Rocha de 4,5 bi de anos: Museu da UFRJ compra 3º maior meteorito do Brasil
Letícia Naísa
De Tilt, em São Paulo
12/08/2021 13h45
O Museu de Geodiversidades da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) recebeu nesta quinta-feira (12) o terceiro maior meteorito encontrado no Brasil. A rocha de 4,5 bilhões de anos — que também é a idade estimada da Terra — agora faz parte do acervo da instituição e ficará em exposição no museu.
O meteorito Campinorte foi descoberto em uma fazenda em 1992. A rocha leva o nome do município goiano, que fica a 300 km de Goiânia, onde foi encontrada. Com 1,5 tonelada e 75 cm de diâmetro, o meteorito é composto por metais ferro-níquel, similar à dos meteoritos Bandegó e Santa Luzia — que fazem parte da coleção do Museu Nacional, no Rio, e são os dois maiores existentes no país.
A publicação Meteroritical Bulletin, que faz parte de uma organização internacional de pesquisa dedicada à ciência planetária, classificou o Campinorte em 2011 como um corpo celeste "não grupado".
Isso significa que ele é diferente de qualquer outro que existe no mundo. Os estudos feitos sobre sua composição não conseguiram enquadrá-lo em nenhuma classificação de meteoritos já existente. Por isso, ele é muito valioso para os pesquisadores da área.
Os meteoritos são fragmentos de matéria sólida que vêm do espaço e caem sobre a Terra. Ao analisar suas composições, é possível ter noções sobre a idade do nosso planeta e como ele se formou.
"Um meteorito como esse, que é do tipo metálico, tem uma composição similar à do núcleo da Terra", explica Elizabeth Zucolotto, astrônoma do Museu Nacional, em nota no portal da UFRJ.
Cerca de 20 gramas do meteorito Campinorte já estava com a equipe da UFRJ antes da aquisição para estudos, e 80 gramas foram cedidas à Universidade de Alberta, no Canadá, também para análise e pesquisa.
Vaquinha
A aquisição aconteceu graças a um movimento colaborativo de arrecadação de recursos por meio de doações que começou em janeiro. O custo total da compra do meteorito foi de R$ 365 mil. A maior parte do dinheiro veio da Faperj (Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro), que doou R$ 350 mil.
O principal objetivo dos pesquisadores que iniciaram a campanha de doações foi garantir que o meteorito não fosse comprado por alguma instituição do exterior para que ele pudesse ser explorado por cientistas brasileiros.
A ideia inicial era que o Campinorte fosse comprado pelo Museu Nacional, mas por causa do incêndio de 2018, a instituição não teve recursos suficientes. No Brasil, não existe uma legislação para aquisição de meteoritos, o que facilita a compra por instituições estrangeiras.
"Nós entendemos que esse meteorito não deve sair do Brasil. Deve ficar aqui, acessível para quem quiser pesquisá-lo, e em um museu onde possa ser visitado", explica Kátia Mansur, diretora do Museu da Geodiversidade.