Topo

Como os astronautas veem a Terra lá de cima?

Foto tirada da Estação Espacial Internacional (ISS na sigla em inglês) focaliza a Costa Leste dos Estados Unidos, com as luzes de Boston ao fundo Imagem: NASA via The New York Times

Dennis Overbye

08/04/2015 15h34

Às vezes é preciso sair de um lugar para apreciá-lo.

Os humanos não deixaram exatamente a Terra. Na verdade, faz cerca de 40 anos que os representantes desta antiga espécie de voadores pelo espaço conseguiram se deslocar algumas centenas de quilômetros além da superfície do nosso planeta.

Veja também

Hoje, o voo espacial humano, tal como é, está centrado na Estação Espacial Internacional. Ela se move pesadamente ao redor da Terra a cerca de 400 quilômetros de altitude, entrando e saindo da escuridão a cada 90 minutos, em média. Ela é tripulada por seis astronautas que passam o tempo – quando não estão cantando músicas de David Bowie – fazendo a manutenção e conduzindo experimentos médicos e científicos. Um novo conjunto de investigações irá examinar os gêmeos cósmicos, Scott e Mark Kelly, como um par de relógios geneticamente sincronizados – uma na estação, outro na Terra – durante um ano para ver o que acontece.

A Estação Espacial Internacional custou aproximadamente US$ 100 bilhões. Desde que este gigante brinquedo de montar começou a tomar forma, gurus, cientistas, políticos e fãs da exploração espacial têm defendido o que ela é e se vale a pena.

Um dos benefícios pouco conhecidos a respeito da estação espacial é o fato de ela estar na altitude certa para fotografar coisas na Terra. Toda semana, os astronautas a bordo da estação espacial gravam imagens de coisas que gerariam inúmeras manchetes se as víssemos como um dos milhares de planetas que agora sabemos circular outras estrelas.

O Dia da Terra está chegando, então vale a pena dar uma olhada.

Lá de cima, nós podemos ver como a geologia se tornou o destino. Este é o único lugar conhecido no universo onde as forças primordiais – as que fizeram brotar nossas cadeias de montanhas, sulcos de cânions, fitas serpenteantes de água e limo, espirais de nuvens, vulcões, continentes deslizando um para baixo do outro, uma crosta que se divide e expele fogo – conspiraram para gerar a vida.

A Terra é habitável – isto é, temperatura suficiente para água líquida na superfície – há quatro bilhões de anos, dizem os geólogos, regulada pelo fluxo e refluxo de dióxido de carbono na atmosfera e na crosta. Lavado da atmosfera pela chuva, esse gás do efeito estufa desgasta rochas, carregando sílica, cálcio e compostos de carbono para o oceano e, por fim, para baixo do leito oceânico. Milhões de anos depois, o dióxido de carbono é lançado por vulcões, reabastecendo a atmosfera.

O termostato se regula sozinho. Quanto mais dióxido de carbono na atmosfera, mais violento é o clima e com maior velocidade o gás é levado pela chuva. Quando se esfria, existe menos chuva e o dióxido de carbono volta a se acumular.

Tendo uma chance na forma de ambiente estável, a vida prospera de formas inesperadas. Lá de cima, o mundo inteiro parece um organismo só, um mercado de troca de genes – e, como demonstrado pelas luzes vistas de cima, um sistema nervoso cada vez mais complicado e espalhafatoso, mais aparente para o resto do cosmos.

A glória da Terra são seus oceanos azuis, o berço da vida que conhecemos. Um dia, talvez achemos outra – Terra 2.0 como é às vezes chamada.

O azul-marinho do nosso planeta é tão impressionante que apareceu na câmera da Voyager 1 a seis bilhões de quilômetros de distância em 14 de fevereiro de 1990 e, novamente, posando ao longe, além dos anéis de Saturno, para a câmera da sonda espacial Cassini em 19 de julho de 2013.

A terceira rocha a partir do Sol é um ponto azul pálido, o único que conhecemos. À medida que o tempo passa e cresce a lista de presença dos exoplanetas achados pelo telescópio Kepler, da Nasa, e outras iniciativas se desenvolvem, não consigo parar de pensar que o planeta parece cada vez mais raro.

Como escreveu T. S. Eliot em "Quatro Quartetos":

"Não paremos de explorar,

E o fim das nossas explorações

Será chegar aonde começamos

E conhecer o lugar pela primeira vez."

Comunicar erro

Comunique à Redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:

Como os astronautas veem a Terra lá de cima? - UOL

Obs: Link e título da página são enviados automaticamente ao UOL

Ao prosseguir você concorda com nossa Política de Privacidade


Tilt