Ela só deu continuidade ao trabalho depois de conseguir uma assistente de direção negra.
Pouco tempo depois, em 2017, uma amiga reclamou com Joana que não conseguia encontrar fotos de mulheres negras em bancos de imagens. Deu o estalo: "Vamos fazer!". Criou um financiamento coletivo - "assim as pessoas já ficavam sabendo sobre o banco" - e arrecadou o mínimo para pagar todas as envolvidas. "Essa história de fazer de graça, como me sugeriram, para mim é um privilégio de pessoas brancas. Eu não tenho nem coragem de chegar numa mulher negra e perguntar se faz de graça. Elas são as que recebem os menores salários, são preteridas nos empregos, como vou pedir isso?". E foi além: chamou mulheres negras para todas as posições, de técnicas a maquiadoras. "A gente vive no capitalismo, trabalho é o lugar para você estar."
Além de armar as sessões, controlar os gastos e dirigir os trabalhos, Joana também precisava atuar como motivadora emocional. "As mulheres diziam 'eu não sou modelo, eu não sou bonita'. E chegavam na sessão e arrasavam. Encontrei uma vocação minha que não conhecia, de booker".
Joana também faz as vezes de head hunter. "Durante uma sessão com uma venezuelana, ela contou que tinha doutorado em educação, mas não conseguia emprego". No currículo, inglês e espanhol fluentes. "Conseguimos um emprego como revisora numa agência de publicidade e também em uma escola de línguas para refugiados", conta.