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Leitores contam histórias sobre descobertas, dores e delícias de viver só

Imagem: Leo Gibran/ Arte UOL

Do UOL, em São Paulo

14/10/2016 07h04

Morar sozinho é libertador: você não precisa dar satisfações de onde vai e a que horas volta. E há a incrível vantagem de que a louça do jantar pode esperar na pia até o dia seguinte nas noites em que a força avassaladora do sono é maior. Mas ter companhia para ver os seriados do momento não é uma certeza, e nem sempre há com quem dividir a pilha de copos depois daquela festinha. O UOL reuniu histórias de mulheres e homens que contam as felicidades e renúncias de viver só. E você, já passou apertos morando sozinho ou gosta de ter seu espaço? Deixe seu depoimento na área de comentários ao final da matéria.

  • Imagem: Leo Gibran/ Arte UOL
    Imagem: Leo Gibran/ Arte UOL

    A gororoba e a família mais próxima

    "Os primeiros meses foram bem difíceis: sentia muita saudade da minha mãe e quase entrei em depressão por estar só. Para piorar, odeio cozinhar e precisei sobreviver à base de comida congelada. As poucas coisas que eu conseguia fazer, como macarrão instantâneo ou arroz, ficavam tão ruins que era impossível comer. Com o tempo, comecei a me arriscar e, hoje, tenho lá as minhas especialidades: preparo um bom filé de peixe assado com batatas e um molho de macarrão gostoso. A história de que teremos muita liberdade é uma ilusão, porque você ganha tanta responsabilidade que nem consegue curtir muito. Quando há contas a pagar, às vezes, é preciso abrir mão de sair com os amigos ou ir a um show. Mas é bem verdade que eu melhorei como pessoa durante esses dois anos morando sozinha. E, para a minha surpresa, vivendo longe da minha família, eu acabei me aproximando dela." [Vania Silva do Nascimento, 27, atendente]

  • Imagem: Leo Gibran/ Arte UOL
    Imagem: Leo Gibran/ Arte UOL

    Superação mês a mês

    "Minha maior dificuldade, ao sair da casa da minha mãe, foi aceitar que eu teria de conquistar as coisas aos poucos. Quando me mudei, não tinha TV ou internet e passei um mês preparando comida em um forninho elétrico, porque estava sem grana para instalar o gás. A parte boa disso é que você aprende a valorizar cada conquista. Pagar as contas, todo mês, é uma superação. E há os afazeres da casa, que não são fáceis de cumprir quando você está sozinho. Quando eu vejo minha pia cheia de louça, penso: 'Como eu gostaria de morar com alguém, para ter com quem dividir as tarefas'. Mas lembro que tentei viver com um amigo e não deu certo. Hoje, na hora do sufoco, eu chamo o namorado para ajudar. Sou muito feliz por poder chegar em casa e assistir meus filmes em paz. Sendo honesto, quando saio do trabalho, é para lá que eu quero ir." [Cássio Teixeira dos Santos, 27, estudante]

  • Imagem: Leo Gibran/ Arte UOL
    Imagem: Leo Gibran/ Arte UOL

    Minha casa, minhas regras

    "As tarefas domésticas nunca me assustaram. Eu faço quando posso e estou a fim. Não tenho que provar minha eficiência para ninguém. Aliás, essa é a maior vantagem de viver sozinha: não ter de fazer algo que não quero no momento que os outros desejam. Você se sente livre. Mas liberdade e solidão andam juntas e ficar só, às vezes, dói muito. Não ter com quem conversar em casa nunca será fácil para mim. Eu sinto falta de companhia para jantar, por exemplo. Há dias que nem ouço minha voz. Aí eu me distraio, coloco minhas músicas preferidas, danço e canto. A parte boa é que, sozinho, você não precisa lidar com conflitos e discussões e estar em paz é mais fácil. Viver apenas comigo mesma me faz mais forte, porque eu preciso lidar com coisas que desconheço completamente, como reparos elétricos." [Maria José Grisaro, 51, professora]

  • Imagem: Leo Gibran/ Arte UOL
    Imagem: Leo Gibran/ Arte UOL

    Glamour zero, liberdade mil

    "Eu saí da casa dos meus pais para casar, então, só fui morar sozinho depois do divórcio. O que realmente muda é ter que lidar com o silêncio e assumir todas as tarefas da casa. Lavar louça é fácil, chato é cozinhar. Para mim, o mais difícil é não deixar os alimentos estragarem: comprar pouca comida é uma tarefa complicada, porque as porções geralmente são muito grandes para uma pessoa. Diferentemente do que muitos pensam, não existe glamour em morar só: por exemplo, quando você toma banho e esquece a toalha, não tem para quem gritar. Vai ter que sair do boxe e molhar a casa toda para buscar a dita cuja. Os momentos em que eu mais lamento a falta de companhia são os fins de semana prolongados, quando não consigo viajar. Sei que a solidão faz parte, então tento driblar a situação com uma boa música e um pouco de Netflix. O lado positivo é não ter que prestar contas a ninguém por causa da bagunça. Olhando por essa perspectiva, se eu pudesse voltar no tempo, teria decidido morar sozinho antes." [Ricardo Wanderson da Silva, 41, administrador de empresa]

  • Imagem: Leo Gibran/ Arte UOL
    Imagem: Leo Gibran/ Arte UOL

    Pijama o dia todo

    "Adoro estar sozinho e curto ter o meu espaço. Mas há desvantagens também: por questões financeiras, eu não contratei empregada doméstica, então tenho que cuidar de todas as tarefas da casa sozinho. Também é ruim não ter alguém para ajudar quando eu fico doente ou passo mal por algum motivo. Eu morava com a minha mãe e a minha irmã e, sempre tive muita liberdade e privacidade em casa, mas nada pode ser comparado com a experiência de morar só. É muito bom acordar ou dormir a hora que eu bem entender, ficar vestido com o pijama o dia todo ou levar quem eu quiser para casa, sem me preocupar com o que os outros vão pensar. Mas é preciso saber lidar com a solidão. Agora, se você gosta de ficar sozinho e sabe cozinhar, está tudo certo. Porque você ganha mais independência." [Sergio Ricardo Massenzi Leão, 37, empresário e músico.]

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