Descoberta de galáxia rara pode ajudar a explicar a forma da Via Láctea
Do UOL, em São Paulo
06/01/2017 14h13
A descoberta de uma galáxia com um raro formato, descrita pela primeira vez em um artigo publicado na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, pode ajudar a astronomia a explicar a origem do formato de galáxias mais comuns, como a Via Láctea.
Situada a 350 milhões de anos-luz da Terra, a PGC 1000714, ou Galáxia de Burcin tem o formato conhecido como Objeto de Hoag --um centro luminoso rodeado por um anel exterior sem nada que os una.
Veja também
Apenas uma em cada mil galáxias possui este formato, mas este gigantesco acúmulo de estrelas, poeiras e gás é ainda mais peculiar, já que possui um segundo anel, mais próximo do centro galáctico.
O que intrigou os cientistas, e que pode trazer uma outra visão da natureza do cosmos, é a maneira como se configurou esta galáxia, que só pode ser vista a partir do Hemisfério Sul --suas imagens foram feitas no observatório de Las Campanas, no Chile.
Entre as possibilidades analisadas pelos astrônomos ligados à descoberta da rara galáxia está a hipótese de que ela se originou de um choque com outra galáxia anã. Um cruzamento entre galáxias raramente produz uma colisão. O efeito da gravidade das matérias ao atravessarem-se, no entanto, pode ter produzido o anel externo.
A compreensão deste processo de formação de galáxia poderia ser útil para os astrônomos entenderem como as galáxias com formato elíptico, como a Via Láctea, teriam se desenvolvido.
Uma simulação realizada em 2011 já apontava que o formato da Via Láctea, com seu corpo de massa e nuvens interestelares, se devia a um encontro com a galáxia anã de Sagitário.
A líder do estudo, Burcin Mutlu-Pakdil, no entanto, acredita que para que a tese sobre a formação de galáxias ocorra a partir do cruzamento com outras galáxias anãs seja, de fato útil, é preciso encontrar outros exemplos.
"O pequeno número de objetos conhecidos não proporciona conclusões definitivas sobre sua natureza, evolução e propriedades sistemáticas", afirmou a pesquisadora ao jornal "El País", completando que é importante "incrementar a amostra", realizando "estudos detalhados sobre possíveis candidatos".