Como uma fonte do Word ajudou a derrubar o primeiro-ministro do Paquistão
Do UOL, em São Paulo
28/07/2017 13h37
Envolvido nos Panana Papers, Nawaz Sharif, primeiro-ministro do Paquistão, renunciou nesta sexta (28) após a Suprema Corte do país ordenar que ele deixasse o cargo por causa de um escândalo de corrupção que envolveu até mesmo uma investigação sobre o popular editor de textos Microsoft Word. Sim, você leu certo: o Word.
O programa da Microsoft não é bem o culpado pela queda do primeiro-ministro, mas teve uma participação importante durante uma investigação. Na investigação judicial sobre as finanças da família, houve a acusação de que a filha de Sharif forjou documentos para esconder propriedades no exterior. E como isso foi descoberto? Graças à fonte usada nos documentos.
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Isso porque os documentos apresentados datavam de 2006, mas continham a fonte Calibri. Essa fonte, segundo a equipe de investigação, só foi tornada pública em 2007. De fato, a Calibri passou a ser a fonte padrão do Power Point, Excel, Outlook e WordPad em 2007.
A situação pitoresca ainda traz algumas controvérsias que poderiam ser alegadas pela defesa do primeiro-ministro. De acordo com o site da Microsoft, a versão 1.0 da fonte Calibri poderia ser baixada separadamente em 2005. E ela ainda fez parte de um pré-lançamento do Windows em 2004.
Contudo, ela só se tornou popular mesmo em 30 de janeiro de 2007, junto ao lançamento do Microsoft Office 2007 e o Windows Vista. O jornal paquistanês Dawn chegou a procurar Lucas De Groot, criador da Calibri, que disse achar difícil alguém usar a fonte em um documento oficial da data de lançamento ao público.
O caso gerou até a expressão “fontgate” no país, em referência ao escândalo norte-americana Watergate, que derrubou o ex-presidente Richard Nixon nos Estados Unidos.
Corrupção envolvendo Panama Papers
É claro que a fonte não é a culpada principal pela queda do primeiro-ministro. Nawaz Sharif, que estava no seu terceiro mandato, é o segundo líder a cair devido aos Panama Papers – o anterior foi o ex-primeiro-ministro da Islândia Sigmundur Gunnlaugsson.
O caso contra Sharif e sua família começou em 2016, quando documentos vazados de um escritório de advocacia no Panamá indicaram que os filhos do ex-primeiro-ministro detinham várias empresas no paraíso fiscal.
Um filho dele, Hussain Nawaz, admitiu na época ser proprietário das empresas, mas insistiu que o dinheiro utilizado para operá-las era lícito. Investigadores concluíram, porém, que há grande disparidade entre o patrimônio declarado pela família Sharif e suas fontes de renda.
Os cinco juízes da corte suprema ordenaram que o processo fosse enviado ao organismo judicial responsável pela luta contra a corrupção e recomendaram a abertura de inquéritos para investigar várias pessoas, incluindo Sharif, seus dois filhos e a filha e o genro dele.
Com informações da DeutscheWelle