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Galaxy S20 FE: como é o celular top para quem não tem muito dinheiro

Lucas Carvalho

De Tilt, em São Paulo

02/12/2020 04h00

O Galaxy S20 FE é o quarto membro da família S20 de smartphones da Samsung e chega ao mercado com uma proposta diferente: o que há de melhor entre os tops de linha, mas por um preço mais acessível. O resultado é, em tese, um smartphone mais equilibrado no quesito custo-benefício.

A sigla FE significa "Fan Edition", ou "edição dos fãs", em tradução livre. O aparelho tem esse nome porque, segundo a Samsung, foi feito de acordo com uma pesquisa com fãs que usam o ecossistema de serviços da empresa.

Levando em conta essa pesquisa, a Samsung investiu mais nos elementos que os fãs destacaram como essenciais e cortou despesas nos pontos considerados menos relevantes.

Mas será que o Galaxy S20 FE cumpre a promessa de entregar a experiência de um topo de linha da família S20 —lançada no Brasil com preços entre R$ 5.499 e R$ 8.499— a um valor "acessível" (R$ 4.499)? Eu passei algumas semanas com o modelo em mãos e respondo essa pergunta a seguir.

Samsung Galaxy S20 FE

Preço

R$ 4.499 R$ 3.499 (Shopping UOL - 01/12/2020)
TILT
4,7 /5
ENTENDA AS NOTAS DA REDAÇÃO

5,0

Taxa de atualização rápida compensa resolução razoável

5,0

5,0

4,0

Suavização automática é exagerada

5,0

Câmera tripla versátil tira fotos de boa qualidade com diversas opções de ângulos, zoom e efeitos (incluindo modo noturno)

5,0

Faz vídeos em 4K a 60 quadros por segundo, melhor que muitos da mesma faixa de preço

5,0

Processador topo de linha da Samsung é rápido e acompanha bastante memória

5,0

4,0

Dá conta de um dia inteiro em uso moderado, mas não surpreende

4,0

Sistema vem com muitas funções complexas e apps inúteis pré-instalados, mas é possível ignorar os excessos

5,0

Tela plana garante mais firmeza ao segurar o smartphone, e plástico traseiro é mais bonito pessoalmente (além de esconder marcas de dedo)

4,0

Dá para encontrar modelos melhores na mesma faixa de preço, mas tende a ficar ainda mais acessível com o passar do tempo

Pontos Positivos

  • Tela plana oferece mais firmeza e animações mais rápidas
  • Câmeras tiram fotos de boa qualidade com versatilidade
  • Processador e memória garantem desempenho satisfatório

Pontos Negativos

  • Bateria poderia ser maior (e carregar mais rapidamente)
  • Câmera de selfies exagera na suavização automática

Veredito

O Galaxy S20 FE é um smartphone competente que, mesmo sem grandes recursos mirabolantes, como uma tela dobrável, caneta para escrever na tela, 108 megapixels ou zoom de 100 vezes, faz o básico muito bem, sem deixar muito a desejar. Os pontos negativos podem ser facilmente superados com alguma paciência e o preço compensa.

Imagem: Lucas Carvalho/Tilt

Um dos pontos em que a Samsung economizou foi no design. Ao contrário do restante da linha S20, o S20 FE vem com uma traseira de plástico. Mas calma, essa não é uma daquelas tampas de plástico baratinhas que fazem o celular parecer de brinquedo.

O plástico fosco é mais bonito pessoalmente do que nas imagens de divulgação e, embora não seja tão "chique" quanto o vidro fosco de um iPhone 12 Pro ou espelhado como o de S20 Ultra, tem suas vantagens.

A primeira delas é que o plástico fosco esconde melhor as marcas de dedos e impressões digitais do que o vidro. Além disso, o plástico é mais resistente a quedas e riscos.

Ainda na parte traseira vemos o já tradicional conjunto de câmeras saltado que virou moda entre smartphones. Após vários dias de uso, o vidro dessa parte se manteve intacto na minha experiência, mas continua sendo o elemento mais delicado do design e um leve incômodo na hora de deixar o celular em cima da mesa: ele nunca fica totalmente reto.

A câmera frontal vem emoldurada por um círculo prateado que brilha dependendo do ângulo e da iluminação. Esse círculo chama a atenção e torna evidente o furo na tela, que deveria ser mais discreto. Pode não te incomodar, mas vale o destaque.

Vale destacar que o S20 FE vem com certificação IP68, o que significa que ele é resistente a água e poeira e pode sobreviver se ficar por até 30 minutos debaixo de 1,5 metro de água. Essa certificação é destinada a proteger o smartphone de acidentes, mas evite levar o aparelho de propósito para a piscina ou lavá-lo com água e sabão na pia.

Imagem: Lucas Carvalho/Tilt

Aqui também houve certa economia, mas sem prejuízo à qualidade. A tela de 6,5 polegadas (16,5 centímetros na diagonal, de um canto a outro) do S20 FE é Super Amoled, que garante mais contraste e brilho do que o LCD de celulares mais baratos. Mas é plana, diferentemente das outras versões do S20.

Este aparelho não tem aquelas curvas nas laterais da tela e, por isso, as bordas são um pouco mais grossas. Eu particularmente prefiro a tela plana porque ela reduz chances de toques acidentais nas beiradas e dão mais firmeza na hora de segurar o aparelho.

Outro ponto de economia na tela é a resolução, que não passa do Full HD+ (1080 x 2400 pixels) — ou seja, mostra até 2,592 milhões de pixels. É inferior ao WQHD+ (1440 x 3200) do S20+, que tem dimensões parecidas e traz 4,6 milhões de pixels.

No fim das contas, isso faz diferença? Para mim, não. A resolução Full HD+ do S20 FE está de bom tamanho e é a mesma que eu uso no S20+, que até pode ser configurado para exibir mais pixels. A limitação também ajuda a economizar bateria. E, aos olhos humanos, é quase impossível notar a diferença comparando com uma tela com resolução maior.

Mas a Samsung não economizou na taxa de atualização da tela do S20 FE, que roda a 120 hertz. Isto significa que ela mostra até 120 quadros por segundo, bem mais que os tradicionais 60 quadros que vemos na maioria dos celulares comuns.

O que isso significa na prática? Que algumas animações, como a de rolagem na tela enquanto você desce pelo feed de uma rede social, ou ao abrir algum app, rodam com muito mais suavidade e fluidez. O efeito é quase imperceptível, mas dá a sensação de um smartphone mais rápido, além de ser muito mais bem-vindo que alguns milhões de pixels a mais.

Imagem: Lucas Carvalho/Tilt

O que não dá para perdoar na tela do S20 FE é o leitor de impressões digitais. A tecnologia de desbloquear o celular com a digital diretamente na tela era legal e parecia futurista dois anos atrás, mas a lentidão e a falta de praticidade do recurso em 2020 é frustrante.

No S20 FE, o leitor fica baixo demais e eu sempre acabo colocando o dedo na região errada da tela na primeira tentativa. Mesmo que eu acerte a região, quase sempre o leitor exige duas ou três tentativas para reconhecer minha digital e desbloquear o aparelho.

Quando acerta, o desbloqueio é bem mais lento do que o reconhecimento facial do iPhone ou o leitor de digitais na lateral do Galaxy S10e, de 2019, por exemplo. Ambas as opções são mais intuitivas também. É difícil e chato desbloquear o S20 FE, o que não deveria ser um problema em pleno 2020.

O Galaxy S20 FE é um celular rápido. Não travou nenhuma vez durante a minha experiência, mas alguns engasgos foram visíveis em tarefas mais complicadas —como jogar Fortnite em qualidade gráfica média ou alta, por exemplo.

Para qualquer outra atividade, ele funciona bem, sem engasgos, trocando de aplicativos rapidamente, usando dois apps ao mesmo tempo na tela ou jogando games mais simples, como "Among Us" e "Subway Surfers", por exemplo.

O processador da versão brasileira é um Exynos 990, feito pela própria Samsung e, em tese, equivalente ao Snapdragon 865, da Qualcomm, usado na versão sul-coreana do celular que vem com suporte à internet 5G.

A versão brasileira não tem suporte ao 5G, mas as diferenças não param aí. Em aplicativos de teste de desempenho, o processador Exynos tem notas inconsistentes se comparadas às do Snapdragon.

No Geekbench 5, por exemplo, o S20 FE com Exynos fez 915 pontos em single-core (quando apenas um dos oito núcleos do processador é submetido a tarefas pesadas). Nesse mesmo quesito, o S20 FE com Snapdragon fez 894 pontos. Ou seja, a diferença é pequena, mas a vantagem é do chip da Samsung.

No quesito multi-core (ou seja, quando todos os oito núcleos do processador são estressados ao mesmo tempo), o S20 FE com Exynos fez 2.728 pontos, enquanto a versão com Snapdragon fez 3.109 pontos. Aqui, portanto, a diferença é um pouco mais nítida, e a vantagem é do chip da Qualcomm.

A verdade é que, na prática, no uso do celular ali no dia a dia, essa diferença é imperceptível pelo usuário. O S20 FE é rápido e não deve deixar você na mão por um bom tempo. Os 6 GB de RAM podem não ser tão impressionantes quanto os 12 GB do S20 Ultra, mas são mais do que suficientes.

Vale destacar que o S20 FE sai da caixa com Android 10, personalizado com a interface One UI 2.5 da Samsung. Ela enche o celular de recursos —e muitos deles são úteis. O que não dá para ignorar é a quantidade de apps pré-instalados e redundantes que vêm no celular.

Sério, para que dois navegadores, o Google Chrome e o Samsung Internet? Qual é o sentido de ter dois apps de fotos, o Google Fotos e o Galeria? Sem falar nas duas lojas de apps, a Play Store e a Galaxy Store, que só se justifica pelo "Fortnite", que não está na loja do Google.

Esses apps pré-instalados ocupam um espaço desnecessário do armazenamento. Muitos deles não podem sequer ser desinstalados, mas podem ser "desativados", ocupando menos espaço. Poderia ser melhor? Poderia. Mas se nem a pesquisa com fãs foi capaz de convencer a Samsung a economizar nos apps pré-instalados, nada mais será.

Imagem: Lucas Carvalho/Tilt

As câmeras são outro ponto em que o Galaxy S20 FE economiza, mas não perde a qualidade naquilo que é essencial: tirar boas fotos. Aqui não há aquele "zoom espacial" de 100 vezes do S20 Ultra ou mesmo os 108 megapixels do S20+, mas há qualidade.

São quatro câmeras principais:

  • Uma grande-angular de 12 MP;
  • Uma ultra-angular para capturar bem mais conteúdo de 12 MP;
  • Uma telefoto, para ajudar a desfocar o fundo da imagem no modo retrato, com 8 MP;
  • Câmera de selfies com 32 MP.

Mesmo sem recursos impressionantes, o conjunto é competente. A Samsung tem uma tendência de exagerar um pouco na suavização e apostar na saturação das imagens para garantir fotografias com cores mais vibrantes, o que pode agradar uns e incomodar outros.

No marketing do aparelho, a Samsung diz que o Galaxy S20 FE tem "Space Zoom" de 30x. O que a empresa não diz é que esse zoom de 30 vezes não é aquela maravilha. É uma aproximação artificial, que se resume a esticar a imagem até ocupar a tela inteira do aparelho. Ou seja, a qualidade cai bastante. É mais seguro se limitar aos 3x do zoom ótico, que garante alguma aproximação sem perda de qualidade.

O celular também vem com modo noturno —uma combinação de pixels "mais largos" com inteligência artificial que permite clarear fotos em baixa iluminação. O recurso funciona bem, mas, sinceramente, a câmera já é suficientemente boa em captar luz mesmo com essa função desativada. Sendo assim, não vejo diferença em deixá-lo ligado ou não na maioria dos casos.

Na câmera de selfies, a suavização é ainda mais agressiva na maioria das condições. No desespero para tentar esconder qualquer pequena imperfeição do seu rosto, a câmera acaba deixando você com um aspecto "emborrachado" em algumas regiões da pele, o que não é muito legal.

Vale lembrar que isso tudo é no modo automático. O app da câmera do Galaxy S20 FE permite personalizar os principais elementos da foto para quem entende de fotografia no modo "Pro". Também dá para desativar essa suavização agressiva nas configurações.

Galaxy S20 FE: veja fotos feitas com o celular

Assim como em outros quesitos, o Galaxy S20 FE é um smartphone regular quando o assunto é bateria. Não espere uma durabilidade surpreendente, mas pode confiar que ele dá conta do recado no dia a dia.

Testando o celular dentro de casa, trabalhando em home-office por conta da pandemia de covid-19, acabei não tendo a oportunidade de realmente forçar a bateria como se eu tivesse que cobrir eventos presencialmente, pegar transporte público para a redação e outras atividades do "antigo normal" que me faziam passar mais tempo usando o smartphone.

Em um dia com duas a três horas de redes sociais, uma horinha de YouTube, uma hora de Spotify com a tela desligada e mais duas horinhas jogando "Among Us" com os amigos, a bateria de 4.500 mAh, que começou o dia com 100% da carga, terminou abaixo dos 40%.

Ou seja, ainda pude deixar o aparelho fora da tomada durante a noite e tinha uma sobra de carga no dia seguinte para mais algumas horas. Em um dia de uso um pouco mais intenso, após seis horas de tela ligada a bateria já estava nas últimas e era hora de colocar para carregar.

O S20 FE vem com um carregador de 15 watts na caixa. Não é o mais lento do mundo, mas também não é o mais rápido, principalmente porque o cabo em uma das pontas é USB-A (aquela porta maior e que precisa ser colocada do lado certo, ou não entra), enquanto celulares mais modernos usam USB-C. No meu teste, a bateria foi de 5% a 100% em pouco mais de uma hora e meia na tomada.

Ele também tem suporte a carregamento sem fio pelo padrão Qi e carregamento reverso, que permite servir de carregador para outros aparelhos que carregam sem fio, como os fones de ouvido Galaxy Buds ou outro celular, por exemplo.

Lembra que a proposta do Galaxy S20 FE era a de ser uma versão "acessível" do modelo mais caro? Bom, eu não chamaria exatamente de "acessível" o preço sugerido de R$ 4.499 pela versão com 6 GB de RAM deste smartphone. Mas é bem menos que os R$ 8.000 ou R$ 10.000 de alguns dobráveis e iPhones por aí.

No varejo, é possível encontrá-lo custando até um pouco menos, cerca de R$ 3.500, mas este é também o preço pelo qual muitas lojas estão vendendo o Galaxy S20 "normal", lançado por um preço bem maior e com mais recursos. Nessa faixa de preço, você também pode dar uma olhada no Motorola Edge+.

No fim das contas, o S20 FE é um smartphone competente que, mesmo sem grandes recursos mirabolantes, como uma tela dobrável, caneta para escrever na tela, 108 MP ou zoom de 100 vezes, faz muito bem o básico.

As fotos são de qualidade e o desempenho é compatível com o de outros smartphones da mesma faixa de preço ou mais caros. Se você encontrá-lo por aí custando menos do que um S20 tradicional, o S20 "para fãs" vale, sim, o investimento de qualquer um, sendo ou não fã da marca.

Caso você deseja comprar este produto, é possível encontrá-lo aqui.

Zoom

Zoom de 0.5x
Zoom de 30x
Imagem: UOL | UOL

Modo retrato

Modo retrato desativado
Modo retrato ativado
Imagem: UOL | UOL

Modo noturno

Modo noturno desativado
Modo noturno ativado
Imagem: UOL | UOL
Especificações técnicas
  • Sistema Operacional

  • Android 10 (com One UI 2.5)

  • Dimensões

  • 159,8 x 74,5 x 8,4 mm

  • Resistência à água

  • IP68

  • Cor

  • Azul, vermelho, branco, lilás, verde, laranja

  • Preço

  • R$ 4.499

Tela
  • Tipo

  • Super Amoled

  • Tamanho

  • 6,5 polegadas

  • Resolução

  • 1080 x 2400

Câmera
  • Câmera Frontal

  • 32 MP

  • Câmera Traseira

  • Tripla (12 MP + 12 MP + 8 MP)

Dados técnicos
  • Processador

  • Exynos 990

  • Armazenamento

  • 128 GB ou 256 GB

  • Memória

  • 6 GB ou 8 GB de RAM

  • Bateria

  • 4.500 mAh

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