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Por que a espuma é branca, seja na cerveja, sabonete ou mar poluído?

Imagem: Hojojenks/Unsplash

Carlos Oliveira

Colaboração para Tilt*

12/02/2024 04h00Atualizada em 12/02/2024 15h53

O que cerveja, sabão, xampu e ondas do mar têm em comum? Todos eles possuem espuma. E, independentemente da cor da sua substância de origem, essa espuma é esbranquiçada.

Por que será?

Cada bolha funciona como um pequeno prisma, dividindo a luz branca que bate nela em reflexos de todas as cores do arco-íris. Como a mistura de todas as cores resulta no branco, é assim que vemos a espuma, em um processo chamado de espalhamento da luz branca.

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As bolhas da espuma medem apenas 1.500 nanômetros, menos que a espessura de um fio de cabelo. Essa configuração propicia alguns processos físicos ligados à luz.

Todas as cores são, na verdade, raios de luz formados por ondas. O olho humano não capta todos os comprimentos de onda. No arco-íris, por exemplo, "só" enxergamos do azul (onda de 400 nanômetros de comprimento) ao vermelho (700 nanômetros), embora também exista o ultravioleta abaixo dos 400 nanômetros e o infravermelho acima dos 700.

Nosso cérebro também interpreta a soma de todos os comprimentos de onda nesse intervalo, ou seja, de todas as cores, como branco. Por isso se costuma dizer que o branco é a soma de todas as cores. Inversamente, a subtração (ausência) de todas as cores é o preto.

Quando a luz atinge as bolhas da espuma, atravessa diferentes superfícies, sofrendo reflexões e refrações múltiplas.

A espuma é a dispersão de um gás num meio líquido ou sólido. Pense na ação do fermento em alimentos, como bolos e pães: há o desprendimento de gases dentro da massa, fazendo com que ela se expanda. Na verdade, essa é a ação da espuma com efeitos práticos em meios sólidos.

E por que, em raras vezes, a espuma tem outra cor?

A cor depende primeiramente da luz: se a espuma é iluminada pelo Sol, veremos a cor branca. Já em uma sala escura e sob uma lâmpada vermelha, ela vai parecer avermelhada.

Podemos ver mudança de cor ao manipular a substância também. Isso se nota quando batemos clara de ovo para fazer chantilly: a brancura aumenta conforme diminui o tamanho das bolhas.

O efeito inverso poder ser visto nas bolhas de sabão usadas em jogos infantis: repare que as menores parecem ter mais cores do que as maiores.

Um conjunto de bolhas grandes reflete e refrata a luz menos do que um conjunto de bolhas pequenas. Isso ocorre porque, se o diâmetro das bolhas aumenta, a curvatura das superfícies diminui, e tem-se cada vez menos reflexões múltiplas.

Para fotografar arco-íris nas bolhas de sabão, então, a dica é: procure as menores.

Por fim, é possível adicionar corantes para mudar o aspecto da espuma. Essa aplicação é usada principalmente em produtos comerciais, como brinquedos para bebês. Basicamente busca-se um efeito visual para fazer a espuma mais bonita ou para mascarar uma cor menos interessante do produto.

Espuma no detergente é 'inútil'

Outra curiosidade sobre as espumas: no geral, elas não têm propriedades especiais, nem indicam que limpam mais, no caso de detergentes.

Mas, como o consumidor se acostumou com elas, é comum os fabricantes de detergente, xampu e sabão acrescentarem componentes que geram espuma para agradá-lo.

Já na cerveja, ela não é eficaz para manter a temperatura gelada, como alguns acreditam. A entrada de calor pelo vidro do copo é muito maior.

Fontes: Frank Herbert Quina, professor de Química da USP (Universidade de São Paulo); e Márcio Basílio, coordenador do curso de bacharelado em Química Tecnológica do Cefet-MG (Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais)

*Com matéria publicada em 30/04/2022

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