - em Amor Sem Escalas - e Anaconda - em Anaconda III, observe melhor o universo masculino, ria que nem uma louca com as amigas, ouça 50 Cents aos berros e dance como o boneco do posto de gasolina sem a menor vergonha e, principalmente, fique mais bonita porque, numa fase sem homem, podemos cuidar mais da gente com um amor que nem pensávamos que tínhamos por nós mesmas.”
Blog Vigilantes da AutoEstima
 

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