Snapchat promete conversa 'secreta', mas captura de tela dribla segurança
Guilherme Tagiaroli
Do UOL, em São Paulo
20/05/2014 06h00
Se o Facebook já está cheio de pessoas conhecidas, o Snapchat surge como uma fuga para a comunicação entre os jovens. Com a promessa (nem sempre cumprida) de garantir privacidade, o aplicativo virou febre nos Estados Unidos, atraindo até a atenção de Mark Zuckerberg, diretor-executivo do Facebook - segundo o “The Wall Street Journal”, ele já quis comprar o programa por US$ 3 bilhões.
Lançado em 2011, o aplicativo é uma plataforma de compartilhamento de imagens - e agora também de mensagens - que se autodestroem após até dez segundos. Ele começou a atrair a atenção da mídia em 2013, quando descobriram que o Snapchat era bastante usado para sexting (envio de conteúdos sensuais) e que os jovens o utilizavam para ter conversas privadas.
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A tese mais disseminada sobre a popularidade do aplicativo entre os jovens é que eles perceberam que seus pais podiam monitorá-los em redes mais conhecidas - caso do Facebook. Para evitar isso, passaram a optar por uma ferramenta que permitisse mais privacidade e apagasse seus vestígios.
Problema de privacidade
Apesar do chamariz da privacidade, há formas de copiar esse conteúdo que se autodestrói. Uma das técnicas mais utilizadas é fazendo uma captura de tela (print screen). Por padrão, o aplicativo avisa se alguém teve algum conteúdo copiado dessa forma. No entanto, é possível burlar esse mecanismo sem ser “pego” pelo Snapchat - há na internet diversos tutoriais que ensinam a fazer isso, usando os botões do próprio smartphone.
“Apesar de o conteúdo ser apagado de nossos servidores após expirarem, não conseguimos evitar que o destinatário faça uma captura da tela ou use uma câmera para fotografar seu conteúdo”, ressalta a descrição do aplicativo.
Chat que se autodestrói
Para atingir os serviços de mensagem instantânea (como WhatsApp), o Snapchat criou recentemente um chat cujas conversas também se autodestroem. O usuário pode começar um bate-papo simplesmente ao arrastar o dedo para o lado direito, sobre o nome da pessoa.
O conteúdo trocado entre esses dois contatos só vai ser destruído depois que ambos deixarem a conversa. Como no envio de imagens, também é possível fazer uma captura de tela na função de bate-papo. Na mesma área, ainda é possível fazer chamada de vídeo. Para isso, as duas pessoas devem estar online e segurar um ícone de cor azul.
Vale a pena?
O Snapchat é divertido, pois permite o envio rápido de mensagens e é possível brincar com a foto de alguém na função de desenho à mão livre. O público do aplicativo pode ser um “limitador", pois o predomínio é de adolescentes - geralmente, no caso desses comunicadores instantâneos, o usuário vai onde seus amigos estão . Durante o teste, por exemplo, a reportagem só achou dois conhecidos na plataforma.
Além disso, há a questão da privacidade, que pode ser quebrada com capturas de tela. Em função das falhas de privacidade do aplicativo, a solução é só trocar snaps com pessoas de confiança. Ou, melhor ainda, não enviar nenhum conteúdo comprometedor.