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Bebê sente a angústia da mãe até pelo sabor do leite, diz pediatra

Imagem: Fernanda Garcia/VivaBem

Tatiana Pronin

Editora do UOL Ciência e Saúde

28/08/2008 17h22

O desespero de lidar com o choro incessante do recém-nascido sem saber a causa talvez seja a maior provação de quem acabou de ter filho. Nessas horas, não adianta a vó dar opinião, ou a vizinha ensinar uma receita - os pais querem mesmo é a opinião do pediatra. Afinal, sempre dá aquele receio de que seja algo mais grave.

Foi justamente depois de atender uma mãe, também editora, que o pediatra Sylvio Renan Monteiro de Barros foi convidado a colocar no papel as respostas para as principais dúvidas dos pais de primeira viagem, reunidas a partir dos mais de 30 anos de experiência em consultório. Ele também atuou por 27 anos no Hospital Infantil Sabará e foi diretor técnico do Hospital São Leopoldo, ambos em São Paulo.

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Livro reúne as respostas para as principais dúvidas dos pais de primeira viagem

Em "Seu Bebê em Perguntas e Respostas - Do Nascimento aos 12 Meses" (MG Editores), Barros aborda temas recorrentes na vida dos pais, como a ansiedade para aliviar a cólica dos pequenos. "As mães ficam muito inseguras, pois sentem-se responsáveis pela dor da criança, mas o desespero acaba voltando para o filho", comenta. Segundo ele, até o sabor do leite muda quando a mulher está nervosa, pois o teor de sal é alterado. O aconchego do colo ou um banho de imersão em água morna podem aliviar o desconforto do bebê, ensina o médico. Mas dar chá não resolve e, pelo contrário, pode até piorar a cólica.

Confira algumas perguntas e respostas que, de acordo com Barros, lideram o "ranking":

O que são cólicas e por que meu bebê sofre tanto com elas?
As cólicas costumam acometer os bebês do nascimento até os 3 meses de idade, sendo mais comuns naqueles alimentados com leite artificial do que nos que só ingerem leite materno. Ocorrem devido à imaturidade do sistema digestivo do bebê, que provoca ondas de contrações intestinais em vários sentidos e gera dores mais ou menos intensas.

Como saber por que o bebê está chorando?
É preciso verificar, com muita calma, se ele está com fome, sede, roupas que machucam, cólicas (nesse caso, a criança geralmente se contorce), fezes ou urina na fralda, assaduras etc. O mais importante é que você não entre em pânico, pois uma das causas mais comuns do choro de bebês recém-nascidos é a angústia das mães inexperientes.

O chá evita cólicas?
Como até os três meses o mais comum é o seu bebê estar mamando no seio, o que provoca poucas cólicas, não é aconselhável oferecer chás. Além de induzirem ao desmame indesejável, eles podem provocar mais cólicas devido à presença de açúcares.

Meu bebê não arrota. Isso pode ser prejudicial? Por que devo esperar o bebê arrotar antes de deitá-lo?
Arrotar após as mamadas é a forma como o bebê elimina gases contidos no estômago. Ocorre com mais freqüência quando ele recebe leite artificial. Isso porque, ao mamar no seio, a sucção não permite a entrada de ar. Além disso, o leite materno provoca menos fermentação, embora também possa provocar gases. Por isso, após as mamadas, deixe seu bebê por cerca de cinco minutos no colo, em posição vertical - além de favorecer a eliminação de gases isso evita soluços. Mesmo que ele não arrote, coloque-o em seguida no berço, tomando o cuidado de deitá-lo sempre de lado, para evitar a aspiração em caso de regurgitação.

Em que posição o recém-nascido deve dormir para não engasgar?
A posição ideal para acomodar o recém-nascido, principalmente após as mamadas, é de lado, com um apoio nas costas (do tipo segura-nenê), para que ele possa se manter nessa posição. Alguns sugerem que permaneça de preferência sobre o lado esquerdo, porque isso diminuiria o risco do refluxo. Eu acredito que baste a posição lateral, qualquer que seja o lado, para diminuir consideravelmente o risco de aspiração em caso de regurgitação.

O que é refluxo? Por que atualmente se fala tanto nisso?
O refluxo gastroesofágico (RGE) é comum em bebês, crianças e adolescentes. De acordo com algumas pesquisas, o vômito recorrente ocorre em dois terços dos bebês aos 4 meses de idade, mas somente em 5% a 10% dos bebês com 1 ano. O esôfago do bebê é proporcionalmente mais curto e estreito que o do adulto. Sua alimentação é basicamente líquida. Sua musculatura é imatura, levando-o a passar a maior parte do tempo deitado, mesmo depois de alimentado. Além disso, o bebê tende a ingerir uma quantidade de limentos maior do que a que seu estômago pode conter. Por esse motivo, tende a apresentar refluxo, com regurgitações e vômitos após as refeições. Assim, o refluxo gastroesofágico é comum em crianças com menos de 1 ano. Em crianças normais, sua incidência varia entre 18% a 40%. A maioria deixa de manifestar tal quadro quando chega aos 18 meses ou 2 anos de idade. Isso é o que denominamos refluxo gastroesofágico fisiológico normal, que não afeta o desenvolvimento do bebê. Chamamos de doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) a presença do quadro descrito acompanhado de falha no crescimento, anemia, esofagite, chiados e, eventualmente, apnéia, pneumonia e sinusite crônica. Essa doença só pode ser detectada por meio de exames, que também determinam a gravidade e o tratamento mais apropriado.

Seu bebê em perguntas em respostas - Do nascimento aos 12 meses
Autor: Sylvio Renan Monteiro de Barros
Editora: MG Editores (www.mgeditores.com.br)
Preço: R$ 28,50
Páginas: 136

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