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Dilma diz que Brasil foi atingido por El Niño e catástrofe do Rio Doce

30/11/2015 14h30

Le Bourget, França, 30 Nov 2015 (AFP) - O Brasil é atingido simultaneamente pelo aquecimento global, o fenômeno climático El Niño, e por um dos maiores desastres ambientais de sua história, após a ruptura de uma barragem de rejeitos de minério em Minas Gerais, declarou nesta segunda-feira a presidente Dilma Rousseff.

A presidente brasileira, em seu discurso na sessão de abertura da Conferência do Clima de Paris (COP21), reafirmou os objetivos do Brasil de reduzir até 2030 em 43% as emissões de gases do efeito estufa em comparação com os níveis de 2005.

Uma "meta muito ambiciosa", que demonstra o compromisso do gigante sul-americano na tentativa de limitar o aquecimento global a um máximo de 2°C em relação aos níveis pré-industriais.

Dilma Rousseff também reiterou a promessa de reduzir a zero o desmatamento ilegal na Amazônia, apesar de extração ilegal de madeira ter aumentado 16% em 2014, segundo dados oficiais.

Em seu discurso aos 150 líderes que participam da sessão de abertura da Conferência, Dilma destacou a difícil situação em seu país.

"Temos enfrentado chuvas, inundações. O fenômeno El Niño nos atingiu duramente" e a "ação irresponsável de uma empresa causou o maior desastre ambiental da história do Brasil na bacia hidrográfica do Rio Doce", ressaltou.

A presidente estava se referindo à ruptura em 5 de novembro de um reservatório de resíduos de minério perto da histórica cidade de Mariana, no estado de Minas Gerais, que desencadeou um tsunami de lama que soterrou a cidade de Bento Rodrigues, com um saldo de 13 mortos e dezenas de desaparecidos.

A torrente de lama e resíduos de mineração percorreu mais de 650 km a partir do leito do rio, cruzando os estados de Minas Gerais e Espírito Santo, antes de desaguar no Oceano Atlântico, o que também está causando danos ambientais graves.

Em sua passagem, tem matado milhares de animais, devastado áreas de floresta protegidas, além de ter deixado 280.000 pessoas sem água.

"Estamos reagindo ao desastre com medidas de redução de danos, de apoio às populações afetadas (...) e punindo severamente os responsáveis por esta tragédia", afirmou Dilma.

O Brasil anunciou na sexta-feira que abrirá um processo contra a empresa mineradora Samarco e suas proprietárias Vale e BHP Billiton, cobrando 5,2 bilhões de dólares para compensar as vítimas do desastre.

Pedra angularA "pedra angular" de um acordo contra a mudança climática reside no "princípio das responsabilidades comuns porém diferenciadas", a fim de que os países industrializados assumam a parte que lhes corresponde no aquecimento global, afirmou Dilma Rousseff.

"O Brasil quer um acordo justo, universal e ambicioso, que seja juridicamente vinculante", acrescentou.

A questão da força jurídica de um eventual acordo é uma das que devem ser resolvidas na Conferência de Paris. Os países europeus são favoráveis, mas Estados Unidos e China se mostram mais reticentes, sobretudo no que se refere à mensuração da aplicação dos compromissos.

"A mudança climática por causa das atividades humanas é um dos maiores desafios globais contemporâneos, mas para superá-lo, a comunidade internacional deve demostrar sentido de urgência, união e coragem", ressaltou a presidente.

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